Raiz de nossa identidade

A exposição ‘Corre Curumim!’, de Wagner Araújo, vem para sensibilizar e alertar sobre a cultura indígena que faz parte do DNA brasileiro

Postado em: 21-04-2023 às 10h45
Por: Lanna Oliveira
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A exposição ‘Corre Curumim!’, de Wagner Araújo, vem para sensibilizar e alertar sobre a cultura indígena que faz parte do DNA brasileiro. | Foto: Divulgação

O Parque Bosque dos Buritis uniu a natureza que seu ambiente proporciona com a arte. A exposição fotográfica ‘Corre Curumim!’ de Wagner Araújo faz referência ao cotidiano dos índios das etnias Kayapó, Krahô e Xavante. Durante todo mês de abril e maio, os goianos podem experimentar a estética da fotografia juntamente com as belezas naturais do local. Integração que casou perfeitamente com o trabalho dessa referência que é o artista e promete emocionar os olhos atentos do público.

De acordo com o professor Guilherme Ghisoni, que fez a leitura e apresentação da exposição, Wagner Araújo é uma das referências da fotografia no Centro-Oeste, com uma produção que se estende por quase 40 anos e desde 2013, um dos seus temas recorrentes são os índios. “Em seu trabalho mais recente, o artista se afasta da estética documental, que foi sempre sua marca característica, e avança em direção a uma reflexão visual que introduz elementos expressivos, de modo intencional, através do uso de cores”. 

O professor ainda lembra que, por meio dessa via estética, o artista nos convida a uma reflexão e a sentir além da imagem. “O mundo não é composto apenas pelos fatos que a câmera registra, mas pelos sentimentos e emoções que temos, ao partilhar um espaço e um tempo que nos é comum. É essa dimensão expressiva, dos sentimentos decorrentes da partilha de um mundo comum, que as cores de Wagner tornam visíveis”, destacou. A beleza das telas reforça esse compromisso do artista com as emoções de quem vê.

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Com isso, ainda segundo Guilherme, o artista nos convida a uma profunda conexão com os índios das etnias Kayapó, Krahô e Xavante, por ele retratados. “Sua câmera nos permite ver a beleza dos índios brasileiros, na sua dimensão idílica – que nos remete à veia documental de sua obra. Mas o artista, ao nos dar as cores que sua alma encontra, na convivência com essas pessoas, nos permite também a apreensão da candura e da alegria de pessoas que vivem em harmonia com o meio ambiente”, falou ele.

Já o produtor cultural e presidente da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, Juliano Basso, afirma que no Brasil existem mais de 305 povos indígenas. Falamos mais de 274 línguas diferentes. “É cada vez mais urgente olharmos, vivenciarmos e compreendermos a diversidade de nossos povos. Temos que celebrá-los, suas culturas, sabedorias e belezas, nos comprometendo a somar em suas lutas, cada dia mais necessárias, fortalecendo suas demandas políticas e sociais, que são planetárias”, destacou ele.

Por sua vez, o fotógrafo Wagner Araújo explica que as imagens fazem parte de uma pesquisa realizada em cinco anos durante a convivência com etnias indígenas brasileiras, que acontecem anualmente na Aldeia Multiétnica, na Chapada dos Veadeiros. “Nas fotos com vários recortes, etnias indígenas distintas dialogam entre si, dentro da rica diversidade cultural nativa brasileira, entre as riquezas naturais, culturais e humanas, tendo sempre em comum a contemplação, a admiração, o reconhecimento e valorização de nosso patrimônio material e imaterial”.

A preocupação, de acordo com ele, é com a salvaguarda das culturas dos povos originários do Brasil e suas culturas constantemente ameaçadas. “O campo de investigação é a natureza humana e, aqui, os parentes indígenas são o fio condutor. Responsáveis pela formação de nossa raça brasileira, estão presentes em nosso DNA e literalmente na raiz de nossa identidade enquanto nação latino-americana. Devem ter todo o respeito, admiração e cuidado na preservação de sua memória ancestral, integridade física e cultural. Assim, os curumins, em toda a sua graça e pureza, são o símbolo desta fragilidade ameaçada”, afirma o fotógrafo.

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