Começa nesta sexta-feira o festival Chica Doida de Quirinópolis

SABRINA MOURA*

Ela foi inventada a partir de um improviso há mais de 60 anos em Quirinóplis, munícipio do sul goiano, pela dona Petronilha Ferreira Cabral. A receita fez tanto sucesso que é reconhecida não só em Goiás, mas também Brasil afora. Com o passar dos anos a tradicional Chica Doida vai ganhando novos recheios e versões, mas sem perder sua essência. A guloseima é a estrela principal do Festival Chica Doida, que é realizado na sua cidade de origem, tendo início nesta sexta-feira (25) até o dia 27 (domingo), no Parque de Exposições de Quirinópolis. “O festival começou porque além da Chica Doida ser de Quirinópolis, ela é muito apreciada na cidade, nas festas juninas e nas festas das escolas. O primeiro festival foi realizado no ano de 2008, e se repete a cada dois anos”, conta Gilmar Alves, atual prefeito de Quirinópolis.

Durante a programação, serão realizadas oficinas temáticas com receitas inéditas da Chica Doida. A iguaria tradicional a base de milho verde – que tem linguiça, jiló, queijo e pimenta –, vai receber ingredientes como tilápia, com a chef de cozinha Maria Rodrigues, e até flores, com a chef Amélia Lino. Outra oficina, também ministrada por Maria Rodrigues, é a Chica Doida das Crianças. Nela, o público infantil vai aprender a preparar o prato que atravessa gerações, além de conhecer sobre a sua história. O chef de cozinha Eduadro di Castro ministra a oficina de Comidinhas Volantes, ensinando a técnica de três receitas das porções que fazem sucesso nos eventos.  “As oficinas despertam, em quem mexe com gastronomia, a vontade de adicionar outros produtos na Chica Doida. Por mais que você adquira ela em 10 lugares, nesses 10 locais você vai comer uma Chica Doida diferente – cada um tem uma criatividade na elaboração do prato”, comenta o prefeito.

Outra atração do festival é o concurso da Chica mais Doida. 12 escolas municipais e também a Universidade Estadual de Goiás (UEG) participam dessa atividade – que porpicia a criação da Chica Doida em versões inovadoras. As receitas mais criativas são avaliadas por uma comissão de jurados, e as melhores são premiadas nos quesitos sabor e apresentação. O concurso acontece em duas etapas: a primeira, na sexta (25), e a segunda, no sábado (26), com apresentação dos pratos aos jurados. “O concurso acontece este ano, entre 13 escolas, com o intuito de incentivar a competição e a criatividade entre os alunos e professores. Os pratos mais diferentes, tanto no visual, quanto no sabor, são os premiados”, explica Gilmar Alves.

O cardápio do festival é sob o comando dos chefs Mariana Rodrigues e Eduardo Castro. Os visitantes e moradores que passarem pelo evento, segundo os chefs, vão degustar uma variedade de sabores. O valor de acesso ao buffet – que possui pratos quentes, saladas, molhos bem elaborados e claro, a Chica Doida – é de R$ 20 . Parte da renda arrecadada será revertida para a Associação dos Portadores de Câncer de Quirinópolis, sendo aplicada para melhorias da casa de apoio em Barretos, onde os pacientes buscam tratamento.

Além da gastronomia, o festival ainda tem shows com ‘Babado Novo’, na sexta (25); a Banda Ira, no sábado (26), e o Bonde do Forró domingo (27) – todos de entrada gratuita. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

Serviço: 

‘4º Festival Gastronômico Chica Doida de Quirinópolis’

Quando: 25, 26 e 27 de maio (sexta, sábado e domingo)

Onde: Parque de Exposições João Oliveira Gouveia

Informações: (64) 3615 9100

Oficinas:

‘Chica Flor’ no Coziha Show com Amélia Lino

Quando: sábado (26), às 9h.

‘Chica Doida com Tilápia’ com Maria Rodrigues

Quando: sábado (26), ás 9h.

‘Chica Doida das Crianças’ com Maria Rodrigues

Quando: sábado (26), às 13h.

‘Oficina de Comidinhas Volanyes’ com Eduardo Di Castro

Quando: sábado (26), ás 15h. 

Receita original da Chica Doida 

Ingredientes

1 copo americano de óleo ou banha de porco

20 espigas de milho verde raladas

5 dentes de alho amassados no pilão com 1 colher (chá) de sal

1 cebola média picada

1 colher (sopa) de açúcar 

Sal a gosto

1 colher (café) de pimenta malagueta curtida no óleo e amassada

2 copos (americano) de água

200 g de jiló aferventado

500 g de linguiça caipira de porco

500 g de queijo de minas em cubos

300 g de muçarela

Modo de Preparo

1. Em uma panela esquente o óleo (ou a banha de porco) até ficar bem quente.

2. Coloque a massa de milho em um refratário, coloque os dentes de alho amassados com sal e a cebola picada em cima da massa de milho e pegue o óleo quente e despeje sobre o alho e a cebola.

3. Depois disso mexa bem, coloque o açúcar, o sal e a pimenta, mexe a massa de novo, adicione a água e leve para assar em forno pré-aquecido a 180º C por 40 minutos. Depois de 25 minutos, adicione mais 1 copo de água, mexa e deixe cozinhando por mais 35 minutos.

4. Após sentir que a massa está assada, vá arrumando na massa o jiló, a linguiça, e o queijo em cubos, e finaliza com a muçarela por cima e leve ao forno para gratinar.

Depois é só servir. 

Entrevista: AMÉLIA LINO – Flower Cake no Cozinha Show 

Amélia Lino, natural de Quirinópolis, é uma advogada que largou a profissão para fazer bolos. Ela ensina a técnica do Flower Cake – a arte de florir os bolos – que aprendeu assistindo vídeos na internet. No festival, a artista de bolos florais comanda a Cozinha Show, em que ensina a técnica com uma receita de Chica Flor.

Gostaria que você comentasse sobre a profissão de Cake Desing?

Esse termo Cake Desig não é tanto mais usado, hoje se utiliza o termo artista de bolos e, no meu caso, artista de bolos florais. Tive contato com a profissão porque comecei de modo autoditada e fazia por ‘hobby’ os bolos. Em uma determinada oportunidade, por conta dos filhos e da profissão do meu esposo, não consegui mais trabalhar fora – tendo que ficar em casa durante um tempo maior. Foi nessa oportunidade que comecei a produzir os bolos para vender e iniciei o contato com a profissão”.

Do que se trata a ‘Chica Flor’?

A Chica doida é um prato tradicional típico de Quirinópolis, desenvolvido por uma culinarista de muito renome da cidade, e até nacional, porque o prato esteve em evidência depois da exposição em algumas mídias televisivas. Eu fui convidada pelos organizadores do festival gastronômico para reproduzir esse prato em uma versão diferente. Como eu sou conhecida no Brasil na confeitaria pelas flores, resolvi desenvolver uma chica doida doce, com essas flores que desenvolvo em termos de confeitar”.

Qual a importância em inovar pratos que são típicos, como a Chica Doida?

A culinária é um constante vir a ser. Ela não é inacabada, é como uma poesia – um poema onde o poeta sempre olha e acha que poderia ter escrito mais alguma coisa. A culinária está sempre em constante transformação, e inovar é preciso para encantar os clientes, e quem vai degustar os pratos. Inovar é algo da essência da própria culinária, está sempre mudando para encantar. Com ingredientes e toques diferentes, ela pode agradar mais paladares. É sempre bom oferecer novas visões de um mesmo prato.

Qual a expectativa em apresentar o ‘Cozinha Show’ em Quirinópolis?

Estou muito feliz porque meu trabalho tem uma representatividade na confeitaria nacional, e acho que minha cidade está valorizando as pessoas da própria terra, além de estar reunindo um prato de importância para o local, com o prato de uma confeiteira quirinapolina que ganhou destaque não só no Brasil, mas no mundo. Estou muito feliz em reproduzir o prato da dona Petronilha – que é maravilhoso e ficou para a história da nossa cidade, de uma maneira diferente. A dica que eu posso dar sobre o prato, a Chica Flor, é que vai ser doce! O público vai amar!