Quando a ‘serva’ se transforma em patroa

GABRIELLA STARNECK*

O espetáculo A Serva Patroa, do Grupo de Ópera da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), será apresentado, nesta terça-feira (5), às 20h30, no Teatro Sesi. Dirigida pelos professores Marília Álvares e Adriano Pinheiro, a ópera, que mistura encenação com música, objetiva divertir o público ao trazer, de forma cômica, a relação de ‘comando’ entre o homem e a mulher.

“O espetáculo mostra um tema corriqueiro, vamos dizer assim, em que a mulher vai estar no comando, enquanto o homem pensa que está no controle, mas, na verdade, ele está sendo conduzido pela mulher – tanto que acontece tudo do jeito que ela quer. A mulher de serva se transforma, ao final da ópera, em patroa. E é muito divertido ver a trama acontecendo”, afirma Adriano ao Essência. 

‘A Serva Patroa’

A ópera é uma adaptação do ‘intermezzo’ La Serva Padrona, de G.B. Pergolesi, que estreou no Teatro de San Bartolomeo, em Nápoles, em 1933. Segundo Adriano Pinheiro, a ideia de traduzir a ópera para o português brasileiro nasceu da necessidade de trazer ao máximo uma proximidade do espetáculo com a plateia para que o público não precisasse ler uma legenda, por exemplo. A tradução do italiano para o português foi de Wesley Lacerda, a adptação e direção musical foi da professora Marília Alves, e a transcrição, as edição da partitura e a direção cênica foram de Adriano Pinheiro.

O intermezzo é uma forma dramática apresentada nos entreatos de uma ópera séria, que na época havia eliminado de seus enredos todo elemento cômico. O intermezzo opunha-se, portanto, à rigidez formal da ópera séria, desempenhando função de entretenimento para a plateia. “Antigamente, a ópera séria era muito extensa, então, entre um ato e outro, eles colocavam um intermezzo – ópera curta, de duração de cerca uma hora, com uma temática leve e divertida. A intenção era fazer uma contraposição a temática séria, ao drama pesado. Podemos pensar que o intermezzo é como um interlúdio entre duas grandes sessões, entre dois a três atos de uma ópera, esclarece o diretor cênico de A Serva Patroa.

Sinopse

Em uma hora de espetáculo, o público poderá se divertir com a esperteza de Serpina, a empregada, e seu cúmplice, Vespone, de colocarem em prática o plano de a mulher se casar com o patrão Uberto, tornando-se a patroa da casa. A ópera, no Teatro Sesi, mantém a formação original da obra de Pergolesi com três personagens. O espetáculo une duas artes, como afirma Rodrigo: A Serva Patroa é encenado com música o tempo todo – um teatro cantado com a técnica lírica”.

Adriano Pinheiro afirma que a proposta principal de a A Serva Patroa é divertir o público e trazer alegria: “A intenção é tirar as pessoas por alguns instantes do cotidiano, que geralmente é tão pesado, com uma história divertida e uma atuação leve e moderna – por isso estamos usando um tempo bem atual. Queremos que o público se divirta muito assistindo ao espetáculo”. O diretor ainda conta que A Serva Patroa também desperta uma reflexão no espectador no que se refere às dificuldades encontradas no relacionamento entre duas pessoas, mas ressalta que a o amor acaba triunfando acima de tudo: “Ao final da trama, o amor transforma as pessoas, tudo”, afirma Rodrigo. 

Importância 

O Grupo de Ópera da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG, formado por alunos da disciplina Estúdio Ópera– e parte do Projeto de Extensão Ópera na Emac– mais uma vez oferece ao público goianiense a oportunidade de conhecer esta pequena obra, já consagrada no Brasil pelo filme-ópera homônimo de Carla Camurati, de 1998. O benefício na exibição de A Serva Patroa é mútuo, uma vez que o público pode acompanhar um espetáculo de qualidade, ao mesmo tempo em que os alunos da Escola de Música e Artes Cênicas colocam em prática a teoria estudada na instituição. 

“A proposta é fazer com que os alunos da universidade tenham desenvolvimento técnico e artístico maior com a prática aplicada. Todos os ensinamentos e matérias desenvolvidas no curso são colocados em prática quando você vai para realização de uma ópera. Você precisa saber atuar, ter boa dicção, tem que estar com a técnica vocal bem apurada, então tem de trabalhar vários aspectos para a realização de um espetáculo desses com alta qualidade”, afirma Adriano, que fala sobre as  dificuldades enfrentadas para a realização do espetáculo. “São inúmeras: falta de dinheiro para a produção até falta de espaço para guardar cenário e figurino. São coisas que estamos superando agora. Estou trazendo a Goiânia o primeiro festival internacional de ópera da Capital. Inclusive a Serva Pratroa será uma das óperas a ser realizada no festival. A proposta é fortalecer e melhorar a capacidade de canto dos nossos alunos também”, finaliza Adriano Pinheiro.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Ópera ‘La Serva Patrona’

Quando: terça-feira (5) às 20h30

Onde: Teatro Sesi (Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva – Goiânia)

Ingressos: doação de 2kg de alimentos ou um livro literário