‘Calçamento a paralelepípedo: um museu a céu aberto’

Luzanir Peixoto lança livro que resgata a história das ruas de pedra para evitar sua perda ou descaracterização

Postado em: 21-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Luzanir Peixoto lança livro que resgata a história das ruas de pedra para evitar sua perda ou descaracterização

GABRIELLA STARNECK*

O livro Conservação e Preservação do Calçamento a Paralelepípedo na Cidade de Piracanjuba-GO, da psicóloga e professora Luzanir Luíza de Moura Peixoto, será lançado, nesta quinta-feira (21), no Auditório da Câmara Municipal de Piracanjuba, situado na Praça Wilson Eloy. A solenidade é aberta ao público e contará com a presença de autoridades locais. A obra que será lançada objetiva contribuir para a preservação da arquitetura urbana em estilo colonial.

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“Conservação e Preservação do Calçamento a Paralelepípedo na Cidade de Piracanjuba-GO é mais um projeto do que um livro. A intenção da escrita da obra é fazer com que tenha uma lei municipal para cuidar e preservar desse calçamento de pedra. Quando o livro estava pronto, eu fui à Câmara pedir que fosse elaborado um projeto de lei para preservação das ruas de paralelepípedo, e  o vereador Leandro Romano fez o projeto – que, inclusive, foi aprovado de forma unânime. Agora só falta a sanção do prefeito”, disse a autora ao Essência. 

O livro

Luzanir Peixoto contou que a ideia de escrever o livro surgiu há dez anos, embora sua paixão pelo calçamento de paralelepípedo tenha nascido cerca de 30 anos atrás – quando ela se mudou para Piracanjuba: “Um grupo de professores se reuniu com o mesmo intuito de preservar as ruas de pedra. Não existia nenhuma linha escrita sobre a história do calçamento de paralelepípedo, então eu comecei a colher histórias de indivíduos que conheciam pessoas que fizeram essas ruas da cidade. Também tem um professor que gosta de contar causos relacionados às ruas de pedra, e assim comecei a fazer o projeto”.

A obra trata de uma pesquisa, com entrevistas, sobre a história do calçamento de Piracanjuba, e tem como finalidade assegurar o acesso à memória coletiva do município. “Com o trabalho, buscamos sensibilizar o poder público, bem como a sociedade, sobre a importância do calçamento de pedra para evitar sua perda ou descaracterização da pavimentação que possui características históricas, culturais e bucólicas”, explicou a autora. Para tanto, além de entrevistas com cidadãos sobre a temática, o livro traz fotos históricas das ruas de Piracanjuba. 

Origem das ruas de pedras

O calçamento de pedra a paralelepípedo, que representa materiais e técnicas construtivas da arquitetura colonial empregada no Estado, teve sua construção iniciada no ano de 1950, na cidade de Piracanjuba, na gestão do prefeito Dr. Ruy Brasil Cavalcante. No calçamento de Piracanjuba, a técnica utilizada para a construção, denominada de junta seca, não empregava argamassa no rejunto, as pedras foram encaixadas umas às outras.

Um fato curioso que Luzanir traz em sua obra é justamente a técnica utilizada para fazer as calçadas de paralelepípedo: “Eu fiz uma viagem para a Europa, e dediquei um tempo para visitar os calçamentos de paralelepípedos que existem lá. A técnica que foi usada tanto em Coimbra, quanto na Espanha e em Paris é a mesma utilizada para fazer as ruas de pedra em Piracanjuba”. Luzanir ainda ressalta que o calçamento a paralelepípedo é um patrimônio cultural que deve ser preservado, até porque Piracanjuba é uma das únicas cidades da redondeza que possuem essas ruas de pedra. “Eu considero o calçamento a paralelepípedo de Piracanjuba um museu a céu aberto”, afirma a autora.

Dificuldades 

Luzanir destaca que Conservação e Preservação do Calçamento a Paralelepípedo na Cidade de Piracanjuba-GO é mais um projeto do que um livro, já que possui poucas páginas: “É um livretinho”, afirma. A autora conta que, inclusive, uma das dificuldades no processo de escrita da obra foi desenvolver o texto, já que o grupo de professores encontrou poucos registros sobre o calçamento – tanto em formato de documento, quanto em fotografias. “Quando você faz um livro de poesia, é possível brincar com as palavras, o autor tem mais autonomia. Mas como queríamos falar exatamente da história do paralelepípedo, foi difícil. Grande parte das pessoas que fizeram as ruas de pedra já tinha falecido, e muitos familiares não tinham registros que remetessem a esse trabalho”, afirma Luzanir. 

A autora

Luzanir Luíza de Moura Peixoto possui Mestrado em Educação (2011), graduação em Arte Educação (2007), licenciatura / bacharelado em Psicologia (1986). Atualmente, ela é psicóloga na Clínica Amparo, em Senador Canedo (GO); ministra cursos e palestras com base na Teoria-Histórico-Cultural com experiência na área de arte-educação e psicologia e ainda desenvolve projetos, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de arte – patrimônio cultural e formação humana. 

Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

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