Ana Flávia Frazão e Licio Bruno se apresentam nesta quarta
O inédito recital de piano e voz é realizado por meio do projeto ‘Concertos Didáticos para Juventude’
Por: Sheyla Sousa
![Imagem Ilustrando a Notícia: Ana Flávia Frazão e Licio Bruno se apresentam nesta quarta](https://ohoje.com/public/imagens/fotos/amp/1c3875caa2cf64020a835cae800df9ef.jpg)
SABRINA MOURA*
O projeto Concertos Didáticos da Juventude apresentam, nesta quarta-feira (27), o recital entre a pianista Ana Flávia Frazão e o baixo-barítono Licio Bruno no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (UFG). Na programação, estão obras de Schubert, Ravel, Villani e Villa-Lobos. “O repertório de músicas de câmara para voz e piano é vasto e extremamente rico. Teremos um repertório bem variado e contrastante”, comenta Ana Flávia Frazão. “Começaremos com canções de Schubert em alemão, passando depois para um ciclo de Ravel em francês, e na segunda parte é a vez dos dois compositores brasileiros, Vilani Cortes e Villa-lobos”, completa ela.
Ana Flávia é também diretora artística do Concertos Didáticos para Juventude juntamente com a professora da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (Emac/UFG) Gyovana Carneiro. “Nesse projeto, em especial, conseguimos levar jovens de escolas públicas para as salas de concertos, oferecendo a eles a oportunidade de ouvir e conhecer esse tipo de música”, conta Ana Flávia.
O Concertos Didáticos da Juventude ocorre desde 2006, proporciona a estudantes do ensino fundamental, médio e superior a oportunidade de conhecer e se envolver com eventos de música clássica. Os alunos participam de visitas guiadas ao teatro e também recebem aulas de formação de plateia – como se portar em concertos. Após assistirem à apresentação, os estudantes podem tirar demais dúvidas que possam surgir.
Os artistas
Natural de Goiânia, Ana Flávia Frazão se formou na Universidade Federal de Goiás (UFG), onde atualmente também é professora. Cursou mestrado e doutorado com a obtenção de nota máxima na Escola Superior de Música de Karlsruhe, na Alemanha.
Em razão do seu toque refinado e expressivo, a pianista foi vencedora do Concurso Nacional JK no ano 1992. Entre suas conquistas, também estão o primeiro lugar obtido em 2001, com o Trio Augarten, na série de concertos da Sala Barroca, em Kyoto, no Japão.
Licio Bruno é um baixo-barítono – uma alta voz grave ou uma voz baixa que se encontra entre as extensões vocais de baixo e tenor – sendo capaz de cantar confortavelmente em uma tessitura baritonal, e no entanto, precisa ter o menor intervalo ressonante, tipicamente associado com a voz que tem o menor alcance vocal de todos os tipos de voz.
Segundo Ana Flávia, foi há exatamente um ano que os dois estiveram juntos em um Festival de Música em Campina Grande (PB), em que teve a oportunidade de ouvi-lo ao vivo em um concerto: “Já o conhecia de nome e pelos seus trabalhos realizados. Muito me impressionou, tanto pela qualidade de sua bela e potente voz, como pela sua qualidade artística e carisma. Deste festival veio a ideia de uma parceria futura”.
O projeto tem apoio da Lei Goyazes. Antes das apresentações, o público participa de palestra sobre as obras, os instrumentos, os compositores e os músicos de cada concerto.
*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação
da editora Flávia Popov
SERVIÇO
‘Concertos Didáticos para Juventude’ com Ana Flávia Frazão e Licio Bruno
Quando: quarta-feira (27)
Onde: Centro Cultural UFG (Av. Universitária, nº 1.533 – Setor Leste Universitário)
Horário: 20h30
Entrada gratuita
Entrevista: Licio Bruno
Como começou a sua trajetória na música?
Eu comecei desde sempre gostando muito de cantar música popular em casa. Meu pai era um homem de rádio. Na época, dirigia a Rádio Guanabara, no Rio de Janeiro. E eu sempre me vi envolto por música de tudo que era tipo. Ele trazia às vezes coleções de long plays (LPs) – discos de vinil – para casa, americanos, de sucessos de Hollywood e de música europeia. Meu tio também era barítono do coro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e possuía uma voz muito parecida com a minha. Eu gostava de cantar, mas nunca imaginei que iria parar na ópera, na música erudita, até que eu fui fazer o curso de Engenharia, na PUC-Rio, e estava um pouco desestimulado com o curso; via que minha vocação não era aquela. Foi quando eu descobri o coral da universidade, que abriu as portas para o canto lírico. Hoje, 30 anos depois da minha primeira aparição em ópera no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, eu estou em Goiânia cantando, com mais de 80 papéis em ópera, diversos concertos sinfônicos, concertos de música de câmara em duos como este que estou inaugurando com a Ana Flávia. Estamos começando uma linda parceria.
Como surgiu a colaboração artística entre você e a Ana Flávia?
A colaboração artística com a Ana surgiu de uma conversa nossa no Festival internacional de Música de Campina Grande, na Paraíba. Ela estava dando aulas de piano e de música de câmara, e eu dando aulas de canto, fazendo master class com os alunos de lá. Nos conhecemos, ambos se assistiram em apresentações. Tivemos uma empatia muito grande, e surgiu a ideia de fazer algo juntos. Assim surgiu esse concerto que tenho certeza que será o primeiro de muitos – assim espero – desse duo que estamos inaugurando com este concerto.
Como foi a seleção do repertório para esta apresentação?
O repertório foi uma decisão conjunta. A Ana me falou que essa série de Concertos Didáticos, apresentava justamente a oportunidade para jovens universitários, de conhecer novos repertórios. Nós decidimos fazer um panorama europeu, partindo da música alemã; a segunda parte é a peça de M.Ravel, que eu canto há muito tempo. São três poemas que falam sobre o amor de Dom Quixote por Dulcinéia. A Ana Flávia tem na bagagem um portfólio de músicas e obras de Ravel que faz com que essa parceria para essas três canções seja muito especial. Na segunda parte, como não poderia deixar de ser, trazemos a música brasileira representada por dois Villas, um deles mais antigo e mais célebre, que é o Villa-Lobos, do qual temos cinco serestas, e o Villani – Cortes que é um compositor vivo, já com 80 anos de idade, que ainda compõe; eu me tornei o primeiro intérprete de um CD a uma coletânea de canções totalmente dele. Nós vamos fazer duas canções do Villani. E, se o público gostar, temos também um brinde surpresa.
Como é para você completar 30 anos de atividades nos palcos do Brasil e do mundo?
Eu acho que todas essas celebrações de jubileu são marcos na carreira e na vida de qualquer artista. Eu sinto esses 30 anos como uma oportunidade de renovação, de buscar novas vertentes dentro do universo da ópera, do universo de câmara e no universo da música sinfônica. Eu tenho tido a oportunidade de abordar novas obras, como foi o caso da Oitava de Mahler que fiz neste ano, abrindo a temporada do Teatro Municipal de São Paulo. Da mesma forma, tive a oportunidade de fazer um concerto totalmente dedicado às óperas de Carlos Gomes, ao lado de dois grandes nomes do canto lírico, que são Eliane Coelho e Fernando Portari, abordando também áreas e óperas em que eu não havia abordado de Carlos Gomes. Agora, aqui em Goiânia, a oportunidade de dar início ao que a gente – eu e a Ana Flávia – espera, uma colaboração duradoura com esse duo. As novidades vão surgindo, e neste ano coroam os 30 anos de atividade. São novos ares e novas experiências que a gente espera que continuem coroando mais anos por um bom tempo.
PROGRAMA
F.Schubert (1797-1828)
Cinco canções do ciclo Die Winterreise
Der Lindenbaum
Rückblick
Frühlingstraum
Die Post
Das Wirtshaus
M.Ravel (1875-1937)
Don Quichotte a Dulcinée
Chanson Romanesque
Chanson Épique
Chanson à Boire
E. Villani – Cortes (1930)
Duas canções com poesia de Mario de Andrade
Rua Aurora
Quando eu morrer
H.Villa-Lobos (1887-2959)
Cinco Serestas:
Serenata
O Anjo da Guarda
Cantiga do Viúvo
Modinha
Canção do Carreiro