Boa noite de sono contribui para a prevenção de doenças cardíacas
Exames como a polissonografia podem detectar se pessoas dormem mal, afirma cardiologista
Por: Sheyla Sousa
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GABRIELLA STARNECK*
De acordo com a Associação Brasileira do Sono, 36,5% dos brasileiros sofrem com insônia, o que é preocupante. Isso porque noites mal dormidas podem acarretar em uma série de problemas no organismo do ser humano. Segundo o cardiologista Eduardo Formiga, quando uma pessoa não teve uma noite de sono em que atingiu o repouso necessário, além dela ter problemas como indisposição, irritabilidade e maior tendência ao estresse e ao cansaço, o coração do indivíduo também sofre algumas consequências.
Consequências
“Em relação ao coração em si, o órgão também sofre, como todos os outros, com uma noite mal dormida, porque durante o sono a frequência cardíaca diminui, o coração fica mais lento e a pressão abaixa um pouco – isso provoca, entre aspas, um ‘descanso no sistema cardiovascular’, que ficou o dia inteiro atuante. Mas caso a pessoa não tenha uma boa noite de sono, o coração não consegue ter esse ‘repouso’”, afirma o especialista ao Essência.
Eduardo Formiga ainda fala sobre as anormalidades do sono, não só de uma noite, mas daquelas que vêm em todas as horas: “Isso faz com que haja uma perturbação nos ciclos hormonais do nosso organismo, e, consequentemente, o corpo não consiga atingir uma fase de relaxamento, em que se pode dizer que a pessoa realmente conseguiu descansar”. Isso pode acarretar tanto em problemas emocionais e psicológicos, como estresse e depressão, como também, a longo prazo, em doenças cardiovasculares, câncer, obesidade, diabetes e outros.
Diagnóstico e tratamento
Segundo o cardiologista, é possível diagnosticar quando a pessoa não está tento uma boa noite de sono. Uma das opções é recorrer à polissonografia, que mede a atividade respiratória, muscular e cerebral (além de outros parâmetros) durante o sono. “Nesse exame, o indivíduo dorme na clínica e é monitorado por aparelhos. O paciente vai ser filmado e monitorado durante todo o sono. Será medida a oxigenação do sangue, a pressão arterial, a frequência dos batimentos cardíacos, e, a partir de analises dessa ‘observação’, se tira conclusões”, afirma o médico.
Após essa etapa, o individuo poderá começar um tratamento de acordo com a prescrição médica. “O coração agradece por uma boa noite de sono, mesmo que seja à custa de algum medicamento indutor de sono, e existem vários. São remédios específicos para o tratamento de sono, que variam de acordo com idade, do perfil ou eventuais doenças que as pessoas tenham, mas todos eles têm que ser prescritos pelo médico. A pessoa tem de passar por especialista para que ele avalie se essas perturbações são por algum problema orgânico, psicológico e emocional”, afirma o cardiologista.
Em relação ao uso de medicamentos, o cardiologista Arthur Rocha (com prática em Ortomolecular) faz uma ressalva: “Remédios para insônia, principalmente os benzodiazepínicos, trazem muitos malefícios e efeitos colaterais ao organismo, como ressaca no dia seguinte e prejuízos na estrutura do sono, assim a pessoa até dorme, mas não acorda descansada. Esses medicamentos ainda causam dependência e perda de memória a longo prazo, podendo, inclusive, predispor ao surgimento de patologias com a Doença de Alzheimer”, relata o especialista.
*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação
da editora Flávia Popov
Dicas para uma boa noite de sono
O médico Arthur Rocha dá algumas dicas para uma noite de sono de sucesso:
-Evite substâncias estimulantes, como a cafeína, por pelo menos seis horas antes de dormir.
-Faça refeições leves a noite e não durma com a ‘barriga cheia’.
-Evite bebidas alcóolicas, em excesso, principalmente próximo ao horário do sono.
-Tenha um bom ambiente de sono, com um local climatizado, sem barulhos ou luzes acesas.
-Use roupas confortáveis.
-Se preciso, tome substâncias relaxantes como chá de camomila.
-Fixe uma rotina do sono, com um horário certo de ir para a cama e de acordar.
-Evite dormir durante o dia.