“O estilo art déco foi um marco da modernidade em Goiânia”

Exposição ‘Cicloramas – Grafismo Art Déco’ começa nesta quarta-feira (26) na Cidade de Goiás

Postado em: 26-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Exposição ‘Cicloramas – Grafismo Art Déco’ começa nesta quarta-feira (26) na Cidade de Goiás

SABRINA MOURA*

Com intuito de valorizar os antepassados e pioneiros que construíram Goiânia, a artista plástica Rossana Jardim abre, nesta quinta-feira (26), na Cidade de Goiás a exposição Cicloramas – Grafismo Art Déco. A mostra – aberta na antiga Capital de Goiás, na data em que a cidade comemora 281 anos de existência –, é realizada pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, e passará também por Goiânia e Pirinópolis.

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O art déco é o tema principal da mostra. Conforme conta Rossana, esse estilo arquitetônico de arte teve início na Europa, e Goiânia é considerada uma das três cidades – juntamente com Paris e Miami – que possuem um acervo art déco. “Esse acervo é um dos maiores do mundo. Sua importância é que a gente tem algo muito precioso que, às vezes, não évalorizado. Precisamos dar luz e foco à arte, não só na pintura mas também no teatro, no cinema, na música, etc. Nessa exposição, queremos de maneira lúdica dar foco à história e a esse tipo de arquitetura que muitas pessoas – principalmente os mais jovens – nem sabem que existe”, diz ela.

A exposição, que tem a curadoria de Antônio da Mata, é composta por 18 peças que destacam parte do patrimônio arquitetônico em art déco de Goiânia, considerado um dos mais ricos do mundo. “Eu pintei os ícones art decó de Goiânia, porque eles têm ligação com a história da minha vida. Meus avós são pioneiros da Capital – desde quando eu era pequena – e praticamente existia só o Centro da cidade”, conta Rossana.“No Setor Oeste, próximo à República do Líbano, era tudo mato. Eu sempre dormia na casa dos meus avós, e, de lá, eu escutava o relógio da Avenida Goiás de madrugada. Tanto eu quanto minha mãe brincámos no Coreto quando meninas – localizado onde atualmente é a Praça Cívica –, e meu pai nadava e pulava no trampolim, ali no Lago das Rosas. Frequentei bastante o Teatro Goiânia, etc. Então são lugares significativos para mim, que reproduzido nas telas”, relembra ela.

Construções como o Coreto da Praça Cívica, o Relógio da Avenida Goiás, a Mureta do Lago das Rosas, o Teatro Goiânia, o Relógio da antiga Estação Ferroviária e o Trampolim do Lago das Rosas são a inspiração das peças que compõem a exposição. A artista diz que estava com uma maneira de pintar por meio da qual realizava repetições das imagens de forma circular, por isso o nome Cicloramas. Na sequência, ela colocou em prática técnicas de colagem, que originaram a partir de detalhes desses Cicloramas, a atual exposição que é o grafismo art déco. 

A artista explica que, de cada monumento art déco, foi extraído um detalhe para se destacar em seu trabalho, com exceção do Coreto e do Trampolim, que aparecem inteiros. Do Teatro Goiânia, por exemplo, ela pinçou a sua lateral, que, do ângulo escolhido, lembra uma sanfona, do ponto de vista de Rossana. Já dos relógios, os pontos em destaque são o topo. Desses elementos únicos, nascem os cicloramas que, por sua vez, dão origem aos trabalhos em forma de mandalas, elementos preferidos de Rossana.

Segundoela, a mensagem a ser transmitida é a do respeito e da valorização dos antepassados e pioneiros que construíram Goiânia. “O art déco faz parte dessa história juntamente com outros tipos de arquitetura. Isso é uma riqueza que temos, tanto que depois que se começou a falar de ‘Goiânia art déco’, outros estados do Brasil começaram a falar desse tipo de arquitetura. Então a minha mensagem é a valorização da nossa história e das pessoas que a construíram. Guardar isso na memória como referência é uma forma de as gerações futuras verem e valorizarem essa forma de arte”, explica Rossana.

Sobre a artista

A goiana define seu estilo como ‘figurativo’ em que são trabalhadas praticamente a figura e a forma como são retratadas. Rossana, que morou por um tempo em São Paulo para acompanhar o marido, voltou para Goiânia, exercendo sua profissão de psicóloga. Segundo ela, mesmo possuindo referência de família e amigos, ela praticamente retornou sem clientela. Dona de um temperamento ‘meio agitado’ – como ela conta –, chegar ao consultório, todos os dias, e ficar esperando cliente era ‘complicado’.

A partir daí ,Rossana decidiu aproveitar o que Goiânia poderia lhe oferecer. “Um amigo me chamou para desenhar lá no Museu de Arte de Goiânia (MAG). Foi ali que me apaixonei pela pintura, que começou como um hobby, e, atualmente, é a minha profissão. Quando eu vejo um quadro, uma pintura, eu fico fascinada, principalmente quando eu vejo que tal arte está em 3D. Eu amo a pintura!”, finaliza ela. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

‘Cicloramas – Grafismo Art Déco’, por Rossana Jardim 

Entrada gratuita

CIDADE DE GOIÁS

Quando: de 26/7 a 6/9 de 2018 às 9h30

Onde: Escritório Técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) 

GOIÂNIA

Quando: de 19/9 a 1º/11  de 2018

Onde: sede da Superintendência do Iphan

PIRENÓPOLIS

Quando: de 13/11/2018 a 18/1 de 2019

Onde: Escritório local do Iphan

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