Encontros em prol da dança contemporânea

O Grupo Ateliê do Gesto abre inscrições para o ‘A procura do gesto’ e por meio do projeto reforça que a pesquisa e imersão desempenha um papel crucial no enriquecimento artístico da cena local

Postado em: 18-08-2023 às 08h00
Por: Lanna Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Encontros em prol da dança contemporânea
Este formato garante uma liberdade de apresentação de exercícios, cenas criadas, explicações verbais, vídeos, além do bate papo aberto com o público | Foto: Divulgação

Há pouco, ainda se tinha em Goiás o pensamento de que as artes, seja qual for a linguagem, não era para nós. Para provar que a máxima é apenas uma falácia mal feita, o Estado tornou-se referência quando o assunto é música, teatro e dança. Prova disto é a movimentação que o Grupo Ateliê do Gesto tem feito em prol dos artistas. Com o intuito de estabelecer diálogos entre os intérpretes e criadores que atuam na Capital, o grupo promove neste sábado (19) a residência gratuita em dança contemporânea ‘A procura do gesto’.

Goiânia é um celeiro de grandes nomes das artes. Para incentivar este potencial inquestionável, o grupo Ateliê do Gesto abre inscrições para o projeto ‘A procura do gesto’. As inscrições acontecem de 25 de agosto a 4 de setembro, para artistas independentes e estudantes de artes cênicas (dança, teatro e circo). Os interessados podem se inteirar pelo Instagram @ateliedogesto. Ao todo serão disponibilizadas 20 vagas e a carga horária total será de 30 horas, com encontros previstos para acontecer entre 12 de setembro e 12 de outubro.

De acordo com seus realizadores, o intuito é estabelecer diálogos entre os intérpretes/criadores que atuam em Goiânia, fortalecendo a cena artística local. Além de trazer para estes participantes o trabalho de pesquisa do Grupo Ateliê do Gesto, que também passou, recentemente, por residência com a artista carioca Duda Maia. A passagem dos integrantes do coletivo pelo Rio de Janeiro foi uma forma de preparar esse segundo momento do trabalho, essa residência.

Continua após a publicidade

A residência em Goiânia pretende estabelecer uma relação de busca pela construção de novas linguagens em dança, relacionando o cenário cultural local com o trabalho feito em outras regiões do País. O projeto colabora, assim, com a movimentação do mercado nacional, possibilitando um espaço para produção de conhecimento, troca de experiências, saberes e circulação de informação entre os envolvidos. E porque não, ainda nesta experiência, cativar um público cada vez mais apaixonados pela dança contemporânea.

Segundo os idealizadores da residência, fomentar esse trabalho de pesquisa e imersão desempenha um papel crucial no enriquecimento da cena local. Além de estimular a criatividade, a experimentação, a formação e desenvolvimento individual, o projeto também fortalece as redes e conexões entre artistas e profissionais da área. A residência pode resultar em colaborações futuras, compartilhamento de recursos e crescimento da produção cultural, incluindo a formação de novos intérpretes-criadores.

Um mergulho no gesto, o que esperar?

De acordo com João Paulo Gross, um dos responsáveis pelo projeto ao lado do Daniel Calvet, o trabalho com Duda Maia trará um impacto significativo nos conteúdos trabalhados durante o projeto. “Depois que fizemos a residência com a Duda, percebemos as possibilidades de uma abordagem a partir do movimento. Isso proporciona um trabalho de grande escuta e mergulho dentro do campo criativo. Através da exploração de gestos e ações relacionados à consciência corporal, os participantes terão a oportunidade de ampliar sua compreensão”, diz Gross.

Quanto ao que os participantes poderão esperar desse mergulho, João Paulo Gross informa: “Acreditamos que o trabalho contínuo gera ideias, e os encontros proporcionam novos diálogos. Será um processo bonito de experimentar com os participantes. A criação vem a partir da experimentação, do corpo em movimento, dessa produção e geração de energia que o mover provoca em cada um, no coletivo e no espaço”. Ao final, acontecerá ainda uma mostra do trabalho desenvolvido ao longo do projeto. Algo que o grupo chama de aula-espetáculo. 

Este formato garante uma liberdade de apresentação de exercícios, cenas criadas, explicações verbais, vídeos, além do bate papo aberto com o público. Sobre esse resultado, João Paulo explica: “Hoje em dia tem-se uma urgência em querer um resultado, em justificar as coisas. Um projeto dessa natureza tem um valor que muitos desconhecem, porém necessário para a arte, que precisa de um outro tempo para que algo possa emergir. É um projeto e um processo muito valioso e que precisa ser bem cuidado”.

João Paulo ressalta também que o momento vem para preencher os espaços vazios nas artes cênicas. “O espetáculo é um respiro para deixar chegar, para que possamos ter a sensibilidade e o comprometimento com o que se dará nesse encontro. Um espaço sagrado para a criação artística e o tempo do corpo, que hoje em dia, muitas vezes fica refém de prazos e burocracias que interferem no fazer artístico”, finaliza. Ao final, além de apreciar um bom espetáculo, os participantes saem com uma nova perspectiva sobre a dança contemporânea.

Veja Também