‘Sonora Brasil’ retorna a Goiás com ritmo nordestino

Nesta terça-feira, quatro grupos se apresentam na Capital. Outras apresentações estão previstas em Anápolis e Jataí

Postado em: 07-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: ‘Sonora Brasil’ retorna a Goiás com ritmo nordestino
Nesta terça-feira, quatro grupos se apresentam na Capital. Outras apresentações estão previstas em Anápolis e Jataí

ALESSANDRA ROCHA

ESPECIAL PARA O HOJE

Continua após a publicidade

O Brasil possui uma vasta cultura musical, e, com o objetivo de disseminar as expressões musicais presentes no País, o Sonora Brasil retorna a Goiás, em sua 21ª edição, com o tema Na Pisada dos Cocos. A partir desta terça-feira (7), quatro grupos do Nordeste – Coco de Iguape (Ceará), Coco de Zambê (Rio Grande do Norte), Samba de Pareia da Mussuca (Sergipe) e Coco de Tebei (Pernambuco) – se apresentam em Goiânia, Jataí e Anápolis.

Além de circularem no Estado, os grupos passarão pelasRegiões Norte e Nordeste do País com o tema Bandas Musicais: Formações e Repertórios. O Sonora Brasil é conhecido como um dos maiores projetos de circulação musical do País com aproximadamente 5.726 apresentações em mais de 150 cidades para cerca de 600 mil espectadores.

Unindo a dança e a música, seja com instrumentos ou somente com a batida dos pés, o coco é um ritmo que se destaca, principalmente, em diversos grupos do Norte e Nordeste do País. A prática se estende entre as áreas urbanas, como na zona rural, em aldeias indígenas e quilombolas. “O coco é como uma terapia para a gente”, afirma a líder do grupo Samba de Pareia da Mussuca, de Sergipe, Maria José dos Santos, conhecida como ‘Cecé’, de 58 anos.

Não se sabe ao certo quando o Samba de Pareia surgiu. Segundo relatos, o grupo teria iniciado, há mais de 300 anos, entre os escravos que trabalhavam nos canaviais como uma forma de ocupar o pouco tempo de descanso que tinham ao longo de sua jornada diária.

Contudo Cecé afirma que o grupo foi resgatado, recentemente, por uma comunidade de idosos. Os habitantes do Povoado de Mussuca, onde reside grupo Samba de Pareia, está localizado em Laranjeiras, a 23km da capital do estado de Sergipe. Os habitantes procuram manter as tradições herdadas de seus antepassados.

Maria afirma que os moradores tinham o hábito de convidar uns aos outros para dançar na própria residência; em alguns casos, viravam a noite. Outro costume da região é a dança de São Gonçalo. Segundo Cecé, não existe horário ou data específica para as apresentações. “É igual samba. Temos o ensaio geral pela manhã, às 9h, e, durante a tarde, faz a procissão”, ressalta.

Diferente dos demais grupos convidados para o Sonora Brasil, o Samba de Pareia da Mussuca é liderado e composto, majoritariamente, por mulheres. “Antigamente, o Samba de Pareia era dançado por homens e mulheres, mas, passando o tempo, os homens começaram a ter ciúmes das esposas”, destaca a líder do grupo. Ela explica que, atualmente, os homens participam apenas como tocadores. A apresentação do grupo, nesta terça-feira, conta com a participação de dez mulheres e um homem.

Questionada sobre a responsabilidade de liderança, Maria esclarece que é difícil lidar com a grande quantidade de membros, mas que, apesar das dificuldades, conseguem superar os problemas. Sobre a visita ao Estado, conhecido nacionalmente pelo gênero musical sertanejo, a líder do Samba de Pareia afirma que aguarda uma boa recepção. “Que dê tudo certo para nós”, destaca.

Do Centro-Oeste para o Brasil

Percorrendo o País desde 2017, através do Sonora Brasil, a banda Corporação Musical Cemadipe, de Aparecida de Goiânia, representa a Região Centro-Oeste. Criado em 2005, com uma proposta socioeducativa do Grupo Marista, o Cemadipe atende crianças e adolescentes do bairro Madre Germana.

Representando as bandas civis que lidam com repertórios de marchas e hino, o grupo foi selecionado participar do Sonora Brasil com o tema Bandas Musicais: Formações e Repertórios. Até o fim deste ano, o Cemadipe deve se apresentar em 103 municípios.

Em média, a Corporação Musical tem 120 alunos, nos níveis iniciante, médio e avançado. Ao todo, para participar do projeto Sonora Brasil, 15 alunos, maiores de 18 anos, foram selecionados. “A preferência era por alunos que estivessem se profissionalizando na área”, afirma o maestro Rogério Francisco.

O grupo começou a adquirir visibilidade, em 2010, quando começou a participar de campeonatos de música. Neste ano, o Cemadipe deve percorrer as regiões Norte e Nordeste do Brasil. “Para nós, como músicos, é uma oportunidade única, já que a gente ganha experiência, trocando ideias com outros músicos e se apresentando em todas as regiões do País”, pontua o maestro.

Para os jovens que desejam participar, o maestro explica que, anualmente, é realizada uma formação inicial somente com alunos que não possuem nenhuma experiência. “Se o aluno se encantar pela música, ele deve ser respaldado”, destaca o maestro.

O grupo que está participando do Sonora Brasil é formado pelos alunos Bruno Bernardes, HyagoTocach, Ismael Trindade e Lourrainy Cabral, Jordânia Silva, David Souza, Alinne Sousa e Amanda Batista, Wellington Lemos, Cailton Silva, Bruno Augusto, Mauricio Silva, Rivenilson Silva e Matheus Cardoso – sob regência do maestro Rogério Francisco.

Mesclando sons

A proposta do Sonora Brasil é difundir a cultura musical brasileira para todas as regiões do País. Visando a isso, anualmente os temas do evento são debatidos no Encontro Nacional de Música. “Em 2017, recebemos o tema sobre bandas musicais, enquanto o restante do País estava com o tema Na Pisada dos Cocos”, explica a assessora de Cultura do Sesc Goiás, Ednéia Maria Barbosa de Sousa.

Na Capital, a assessora explica que o tema que mais agradou ao público foi o Violas Brasileiras. “A temática sobre Villa-Lobos também teve uma repercussão maravilhosa e contou com uma orquestra do Mato Grosso”, afirma Ednéia. Ela explica que não é a primeira vez que um grupo goiano participa do Sonora Brasil; em 2009, um trio representou a Região Centro-Oeste.

A expectativa para este ano é o reconhecimento dos grupos que se apresentam e que o público goiano conheça a cultura do Nordeste do Brasil. “Os grupos que estão circulando não encontram repercussão”, afirma Ednéia. Para o próximo ano, a proposta é de estender o evento para outros municípios como Itumbiara”, finaliza. 

Veja Também