Na arte de se encontrar

Cantor Silva apresenta seu novo trabalho, ‘Brasileiro’, neste domingo (12), no Teatro Sesi

Postado em: 10-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Cantor Silva apresenta seu novo trabalho, ‘Brasileiro’, neste domingo (12), no Teatro Sesi

Guilherme Melo*

Cantor capixaba de 30 anos, Silva está no olho do furacão da música brasileira, desde 2011, quando lançou seu primeiro EP, com apenas cinco músicas. Como compositor e multi-instrumentalista, ele está conquistando seu espaço na nova safra de música alternativa do País. No Dia dos Namorados deste ano, o cantor consagrou sua versatilidade musical após lançar o clipe Fica Tudo Bem, com a cantora Anitta. Neste domingo (12), o artista retorna a Goiânia para apresentar seu novo trabalho, Brasileiro, lançado em junho de 2018, pelo selo Slap, da gravadora Som Livre. O show será, às 20h30, no palco do Teatro Sesi. 

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Silva nasceu em Vitória, Espírito Santo, em 3 de julho de 1988. O cantor, com o sol em câncer, apresenta um perfil artístico mais tranquilo, com uma tendência à música clássica, herança de seus pais. O artista começou bem novo na música, com 2 anos – violino com 6 anos e, piano, com 7 anos. Depois, aprendeu a tocar instrumentos de banda, como guitarra, baixo, violão. Já tocou em tudo quanto é tipo de banda, fazendo cover de Jamiroquai, Stevie Wonder, Tower of Power. Por outro um lado, Silva teve uma adolescência bem erudita, em contato com um pouco de tudo.

Na família, o cantor, sofreu influências de sua mãe, que sempre tem bastante ligação com a música. Segundo o cantor, a pessoa que mais o influenciou foi seu tio, que é pianista. “Ele morava conosco, quando éramos pequenos, e passava oito horas por dia tocando. Minha mãe é formada em flauta e piano. Também tenho dois irmãos mais velhos, e os dois estudaram música, mas nenhum seguiu carreira”, explica o cantor. 

Formado em música erudita, Silva explica que seu processo de criação musical é ao contrário. “Procuro produzir a música inteira, o arranjo todo, antes de ela ter a letra. Eu vou trabalhando as batidas, as melodias, o que eu quero que entre no arranjo ou não e, por último, coloco a letra. Para mim, é mais fácil. Eu tenho mais facilidade com os arranjos do que com as letras, que são escritas em parceria com meu irmão”, revela. 

Hoje, com 30 anos, Silva é uma das principais apostas musicais do País, tendo seu trabalho reconhecido por sua versatilidade. Em seu novo disco, o cantor faz parceria com seu irmão, Lucas Silva, em praticamente todas as composições. Silva também entrou em parceira com Arnaldo Antunes, na canção Milhões de Vozes, que mistura samba com bossa. Outra parceria do disco foi com a cantora Ela Voa, em que os artistas  apresentam um hitmaker dos anos 80.   

Em Brasileiro, Silva concretiza um sonho de infância: ele gravou duas músicas instrumentais, a primeira Palmeira, com o uso do piano, e, a segunda, Sapucaia, com um violão, com Marisa Monte e Paulinho da Viola.   

Por sua originalidade, Brasileiro  está sendo considerado uma sequência ao bem-recebido Silva Canta Marisa (2016), obra em que revisitou a carreira da cantora carioca Marisa Monte. O single, A Cor é Rosa, destaca toda a sonoridade de um trabalho atual. Outro destaque está na parceria de Silva com Anitta, em Fica Tudo Bem, composição dele com o irmão, e que já caiu no gosto dos fãs. O clipe para a faixa, lançado em meados de junho, já teve quase 10 milhões de visualizações no Youtube e garantiu o artista no mainstream.

Mesmo com essa versatilidade, o cantor explica que não sabe bem como definir sua música, se ela pode entrar em um único gênero. “Não sabia se podia chamar de MPB, porque, apesar de ser em português, tem muito elemento que não é de música brasileira e que poderia ser de qualquer lugar. Não sabia também se podia chamar de eletrônico, porque meu som não é só eletrônico, tem vocal, tem elementos de canção. Então, eu não sei, é difícil definir. Sinceramente, eu não sei dizer o nome do meu som”, fala o cantor.

Nessa nova turnê, Silva se dedica para superar a cada novo trabalho e construir novos caminhos entre tempos e estéticas musicais diferentes. Em Goiânia, o artista sob ao palco acompanhado dos músicos Lucas Arruda (baixo, synth e piano) e Hugo Coutinho (bateria e programações).

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE

SERVIÇO

Show  com Silva – ‘Brasileiro’

Quando: domingo (12) às 20h30

Local: Teatro Sesi (Av. João Leite, nº 1.013, Santa Genoveva) 

Ingressos: R$ 80 (inteira) / Informações: 3269-0800 

Entrevista: Silva  

Como surgiu a ideia de fazer o álbum ‘Brasileiro’ e como foi trabalhar nele? 

Esse disco foi feito enquanto eu estava em turnê com o Silva Canta Marisa. Foi o álbum que mais gostei de fazer até aqui. Pude fazer com calma; escrevi mais de 22 músicas para escolher as 13 que entraram no final. Foi um processo trabalhoso, mas muito divertido também. 

Você começa o disco com a faixa ‘Nada Será Mais como Era Antes’. Por que você a escolheu para iniciar seu novo trabalho? 

Ela ecoa o título da canção Nada Será como Antes, do Ronaldo Bastos e Milton Nascimento, e ela diz muita coisa que quero dizer nesse momento. Essa letra, feita por mim e meu irmão Lucas, tem várias críticas e ironias que contrastam com a melodia que traz leveza. Adoro usar esses contrastes. 

Neste álbum, você aborda temas políticos e econômicos. Como foi trabalhar este tema em seu álbum? 

Não foi minha intenção fazer um disco político, mas ser brasileiro neste momento não nos deixa ficar longe desse tema. Minha intenção não foi pregar meus ideais políticos, mas fazer com que as pessoas reflitam sobre o que é ser brasileiro.

Você já morou fora do País, mas seu novo projeto fala muito sobre nacionalidade. Você gosta de ser brasileiro?

Morar fora me fez gostar ainda mais de ser brasileiro. Não concordo com muitas coisas que acontecem no nosso País, desigual, mas admiro nossa cultura, nosso calor humano, nossa música, nossa literatura, nossa garra. Gosto muito de ser brasileiro – apesar dos pesares.

Pensa em fazer uma turnê internacional ou alguma música em outra língua?

Por enquanto, tenho shows para fazer em Portugal em alguns festivais de verão. Tenho vontade de cantar em espanhol, acho muito bonito. Ainda estou estudando e só canto em casa.

Você e a cantora Anitta lançaram uma música juntos. Sendo dois artistas de públicos distintos, como foi trabalhar nessa parceria? 

O que nos conectou foi mesmo a música. Na época, nós não tínhamos amigos em comum ou empresários conhecidos, nada disso. Eu simplesmente mandei a versão ‘demo’ da música para ela, e ela logo topou participar. Foi supergenerosa e dedicada. Anitta é uma artista que faz tudo com muito carinho e está ganhando um espaço que me dá orgulho de ver.

Falando em parcerias, você já teve contato com artistas  como Marisa Monte, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Como foi a experiência com estes mestres da MPB? 

São pessoas que eu ouvi, a vida toda, e conhecê-los mais de perto é um privilégio muito grande. Nenhum deles me desapontou, pelo contrário, me tornei ainda mais admirador depois de nos conhecermos pessoalmente. Marisa é uma amiga querida e cheia de conteúdos bons para passar. Uma tarde com ela já te abastece de muita coisa boa. 

Quando você percebeu que era um artista famoso? 

Demorei para perceber isso, ficava achando que a pessoa estava me olhando muito porque eu estava com uma camisa rasgada (risos). Hoje, já consigo perceber quando sou reconhecido e sei lidar bem com isso. Sei que faz parte do trabalho, de mostrar o rosto por aí.

Este é o seu quarto trabalho autoral. O que evoluiu do primeiro para cá? 

Acho que, quando fazemos algo por muito tempo, a gente evolui naquilo. Tenho tocado mais violão, então hoje já sinto que toco melhor que antes. Sempre gostei de cantar, porém venho praticando mais, refinando algumas coisas, e já me acho um cantor melhor do que fui no começo. Além do aspecto musical, vem a maturidade que o tempo dá pra gente. Acho que a timidez foi embora, e, agora, fico super à vontade no palco. À vontade para ser do jeito que sou, e a cada trabalho eu me encontro mais como pessoa.

Você já esteve em Goiânia outras vezes. Como foi sua experiência aqui? 

Já estive algumas vezes em Goiânia e lembro-me  de terem sido viagens muito especiais. Na minha primeira turnê, eu toquei no Teatro Universitário, e fui muito bem recebido. Um público supercaloroso e empolgado. Já fico ansioso para voltar!

Com quem você ainda não gravou e tem vontade de gravar? Por quê?

Ah, muita gente! Tenho vontade de gravar com Caetano, Gil, Jorge Ben, tenho vontade de gravar com Ivete, com Elba Ramalho e com Illy, uma nova cantora baiana que me deixou apaixonado pela voz dela. O Brasil é cheio de artistas incríveis, e espero poder conhecê-los melhor nesse caminho e colaborar com eles! 

Nova geração MPB  

Silva já conquistou seu espaço na Música Popular Brasileira. Além dele, outros jovens estão se destacando neste gênero e fazendo parcerias com grandes artistas desta área. Conheça sete artistas que prometem ser a nova geração MPB. 

Filipe Catto – Ele ganhou visibilidade por meio da música Saga, que foi muito bem-aceita pela crítica por conta da sua composição inteligente. E virou até trilha sonora de novela. Sua voz é, recorrentemente, comparada à de Ney Matogrosso. 

Clarice Falcão – Com letras muito bem-elaboradas e bem-humoradas que falam das loucuras de um relacionamento com jogos de palavras e contextos históricos, ela deixa a sua composição inteligente e muito agradável.

Tulipa Ruiz – Em 2010, lançou o seu primeiro álbum, Efêmera, que ganhou elogios da crítica pelos seus arranjos simples unidos à poética das suas letras. Além de ser um grande nome da atualidade na música, ela desenvolve a arte gráfica da capa dos álbuns.

Thiago Pethit – A sua música traz a melancolia inspirada no folk, sua voz é muito boa e os jogos de palavras são inteligentes. Ele costuma trabalhar com rimas, e mistura o português ao inglês, como na música Moon.

Cícero – Com uma voz muito bela, faz uma música com grande simplicidade unida à profundidade das letras e à sutil melancolia. Ele consegue moldar muito bem o seu estilo, mesmo em contato com diversos parceiros musicais. Seu primeiro álbum, Canções de Apartamento, foi elogiado por músicos de peso. 

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