José Staneck e Flavio Augusto homenageiam movimentos musicais

Musicistas desembarcam em Goiânia para se apresentarem no ‘Concertos Didáticos para Juventude’

Postado em: 18-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Musicistas desembarcam em Goiânia para se apresentarem no ‘Concertos Didáticos para Juventude’

GABRIELLA STARNECK

ESPECIAL PARA O HOJE

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O gaitista José Staneck e o pianista Flavio Augusto são as atrações do projeto Concertos Didáticos para Juventude, neste domingo (19), no Centro Cultural UFG. O duo, que se apresenta há dez anos em importantes festivais, traz a fusão de seus estilos com repertório que inclui obras de compositores como Mozart, Tom Jobim e Villa-Lobos. Os músicos ainda homenageiam os 90 anos de Edino Krieger, além dos 60 anos da bossa nova e do tango novo.

“Nós iremos trazer um repertório que perpassa por vários estilos. Vamos fazer duas homenagens, que acho importante frisar, dos 60 anos da bossa nova e do tango novo. Para isso, fazemos um arranjo especial da canção Garota de Ipanema e de Adiós Nonino, de Piazzolla. Como ninguém é de ferro, terminamos com Villa-Lobos”, afirma José Staneck ao Essência.

Duo

Segundo o gaitista, a parceria com o pianista Flavio Augusto foi algo espontâneo, e começou por causa da vivência musical: “O Flávio é mineiro, mas mora no rio há muito tempo e é um dos melhores pianistas que o Brasil tem – um craque da música de câmara. Nossa ‘união’ foi natural! Nos conhecemos no Rio, nesse cenário de concerto, por causa da nossa atuação na cidade”. Com grande experiência camerística, o duo busca novas formas de expressão, o que resulta em uma verdadeira conversa musical valorizada pela riqueza tímbrica da gaita e pela solidez do piano. 

Staneck é dono de estilo próprio e une elementos tanto da música de concerto quanto da música popular brasileira e do jazz – principalmente pelo fato de a gaita não ser tão comum no repertório de concertos. Ele já participou de trilhas sonoras para cinema e atua com diferentes formações camerísticas – além de ter sido solista de diversas orquestras sinfônicas nacionais e internacionais.

Já Flavio Augusto é detentor de 28 prêmios em concursos nacionais e internacionais de piano. Em 1988, o pianista tornou-se o primeiro brasileiro a conquistar o 1º lugar do Concurso Internacional de Piano Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Desde os 13 anos de idade, ele tem sido solista das principais orquestras do Brasil. No exterior, já se apresentou em importantes salas de concerto e sua discografia inclui 13 CDs e um DVD. Juntos José Staneck e Flavio Augusto gravaram com o violoncelista Antonio Del Claro o CD Tributo a Guerra-Peixe. 

Projeto

O Concertos Didáticos para Juventude é coordenado pelas professoras da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (Emac/UFG) Gyovana Carneiro (coordenação) e Ana Flávia Frazão (direção artística), e é realizado desde 2006. O projeto tem apoio da Lei Goyazes e proporciona aos estudantes, e à população em geral, a oportunidade de se envolver com música de câmara e solos. Antes das apresentações, há palestra sobre as obras, os instrumentos, os compositores e os músicos de cada concerto.

SERVIÇO

‘Concertos Didáticos para Juventude’ 

Quando: domingo (19)

Onde: Centro Cultural UFG (Av. Universitária, nº 1.533, Setor Leste Universitário – Goiânia)

Horário: 11h

Entrada gratuita

Entrevista: José Staneck 

Qual critério vocês adotam para a escolha de repertório? 

Nós estávamos com um repertório que circulava bastante em homenagem a Tom Jobim, chamado Chopin Jobim. Mas, aqui para Goiânia, como era um concerto didático, eu achei melhor fazermos um espectro maior. Então nós começamos a apresentação com uma sonata de Mozart, depois fazemos uma homenagem aos 90 anos de Edino Krieger – um dos maiores compositores nossos vivos –, e ainda passamos por outros estilos ao fazer uma homenagem aos 60 anos da bossa nova e do tango novo. Além disso, mostrarmos as possibilidades harmônicas da gaita – que não é tão comum no repertório de concerto. Iremos fazer uma peça mais clássica, depois duas com aspecto mais contemporâneo. 

Não temos um estilo específico. Claro que trazemos um repertório dentro da música de concerto, mas escolhemos de acordo com proposta do projeto ou das nossas ideias. Digamos que nós procuramos um repertório que tenha a ver com o momento, e a gaita vem de uma posição mais usada na música popular; muitas coisas ainda são em termos de transcrições, então o repertório fica muito livre, e eu gosto disso.   

Há uns quatro anos, nos apresentamos aqui em um projeto que também foi coordenado pela Gyovana Carneiro e Ana Flávia Frazão. Eu tenho um carinho especial por Goiânia. O Radamés Gnattali compôs três peças originais para gaita, dois concertos e uma peça chamada Canção e Dança, e, até onde se sabe, não tem registro de outra execução dessa peça. Eu estreei esse trabalho com a orquestra de cordas, aí de Goiânia, com o maestro Norton. Então tenho um carinho especial pela cidade por causa desse concerto.

Qual a expectativa para o show?

Esse tipo de repertório didático, em um domingo de manhã, a gente gosta muito de fazer, porque, antes da apresentação, eu falo um pouco da história da gaita, por exemplo.  Então a expectativa é que haja uma troca com a plateia de poder conversar, mostrar os instrumentos e as particularidades. Então a grande expectativa é que tenha essa troca de energia e informação. 

Em sua opinião, qual a importância do ‘Concertos Didáticos para Juventude’?

Eu acho fundamental. Existem vários espaços e momentos dentro da música, e a gente precisa desses espaços mais informais, com crianças, para tentar mostrar a música de forma mais informal, deixar a música falar por si só – sem muito ritual. Claro que o ritual é importante e tem o seu lugar, mas esse tipo de concerto abre uma naturalidade do fazer musical que é muito importante. De uma forma geral, a gente tem medo do desconhecido, então isso abre portas, porque na informalidade você consegue chegar mais próximo das pessoas.  

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