Rádio se mantém forte como meio de mídia

Uma centena de anos não foi suficiente para acabar com a rádio, que por várias vezes teve sua morte equivocadamente decretada. Tanto tempo só serviu para ele se adaptar às dinâmicas tecnológicas, a ponto de ultrapassar limites do tempo e do espaço. 

O rádio continua como um importante veículo de comunicação, apesar do crescimento de plataformas digitais de música nos últimos anos. Reforçando a importância desse meio de difusão de músicas, se comemora nesta semana o Dia Nacional do Rádio, celebrado no dia 25 de setembro. 

Um estudo feito pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), aponta o que os brasileiros mais ouviram no país nos últimos dez anos em rádios adimplentes, que respeitam e pagam direitos autorais de execução pública. 

Uma curiosidade do estudo ficou por conta do destaque de músicas internacionais, que ocuparam as oito primeiras colocações seguidas do ranking produzido com as 20 mais tocadas no Brasil, com a liderança de ‘Paradise’, de autoria de Brian Eno/A. Martin/Guy Berryman/William Champion. 

Nessa lista, as músicas nacionais ocuparam um total de onze posições e apareceram a partir da nona colocação, com a canção ‘Na linha do tempo’, de autoria de Marcelo, Mila Alves e Sergio Porto. 

Lista das 20 músicas mais tocadas no Brasil nos últimos dez anos 

Quem faz o rádio acontecer 

A funcionária pública, Evany Pereira, conta que acompanha a rádio enquanto trabalha, e sempre interage com os radialistas pedindo canções. “Todos os dias acompanho a rádio através do meu celular, enquanto estou no trabalho. Costumo pedir música sertaneja, que é o estilo musical que mais gosto de ouvir. Além de me atualizar das canções que estão bombando no momento, aproveito para escutar as que eu mais gosto”, explica. 

O radialista há mais de 25 anos, Juliano Moreira, explica que o rádio ainda o faz sentir o frio na barriga do começo da carreira, e aquilo que te empolga em fazer rádio é poder fazer a diferença diante de uma comunicação leve no jornalismo esportivo e na vida de alguém. 

“Através de muito estudo, eu tive que me reinventar quando me deparei com tantas mudanças no rádio. O rádio virou televisão. Eu descobri que não é só o talento, é o estudo. É acompanhar o raciocínio do internauta, conhecer o ouvinte que está do outro lado, quais são as palavras que ele está buscando, o que ele quer do programa. Hoje é muito mais conteúdo. É preciso ter sensibilidade”, diz.

Como é realizada essa pesquisa?

As emissoras de rádio são importantes para quem vive da música e, por isso, o Ecad tem um segmento destinado a elas para garantir que compositores e artistas recebam seus direitos autorais quando suas canções são tocadas nas programações. Para que a instituição remunere a classe artística, as rádios precisam pagar regularmente os valores referentes ao licenciamento musical e enviar suas programações com a indicação de tudo o que foi tocado. 

Para fazer a identificação das canções, além de utilizar as planilhas enviadas pelas emissoras, o Ecad utiliza um software exclusivo, denominado ‘Ecadtec CIA Rádio’, criado em parceria com a PUC-Rio. O software foi desenvolvido de acordo com as necessidades específicas demandadas pelo sistema brasileiro de gestão coletiva musical para a captação, gravação e identificação automática das músicas executadas por emissoras de rádios brasileiras. 

Com esse software, o Ecad analisa uma hora de músicas a cada três minutos com 99% de assertividade na identificação do segmento de rádio. O sistema e a tecnologia utilizados são fundamentais para o trabalho de arrecadação e a distribuição de direitos autorais do Ecad. A distribuição dos valores em direitos autorais é realizada trimestralmente e contempla compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos.