Um alerta para os pais sobre o bem-estar das crianças

Gabriella Starneck 

‘Infância Vulnerável – Os Perigos Visíveis que não Enxergamos é o tema central da 3ª edição da Conferência Internacional sobre o Bem-Estar Infantil (Cisbei), que ocorrerá, neste sábado (22), no Oliveira’s Place. O evento reúne pediatras, psiquiatras, psicólogos, escritores e demais palestrantes para abordar assuntos como ansiedade e depressão na infância. Um dos principais convidados dessa edição é a escritora e psicóloga americana Mary Fristad, de Ohio (EUA).

Segundo Karla Cerávolo, psicóloga e organizadora do Cisbei, a intenção da conferência é criar um ambiente regional para debater questões como a vulnerabilidade infantil – além de trazer profissionais especialistas nessa área. Outro objetivo é proporcionar uma troca de experiências para que os pais saibam compreender melhor seus filhos. “A Cisbei surgiu da necessidade de preparar as famílias para prevenir e saber lidar com questões como ansiedade e depressão na infância”, afirma Karla Cerávolo ao Essência.

Cisbei

A Cisbei já está em sua 3ª edição, e, a cada ano, a adesão do público ao evento aumenta. Prova disso é que, em princípio, o evento seria realizado no Castro’s Park Hotel, com capacidade para 500 pessoas. Mas, como os ingressos já estavam esgotados, a organização da conferência optou por alterar o local do evento, que agora será realizado no Oliveira’s Place – para 700 pessoas. A realização é da ‘De Umbiguinho a Umbigão’ (Duau) e do Instituto Suassuna.

Nesta edição, o evento conta com a participação de uma convidada internacional, a escritora e psicóloga americana Mary Fristad. Também vão ministrar palestra e participar de debates o pediatra Daniel Becker (Rio de Janeiro), a psiquiatra Loraine Martins (São Paulo) e a psicóloga Vera Tschiptchin (São Paulo). O colunista da Revista Crescer, Beto Lima (São Paulo), e a autora do livro Mãe Fora da Caixa, Thais Vilarinho, serão os pais convidados pela organização. 

Sobre a escolha dos palestrantes, Karla afirma: “Na verdade, primeiramente nós escolhemos o tema Infância Vulnerável – Os Perigos Visíveis que não Enxergamos, diante da problemática vivenciada pela sociedade, principalmente a que Goiânia vem enfrentando – com tanta depressão infantil. A partir daí, procuramos nomes que lidam diretamente com esses assuntos. A Mary Fristad, por exemplo, trata, em seus trabalhos, muito do impacto das redes sociais na vida das crianças”. E, para falar mais sobre a Cisbei, Karla Cerávolo conversou com o Essência. Confira a entrevista abaixo.  

Entrevista: Karla Cerávolo – psicóloga e organizadora da Cisbei 

Qual a principal proposta da Conferência Internacional sobre o Bem-Estar Infantil?

O intuito é capacitar as famílias, principalmente as mães, dando ferramentas e trazendo conteúdos que possam facilitar a relação entre pais e filhos, e também o convívio dos profissionais da educação como as crianças. É um evento que conscientiza sobre a importância da atuação dos pais na vida dos filhos – tanto no começo da vida, tanto na adolescência. 

Em sua opinião, qual a importância de uma conferência que discute questões como ansiedade e depressão infantil?

A relevância do evento é que vamos tratar de assuntos que ainda estão velados – como ansiedade e depressão na infância – que os pais ainda têm dificuldades de conversar, inclusive com seus filhos. Então precisamos tratar essas temáticas com mais naturalidade, porque, cada vez mais, nós vamos ter esse tipo de problema nas nossas casas, nas nossas famílias. Nós somos uma geração de muita ansiedade, de muitos problemas emocionais, então é importante que a gente tire esses assuntos da caixinha e possa conversar com os pais para que eles tenham ferramentas para ajudarem seus filhos. As crianças, hoje, têm acesso a tantas tecnologias, estão com a agenda tão cheia, que quase não brincam; também iremos abordar isso. 

A primeira edição da Cisbei ocorreu em maio, e, a segunda, em julho. Por que neste ano o mês de setembro foi o escolhido? Tem alguma relação com a Campanha Brasileira de Prevenção ao Suicídio – até por causa da temática?

Não tem nenhuma relação com a campanha. Na verdade, não conseguimos uma data para fazer a conferência no primeiro semestre. Como a Cisbei é evento que ainda está se construindo, a gente não sabe o que a população prefere, se é primeiro ou segundo semestre. Mas parece que este mês é um bom momento, porque houve uma maior adesão ao evento.

A temática dessa ano é ‘Infância Vulnerável – Os Perigos Visíveis que não Enxergamos’. Por que muitas vezes os familiares não enxergam esses perigos?

Muitas vezes, os pais não estão vendo por não estarem conectados com os filhos. A criança ou o adolescente sempre vai dar um sinal de que tem alguma coisa errada. A criança pequena dá birra, ou ela tem uma febre, por exemplo, mas  sempre mostra algo que revele que está triste, sofrendo na escola ou até mesmo em casa. Então, se os pais quiserem tirar essa venda emocional e olharem melhor para os seus filhos, nós sabemos que vamos ter adultos mais bem preparados para o mundo. 

Você acredita que, com as redes sociais, o público infantil está mais suscetível a problemas como a depressão, e bullying?

Nós não podemos atribuir as tecnologias ao impacto do crescimento da depressão, mas devemos atribuir às poucas relações verdadeiras. Infelizmente, os pais estão vivendo distantes dos seus filhos, está faltando conexão afetiva, verdadeira. Dessa forma, a gente entende que é uma geração de crianças que têm pouco contato com os pais, que brincam pouco de verdade, porque passam muito tempo diante da tela. Elas não se relacionam ‘de verdade’ e acabam não aprendendo, desde a infância, sobre frustrações e tristezas. As crianças não aprendem que nem sempre elas serão felizes, mas é necessário ter resiliência, assunto que também será abordado nas palestras. 

Qual a importância de os pais participarem de eventos como a Cisbei?

Nós entendemos que, quando colocamos as pessoas para refletir sobre assuntos como a vulnerabilidade infantil, elas passam a perceber, em suas casas, quando seus filhos estão apresentando algum sintoma ou alteração no comportamento. É muito importante que os pais entendam que é uma demanda da sociedade. Muitas vezes, eu não vou perceber que há alguma coisa errada com meu filho, mas percebo que algo não está normal com a criança que está brincando no parque, por exemplo, e aí eu posso ajudar outra família. A ideia é abrir a mentalidade das pessoas para olharem não só para seus filhos, mas para todos. A gente não pode olhar só para dentro da nossa casa; a gente precisa observar todas as pessoas ao nosso redor.   

Como psicóloga, qual dica você daria aos pais para que eles se atentassem para questões como ansiedade e depressão?

Eu diria para eles olharem o tempo que temos. Hoje em dia, percebemos uma geração de pais que não têm tempo para os seus filhos. Mas vale destacar que o tempo não é o principal, e sim a qualidade. A dica é: escolha estar verdadeiramente com as crianças, sem telas e smartphones, mas ali, com o seu filho no colo, olhando nos olhos, brincando, conversando, criando esse vínculo afetivo que faz diferença para a vida toda. 

SERVIÇO 

Cisbei

Quando: sábado (22)

Onde: Oliveira’s Place (R. T-36, nº 3.588, Setor Bueno – Goiânia)

Horário: das 8h às 18h30

Mais informações:  www.institutosuassuna.com/ead/course/transmissao-online-iii-conferencia-internacional-sobre-o-bem-estar-infantil/