Aquecendo a cena independente de Goiânia

Conheça a trajetória e os preparativos para o primeiro show da banda goianiense Sauna

Postado em: 14-03-2024 às 10h00
Por: Luana Avelar
Imagem Ilustrando a Notícia: Aquecendo a cena independente de Goiânia
"Sauna não apenas representa o local de nossos ensaios, mas também a mistura de ideias dentro desse espaço apertado, que inevitavelmente se fundem e criam nossa música", destaca Vinni sobre a influência do ambiente na sonoridade da banda | Foto: Sésio

A cena independente de Goiânia ganha mais um nome para se atentar, a banda Sauna está pronta para seu primeiro show agendado para o dia 23 de março, às 20h, no Ateliê Nancy de Melo, com entrada gratuita. Composta por seis músicos, a formação inclui Hatamari nos vocais, Gabriel Morais na viola caipira, Liw no baixo, Vinni na guitarra e vocais, Sésio nos teclados e Xúlio na bateria. Em entrevista, a banda compartilhou detalhes sobre sua jornada até o tão aguardado momento no palco.

Gabriel revela que conheceu o Liw em 2019 e, desde então, eles começaram a compor boa parte do repertório que hoje alimenta tanto a banda Sauna quanto a banda Banana Bipolar, que compartilha muitos dos integrantes e músicas.

O retorno do projeto em 2023 marcou o início de uma nova fase, com a inclusão de Júlio e Vinni. “A ideia inicial era ter vocais rotativos entre os membros e convidados, colaborando com diversos artistas”, explica Liw. “Mas após alguns ensaios, a química com Hatamari foi tão incrível que ela acabou se juntando à banda naturalmente”.

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A escolha do nome ‘Sauna’ surgiu de forma espontânea, como explica Sésio. “Foi a palavra mais intuitiva para descrever o local onde ensaiamos, um barraco nos fundos da casa do Liw. É um espaço pequeno, fechado, extremamente quente e com paredes brancas”, brinca. “Essa atmosfera acabou influenciando a sonoridade da banda. Sauna não apenas representa o local de nossos ensaios, mas também a mistura de ideias dentro desse espaço apertado, que inevitavelmente se fundem e criam nossa música”, acrescenta Vinni.

As mensagens transmitidas através de suas músicas abordam uma variedade de temas, como revela Sésio. “Nós falamos das experiências pessoais, amores perdidos, sonhos, viagens psicotrópicas e principalmente sobre o quanto odiamos o capitalismo. É muito interessante a forma como cada música nasceu sempre em um período da nossa amizade e a partir de uma experiência diferente”.

Quanto ao cenário da música independente na Capital, a banda expressa sua visão crítica. “O cenário da música independente em Goiânia é, de uma forma sincera, desanimador. Fazer arte no geral é bem difícil, há muito poucas iniciativas interessadas em novos artistas, e isso acaba gerando uma competitividade desnecessária entre todos que têm coragem para fazer uma banda, ensaiar toda semana, sem receber um tostão, e ainda tendo que trabalhar 8h por dia em outro trabalho para se manter vivos”, desabafa Liw. 

“Na nossa visão, deveria haver mais interesse por parte da própria cena local em se unir e integrar diferentes formas de arte, tornar acessível ao público fora dos pontos convencionais e extremamente disputados os eventos e, principalmente, se verem como amigos e não rivais. Isso não é uma competição. Precisamos mostrar para todas as pessoas desconfiadas e extremamente protetivas de seu espaço, com medo de novidade e mudança, que não é preciso ter medo de ‘perder o seu’ se nos unirmos e trabalharmos juntos”, conclui. “É natural e até compreensível essa postura defensiva, mas bastante hostil para quem quer começar e chato para quem já está nessa há muitos anos”.

Em relação à preparação para o primeiro show, Liw compartilha. “Está sendo bastante corrida, já que está ocorrendo ao mesmo tempo que a nossa banda irmã, o Banana, também está se apresentando e ensaiando. O processo tem sido primeiro de finalizar pontas soltas em músicas que ainda não estavam fechadas e depois de criar um set e performances coerentes. Finalizar as músicas e vê-las como um produto pronto é bastante gratificante e mal esperamos para poder mostrar na semana que vem”.

As músicas tocadas pela banda são todas autorais, revela Liw. Uma grande influência por trás das composições é com certeza o Rock, MPB e música brasileira regional. Na banda, há vários flertes com ritmos como o baião, samba, bossa, rock e rock psicodélico.

Sobre o setlist do primeiro show, Vinni destaca. “Uma mistura interessante e ousada. A banda mistura viola caipira (com bastante delay), guitarra, teclado e baixo. A proposta soa bastante experimental a princípio (e talvez seja mesmo), mas o todo se complementa muito bem e acreditamos ter um som que soa, no mínimo, único. Ao final, esperamos atingir o público com nosso som e performance, pensados e trabalhados com muito carinho”.

O local escolhido para o primeiro show é o ateliê da artista plástica Nancy de Melo, mãe de Hatamari, que também utiliza o espaço para encontros entre amigos e performances. A importância do ambiente para a experiência da apresentação é enfatizada pela banda.

“O ambiente traz conforto para uma primeira performance, e uma sensação de intimidade entre todos presentes. É um local pequeno, usado principalmente para a criação, dedicado exclusivamente para o pensamento criativo e a arte”, explica Hatamari. “Estaremos também rodeados de obras de arte e combinações de luzes que juntas, prometem compor um cenário e experiência incríveis. O flyer foi feito com colagens de obras da artista Nancy, e essa iniciativa busca principalmente integrar diferentes tipos de arte”, acrescenta Liw.

É importante observar algumas regras para esse primeiro show, como evitar danos às obras e considerar a presença de gatos para os alérgicos. Com vagas limitadas, os interessados devem garantir seu convite via mensagem direta no Instagram (@saunabanda). 

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