TonZêra: a versatilidade musical a serviço da sociedade

Cantor e compositor goiano destaca-se pelo compromisso com a preservação ambiental e a educação através da música, inspirando mudanças sociais e ambientais

Postado em: 09-04-2024 às 17h00
Por: Luana Avelar
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TonZêra busca despertar a sensibilidade ambiental nas pessoas através de sua obra literária, que se tornou uma ferramenta educativa e inspiradora | Foto: Frutos da Terra

O panorama musical do Brasil é enriquecido por talentos que vão além da melodia, buscando transmitir mensagens e impactar positivamente a sociedade. Nesse contexto, TonZêra, cantor e compositor goiano, destaca-se não apenas por sua versatilidade musical, mas também por seu comprometimento com a preservação ambiental e a educação por meio da música.

Nascido em Hidrolândia, Estado de Goiás, TonZêra é um artista que possui experiência nas áreas de Artes Plásticas, Fotografia, Cinema e, principalmente, na música. Com dois CDs gravados, um DVD e várias de suas composições interpretadas por diversos cantores, o cantor revela sua paixão e dedicação ao universo musical.

Sua trajetória artística teve início sob a influência do ambiente familiar e da rica cultura nordestina, onde elementos tradicionais se misturam harmoniosamente com guitarras distorcidas e sons eletrônicos, resultando em uma sonoridade autêntica. “Meu pai, um instrumentista autodidata, despertou em mim o interesse pela música desde cedo. Eu escutava muita música nordestina, tudo isso influenciou e influencia o meu trabalho até hoje. (…) Eu adoro essa fusão de sons, de linhas de som, que traz nas tradições desses ritmos, e acaba tendo um pouco da minha cara”, comenta. 

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TonZêra lançou seu primeiro CD ‘Com Fusão’ em 2002. Neste álbum, o artista combinou elementos de congada, ciranda, baião, samplers e guitarras distorcidas, conquistando reconhecimento no cenário musical goiano. Sua notoriedade o levou a se apresentar em eventos de prestígio como ‘O Canto da Primavera’ em Pirenópolis, ‘Festival Internacional de Cinema Ambiental’ (FICA) na Cidade de Goiás, Circuito Cultural Banco do Brasil e Bienal do Livro.

Na década de noventa, o artista compôs e produziu a trilha do filme ‘Tropas e Boiadas’, antes de embarcar para a Europa, onde realizou diversas apresentações em cidades como Hamburg, Alemanha, e Locarno, Suíça. Em 2003, foi convidado a participar do projeto CD ‘Terrorista da Palavra’, ao lado do poeta Leo Pereira, músico Dênio de Paula, poeta Marcos Caiado e cantora Cláudia Vieira. O CD foi gravado ao vivo em Goiânia, resultando em várias apresentações pelo Brasil, incluindo Belo Horizonte e Porto Alegre, em eventos como o Fórum Social Nacional e o Fórum Social Mundial.

No final de 2004, TonZêra recebeu o convite para participar do CD ‘Parceria’, com composições do regente, pianista, compositor e arranjador Jarbas Cavendish, e letras do diretor de teatro Danilo Alencar, contando também com a participação do cantor João Caetano e da cantora Vânia Borba.

Seu segundo CD solo, intitulado ‘No Meio do Mundo’, foi lançado em 2009, e em 2011 participou novamente do CD ‘Terrorista da Palavra, Muito Perto do Samba’. Além disso, várias de suas músicas foram gravadas por outros artistas, como Cláudia Vieira, Laércio Correntina, Nila Branco, Sabhá Moraes, Thaís Guerino, Ney Couteiro, Banda Guetsu, entre outros.

O lançamento do DVD ‘A Ideia do Novo Não Para’, em 2016, ofereceu aos fãs um registro emocionante de seu show e um olhar detalhado sobre suas diversas facetas artísticas, revelando a constante capacidade em surpreender e encantar seu público com expressão criativa e compromisso com a arte em suas múltiplas formas. “Esse DVD traduz muito a minha inquietude. Eu estou sempre na busca de coisas novas, de criar, de exibir para o público as minhas criações”, afirmou o cantor.

Apesar dos desafios enfrentados pelos artistas em Goiás, ele destaca que as dificuldades são comuns em qualquer lugar do mundo. “O começo na música sempre é muito difícil”, comenta. TonZêra enfatiza a jornada nos bastidores da música, afirmando que “aquilo que o público vê no palco é apenas um fragmento de um trabalho muito longo que fica ali nos bastidores”. Para ele, embora o advento da internet tenha facilitado a divulgação do trabalho dos artistas, isso também traz consigo “certas dificuldades pessoais”. No entanto, reafirma sua paixão pela música, declarando que “não trocaria minha profissão de músico por nenhuma outra”.

Em 2019, o cantor deu um passo além em sua carreira artística ao estrear no mundo da literatura com o lançamento do livro-CD ‘O Canto da Bicharada’. Em parceria com a ilustradora Adriana Zanardi e o selo da Cânone Editorial, a obra busca integrar texto e música para abordar temas como memória cultural, folclore e a importância da preservação do meio ambiente. O autor destaca: “O livro nasce com essa perspectiva de levar um pouco da discussão da temática ambiental e despertar nas pessoas a sensibilidade com o ambiente. É um projeto que eu vejo uma longevidade incrível nele”. 

O Teatro Goiânia apresentou o musical infantil ecológico ‘Mundo Mágico – O Canto da Bicharada’, em 2023, baseado na obra de TonZêra. O artista revelou planos de expansão para o projeto. “Eu penso traduzi-lo para outros idiomas e já começo a escrever um desdobramento. Como se fosse uma segunda parte do canto, um segmento. Eu espero em breve poder apresentar isso para o público”, revelou.

TonZêra discute o papel do artista como agente de mudanças, exemplificado por seu projeto ‘A Ideia do Novo Não Para’ e o desdobramento do ‘O Canto da Bicharada’. Além do entretenimento, ele enfatiza o poder do artista como ferramenta para promover mudanças sociais e ambientais, buscando inspirar e conscientizar através de sua obra. Para ele, é fundamental que os trabalhos artísticos sejam genuínos e coerentes, indo além do interesse mercadológico e buscando propostas verdadeiras para promover o crescimento da sociedade como um todo.

Em uma vida atualmente nômade, o artista está explorando o Brasil, absorvendo diferentes culturas e reunindo informações que moldarão seu trabalho artístico. As experiências vividas durante essas jornadas têm um papel importante em seu processo criativo. “Isso tudo deixa em mim impressões que eu possa vir a traduzir para uma linguagem dentro do meu trabalho artístico. Eu acho que tem muito chão ainda para andar. Eu só espero ter salvação. Eu só espero ter saúde e disposição, lucidez para poder continuar seguindo ainda com o meu trabalho por bastante tempo”, concluiu o artista.

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