Mostra de cinema indígena percorre quatro cidades goianas

2˚ edição da Mostra integra a programação oficial da Semana dos Povos Indígenas da PUC/GO

Postado em: 15-04-2024 às 12h30
Por: Letícia Renata
Imagem Ilustrando a Notícia: Mostra de cinema indígena percorre quatro cidades goianas
A mostra tem o objetivo de dar visibilidade para a produção cinematográfica de realizadores indígenas sobre suas lutas e resistência histórica | Foto: Divulgação

Com o objetivo de valorizar o legado de Dom Tomás Balduíno e dar visibilidade para a produção cinematográfica de realizadores indígenas sobre suas lutas e resistência histórica. De 17 a 19 de abril acontece a 2ª edição da Manifesto – Mostra Dom Tomás Balduíno de Cinema Indígena, em seis sessões, no Centro Cultural da UFG, com entrada gratuita. 

O evento integra a programação oficial da Semana dos Povos Indígenas, promovida pela PUC/GO, e tem apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. A realização é da Vietnam Filmes, Balaio Produções e Comitê de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno.

Segundo os idealizadores, Claudia Nunes e Erico Rassi, a edição especial da Mostra foi criada para comemorar o Centenário de Dom, que foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e defensor histórico de direitos humanos na América Latina. 

Continua após a publicidade

Programação

A sessão de abertura da Mostra, na quinta-feira (17), acontece às 19h, com o tema ‘Imagem e Memória’, e dá o tom do evento, exibindo os documentários ‘Yaõkwa – Imagem e Memória’, com direção de Vincent Carelli e Rita Carelli (Pernambuco/2020), apresenta o reencontro do povo Enawenê Nawê, com o ritual Yaõkwa, filmado ao longo de 15 anos pelo projeto Vídeo nas Aldeias. E ‘Avá Canoeiro – A Teia do Povo Invisível’, com direção de Mara Moreira (Goiás), foi realizado entre 2005 e 2006, e traz cenas raras do Povo Avá Canoeiro, de Goiás, vítima de um dos massacres mais cruéis contra povos indígenas brasileiros, restando apenas alguns sobreviventes.

Além dos filmes, serão realizadas rodas de conversa após as sessões para abordar diferentes temas: Goiás – territórios invisíveis e apagamento histórico; Vozes de vanguarda, memória e descontinuidade; Sem ancestralidade não há futuro; Encantamentos do mundo; Herança colonial, capitalismo e direitos humanos.

Filmes e debates que contrapõem a hegemonia ‘branca’ no cinema brasileiro

A Mostra Manifesto, com um forte olhar político e decolonial, percorre os municípios goianos de Goiânia, Catalão, Quirinópolis e Corumbá de Goiás, além da cidade de Uberlândia/MG. A programação é composta por um conjunto de obras expressivas do pensamento e cosmovisão de artistas indígenas do audiovisual, garantindo um contraponto à hegemonia branca no cinema brasileiro.

Quem foi Dom Tomás, o Bispo piloto que se comunicava nas línguas Xicrin e Kayapó 

Dom Tomás Balduino nasceu em Posse, Goiás, no dia 31 de dezembro de 1922, e morreu em 2 de maio de 2014, aos 91 anos. O frade dominicano foi parte importante da história das lutas populares no Brasil e na América Latina. Filósofo e mestre em Antropologia e Linguística, o bispo emérito da Cidade de Goiás lutou por toda sua vida por justiça social, pelos direitos dos povos indígenas, camponeses, trabalhadores sem terra, e das demais comunidades tradicionais.

Conhecido como o bispo da Reforma Agrária e dos Indígenas, era um homem incomum, que aprendeu a falar a língua dos povos Xicrin e Kayapó. Além disto, para melhor atender a enorme região do Vale do Araguaia paraense e parte do baixo Araguaia mato-grossense, se tornou piloto de aviação, ganhando de amigos da Itália um avião teco-teco, que o ajudou no apoio e articulação dos povos indígenas, além de o ajudar a salvar pessoas perseguidas pela ditadura militar.

Sua atuação ao lado dos pobres e injustiçados marcou profundamente sua trajetória, o que provocou a ira do governo militar e dos latifundiários que perseguiram e assassinaram várias lideranças dos trabalhadores. Na década de 1970, o próprio Dom Tomás se tornou um desses alvos. Nesta mesma época, Dom Tomás foi personagem fundamental no processo de criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975.

SERVIÇO

2ª edição da Manifesto – Mostra Dom Tomás Balduíno de Cinema Indígena

Quando: 17 a 19 de abril

Onde: Av. Universitária, Nº 1533, Setor Leste Universitário – Goiânia

Horário: 19h

Entrada gratuita

Veja Também