Almir Pessoa se apresenta com a Orquestra de Violeiros

SABRINA MOURA*

Conhecido como um dos melhores violeiros do País, Almir Pessoa se apresenta nesta terça-feira (20), com a Orquestra de Violeiros, no Teatro Sesi. A orquestra é fruto do Instituto de Viola Almir Pessoa (Ivap), onde ele repassa seus conhecimentos e une os amantes da viola.

Segundo Almir, desde a criação do instituto a procura do público tem sido satisfatória, e, na maioria dos casos, surpreendente, pelo fato de só serem ministradas aulas de viola caipira. “Eu sempre ficava observando, nas divulgações das outras escolas de música, que a viola caipira era sempre ‘uma última opção’, então decidi fundar o instituto voltado a trabalhar somente com a viola caipira. Acaba que nos surpreendemos com a quantidade de pessoas interessadas. Temos alunos atuantes em que o mais novo tem 8 anos e, o com maior tempo de juventude, 92 anos”, explica Almir.

Ao ser questionado sobre a sensação de se apresentar junto à Orquestra de Violeiros do instituto, criado e incentivado por ele, Almir afirma ser incrível ver um projeto nascer, crescer e, com apenas três anos de existência, já gerar frutos como a orquestra. “Há pessoas que começaram a tocar e, no primeiro acorde que deu, já foi parar na orquestra, estão se apresentando e tocando por aí, com um nível bem aceitável de viola. É uma sensação muito especial ao relembrar, também, todo o trabalho realizado até chegarmos ao ponto em que estamos”.

No repertório da apresentação, estão composições autorais, releituras de clássicos da música sertaneja, MPB e country, com arranjos cuidadosamente elaborados. “Além das releituras dos clássicos caipiras, já tocados por mim, estou trazendo também um pouco de música instrumental de um projeto o qual já venho desenvolvendo. Não tenho nada gravado ainda, porém estou compondo algumas peças instrumentais que pretendo mostrar nessa apresentação”, conta Almir ao Essência.

Para o violeiro, a cultura precisa ser exercitada na sua autenticidade. Há importância de se manter viva a tradição da viola caipira – como é feita pelo instituto, fazendo releituras de clássicos da música caipira. “É como se você desse um prêmio de patrimônio cultural para uma determinada cidade ou um monumento para preservar sua memória e também exercitar. Só preservar e deixar guardado é uma coisa; é preciso fazer o exercício da música que vai gerar novas coisas. A viola por si é apenas um instrumento musical. O que torna especial é o que a gente faz com ela, uma questão de identidade cultural”, esclarece Almir.

História

Cantor, compositor e instrumentista, o violeiro começou sua carreira ainda na adolescência, e já são mais de dez anos de estrada. Almir Pessoa é formado em Música pela Universidade Federal de Goiás e Mestre em Performance Musical pela mesma instituição. 

Suas apresentações têm repertório diversificado, cantando músicas sertanejas autênticas, baladas românticas e sucessos internacionais com arranjos especiais para viola. Quase sempre encerra seus shows, dançando catira, sob aplausos calorosos do público. Ousado e criativo, ficou conhecido como ‘violeiro do Brasil’, desde que presenteou o público com o Show Viola na Arena, quando desceu de tirolesa tocando dentro de uma arena de rodeio. O artista inova sempre em suas apresentações pelo Brasil e em shows internacionais – em países como Alemanha, França, Inglaterra, Portugal, Bélgica e Suíça.

Almir tem cinco CDs gravados e dois DVDs (Almir Pessoa O Violeirodo Brasil e Um Coração Caipira). Em 2013, lançou o livro A Viola por Almir Pessoa – Digitação de Escalas para Viola Caipira Afinada em Mi Maior, onde explica seu método de tocar o instrumento que, a cada dia, ganha novos adeptos independentemente da idade.

Europa

Almir Pessoa teve muitas experiências na Europa. Em uma delas, ele foi um dos brasileiros selecionados pelo Ministério da Cultura para um intercâmbio com a instituição que mantém convênio com o Brasil. Em outra oportunidade, atendendo ao convite da escola World Heart Beat Academy of Music, de Londres, ele também ministrou oficinas de música brasileira para alunos de diferentes faixas etárias da capital da Inglaterra.

O artista relembra que, quando foi para fora, nas primeiras vezes começou tocando para comunidades brasileiras, como todo mundo faz. “Há alguns anos, ao passar em um edital do Ministério da Cultura, ministrei oficinas para os ingleses. Eles gostam demais desses trabalhos. Na minha última, ida fui especialmente para realizar um curso de viola caipira”, relembra Almir. “A organização deles é uma coisa memorável. Eles só param quando conseguem fazer os exercícios. Tem aulas que são contadas e quebradas em cima da risca. Isso para mim foi uma experiência interessante, porque acontece mesmo, as pessoas se interessam muito”, completa ele.

O artista está se preparando, agora, para novos projetos. “Esse disco instrumental que estou começando a empreender vem muito a calhar. Quando se faz uma viagem para fora do Brasil, você acha tudo diferente. De certa maneira, quero manter isso também. Nunca gravei nada instrumental. Sempre fiz shows mais cantado muito para cima. Essa ‘vibe’ instrumental, na verdade, é até para me desafiar, reinventar e me tirar sempre do lugar comum”, finaliza Almir.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Almir Pessoa & Orquestra de Violeiros do Ivap

Quando: terça-feira (20) 

Onde: Teatro Sesi (Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva – Goiânia)

Horário: 20h

Entrada: doação de 2kg de alimentos não perecíveis ou 1 livro literário