‘Concertos UFG’ encerra temporada 2018 nesta quarta-feira

SABRINA MOURA*

O Concertos UFG encerra a temporada 2018, nesta quarta-feira (21), com Nahim Marun, um dos principais representantes de pianistas brasileiros. Para   a professora Gyovana Carneiro, uma das idealizadoras desta série de concertos, Nahim é um grande pianista que tem se destacado não só no País, mas também no exterior, realizando um trabalho performático e de pesquisa. “Nós queríamos trazer para o encerramento um grande nome do piano solo, pois Goiânia tem uma tradição de piano muito forte. O Nahim é um dos representantes da escola pianista brasileira”, explica Gyovana. 

Fazendo um balanço dessa temporada, a professora expressa um saldo positivo, com uma presença grande do público. “A aceitação do goianiense está cada vez maior. Os músicos que recebemos sempre saem satisfeitos pela qualidade das salas de espetáculos, dos instrumentos e por ter sempre a sala cheia – algo que não é comum no Brasil”.

Dentre as várias temporadas realizadas pelas professoras da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (Emac/UFG) Gyovana Carneiro e Ana Flávia Frazão – tanto dos Concertos Didáticos para Juventude, quanto dos Concertos UFG, elas tiveram a felicidade de trazer excelentes músicos com casa cheia. “Para 2019, nós já temos aprovados o projeto Concertos Didáticos para Juventude, que levamos estudantes da escola pública e fazemos uma palestra para que eles entendam o que vão escutar. Temos também aprovado o Simpósio Internacional de Música de Câmara para onde trazemos um repertório diferenciado e obras que não são muito tocadas na música de câmara”, conta Gyovana ao Essência.

O pianista

O paulista Nahim Marun iniciou a carreira como solista de orquestra, aos 18 anos, quando recebeu vários primeiros prêmios em concursos nacionais. Ele estudou com os célebres músicos Isabel Mourão, Grant Johannesen, Koellreutter, Carl Schachter e DanièlePistone. Concluiu mestrado em Nova York, no The Mannes Collegeof Music, e o pós-doutorado, em Paris, na Université Paris-Sorbonne. 

Após completar sua formação no exterior, foi premiado Melhor Solista do Ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte e indicado Melhor Pianista pelo IV Prêmio Carlos Gomes. Em 2016, recebeu o Prêmio Pró-Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo para gravar o CD Miniaturas de Oswald, que incluiu obras para piano até então inéditas do compositor romântico brasileiro Henrique Oswald. 

As gravações receberam o Diapason d’Or, o Prêmio Bravo! de Cultura e foram selecionadas entre as Melhores do Ano pela Iberian and Latin Music Society de Londres. E foram recomendadas pelas revistas Diapason (francesa), Diverdi (espanhola) e American Record Guide. 

Marun é professor-doutor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), possui diversos livros publicados e ministrou aulas, concertos e recitais nos países Brasil, Uruguai, Colômbia, França, Itália e Estados Unidos. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO

‘Concertos UFG’ com o pianista Nahim Marun

Quando: quarta-feira (21) às 20h30

Onde: Centro Cultural UFG (Av. Universitária, nº 1.533, Setor Leste Universitário – Goiânia)

Entrada gratuita 

Entrevista: NAHIM MARUN  

Como é para você ser um dos principais representantes dos pianistas brasileiros?

Eu sempre tive muita determinação. A carreira não é só talento: você tem querer muito, tem que gostar de estudar, ter uma grande força de vontade, e isso eu sempre tive. Eu já tinha um objetivo de fazer um trabalho importante no Brasil, e deu certo! Essas coisas dependem de muitos fatores – pessoais e psicológicos. Desde o começo, eu já tinha esse sonho de fazer um trabalho importante coma música.

Qual a importância de se propagar a música clássica atualmente?

É fundamental para o ser humano a arte em geral. A música está incluída na arte. Eu acho que algumas artes – como por exemplo as plásticas e as visuais– chegam mais ao público. A música depende de um pouco mais de concentração, precisa-se ir para o lugar e ser apreciada. Muitas pessoas acham que a música pode ser ouvida como se toma um sorvete (risos), e não é! É preciso prestar atenção no que está acontecendo. A música é uma arte abstrata que fala diretamente para o público. A divulgação feita pelos veículos de comunicação também é de extrema importância, não só para despertar o interesse do público para comparecer aos concertos, mas também para a propagação desse tipo de arte que, em muitos casos, são gratuitas e para todos os públicos.

Qual sua expectativa para esta apresentação?

Eu inaugurei esse piano! Fui o primeiro a tocar nesse piano da UFG – há aproximadamente três anos. Foi muito gostoso tocar ali, naquele espaço, que possui uma boa acústica e um piano excelente! Tenho as melhores expectativas para essa apresentação!

Quais as peças escolhidas para a apresentação? E qual a importância delas na sua trajetória?

Essas peças são bastante importantes para mim. A primeira do Villa-Lobos eu gravei em um CD, e ganhei prêmios por elas. Trata-se de A Prole do Bebê, que são oito bonecas, cada uma com a sua particularidade – de louça, de massa, de barro, de borracha, de pau, de trapo, e de pano – em que Villa-Lobos retrata não só o físico de cada uma delas, mas o material de cada uma delas, o que as tornam diferentes umas das outras. A outra peça é uma sonata de Franz Liszt considerada uma das mais importantes do repertório para o piano. Ela é baseada na lenda medieval de Fausto – depois, várias pessoas acabaram escrevendo sobre esse mito, aquele personagem que entrega a alma para o diabo realizando um pacto com ele. É uma peça filosófica, muito bonita e um dos grandes monumentos do repertório do piano.