Morre Bernardo Bertolucci, último mestre do cinema italiano

Poeta, produtor, roteirista e diretor, ele pertencia a uma família de reconhecidos escritores e cineastas italianos

Postado em: 27-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Poeta, produtor, roteirista e diretor, ele pertencia a uma família de reconhecidos escritores e cineastas italianos

O cineasta Bernardo Bertolucci, um dos nomes mais expressivos da cinematografia italiana da segunda metade do século 20 – com obras como 1900 e o ganhador de nove Oscars –, morreu em Roma, aos 77 anos, informou, ontem (26), a imprensa italiana. A causa da morte não foi revelada.

Poeta, produtor, roteirista e diretor, Bertolucci era considerado o último grande mestre do cinema italiano.Nascido em Parma, no norte da Itália, em 16 de março de 1941, sua chegada ao mundo da cultura e da sétima arte não foi casual, já que ele pertencia a uma família de reconhecidos escritores e cineastas italianos.

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Suas obras nunca deixaram público e crítica indiferentes, algumas suscitaram enormes polêmicas como Último Tango em Paris (1972), que narra a conflituosa história de amor protagonizada por Maria Schneider e Marlon Brando e foi censurada em diversos países.

Palma de Ouro

Dentre os vários prêmios que recebeu, Bertolucci foi agraciado com o Leão de Ouro à carreira no Festival de Veneza, em 2007, e com a Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes, em 2011, além dos Oscars de Melhor Diretor e Roteiro (dividido com Mark Peploe) em 1988 com O Último Imperador.

Bertolucci entrou para o mundo do cinema com 20 anos, pelas mãos de outro grande cineasta italiano, Pier Paolo Pasolini, de quem foi assistente durante as gravações de Accattone – Desajuste Social (1961).

Sua primeira produção cinematográfica foi A Morte (1962), o ponto de partida de uma carreira brilhante como cineasta, que o colocou entre os mais importantes da história italiana, sempre em busca do intimismo e de uma análise contínua da juventude.

Após esse filme, Bertolucci dirigiu Antes da Revolução (1964) e O Conformista (1970), obras com as quais se consagrou como um diretor que trabalhava na introspecção de seus personagens.

A carreira internacional de Bertolucci se destacou com Último Tango em Paris, que recebeu duas indicações ao Oscar – Melhor Diretor e Melhor Ator (Marlon Brando) – em 1973, e, naquele mesmo ano, também recebeu outras duas indicações ao prêmio Globo de Ouro, a Melhor Filme e Melhor Diretor.

O cineasta não conseguiu nenhum desses prêmios, mas as indicações o situaram no primeiro escalão do cinema internacional.

Sucesso internacional

Bertolucci continuou seu sucesso internacional com 1900 (1974-1976), um filme dividido em dois atos, que retrata a vida camponesa da Itália da Grande Guerra e do fascismo.

Em 1987, o italiano lançou o longa-metragem que lhe trouxe maior reconhecimento, O Último Imperador, que acabou recebendo quatro Globos de Ouro e nove Oscars, dentre eles, os de Melhor Filme, Diretor e Roteiro. O filme resgata a figura de Puyi, o imperador da China derrubado pela revolução de 1911.

Seis anos depois, em 1993, estreou outro grande sucesso, O Pequeno Buda, a história de uma criança americana que monges budistas acreditavam ser a reencarnação de um de seus lamas.Em 2003, Bertolucci dirigiu Os Sonhadores, depois do qual sofreu um grave problema nas costas que o obrigou a ficar em cadeira de rodas. Seu último filme é de 2012, Eu e Você, no qual voltou a tratar o tema dos jovens. (Agência Brasil)

 

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