Da folia ao pop, do sertão ao litoral

Atração do Gyn Gatrô, festival que reúne gastronomia e cerveja artesanal, Alceu Valença um dos maiores artistas de Pernambuco, fala sobre seu último disco e sua relação com a nova geração

Postado em: 10-05-2024 às 10h00
Por: Letícia Renata
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Dono dos clássicos mais cantados pelo Brasil e pelo mundo, ‘Belle de Jour’, ‘Pelas Ruas que Andei’, ‘Tropicana’, ‘Táxi Lunar’ e ‘Anunciação’, o pernambucano Alceu Valença apresenta uma turnê que reúne frevo, maracatu e mpb | Foto: Divulgação

Dono dos clássicos mais cantados pelo Brasil e pelo mundo, ‘Belle de Jour’, ‘Pelas Ruas que Andei’, ‘Tropicana’, ‘Táxi Lunar’ e ‘Anunciação’, o pernambucano Alceu Valença, desembarca em Goiânia nesta sexta-feira (10), com uma turnê que reúne frevo, maracatu e mpb e se apresenta na edição especial do Circuito Gastrô, a partir das 18h, no Centro de Convenções da Puc.

Da folia ao pop, do sertão ao litoral, o show inclui frevos que saíram das ruas de Pernambuco para todo o país, e conquistaram as ruas de São Paulo e Olinda nos desfiles do bloco Bicho Maluco Beleza, comandado por Alceu. Além de muito forrós, baiões, xotes, toadas e emboladas.

No final da tarde de uma bem-vinda ensolarada quarta-feira, em um bate-papo com o Essência, em cada uma de suas respostas, o artista aproveita para contar histórias hilárias, declamar poemas e cantar, praticamente uma performance. 

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O ícone da música brasileira destaca que é sempre bom voltar a Goiânia, cidade que já dedicou uma de suas canções. “Mais uma vez eu volto a Goiânia, saudades, sempre eu passo por aí, tem até uma  música que eu fiz que é ‘Em maio eu montava um cavalo, chamado de Ventania, lembrei olhando o calendário, do tempo que me querias, em junho estava em Goiânia naquela noite tão fria, teu corpo foi meu agasalho do tempo que me querias’, afirma cantando o verso da estrofe. 

Prestigiado e reconhecido pelas suas músicas, Alceu explica de onde vem suas inspirações. “Uma cena do passado muito longo atrás, pode ser uma cena de um passado mais recente, uma cena que passou ontem, pode ser hoje ou aqui agora, pode ser depois. São várias as inspirações e vários tempos que elas ocorrem”.

Questionado se existe alguma composição que ocupa o primeiro lugar no seu coração, o cantor logo brinca dizendo que ama todas. “Eu digo assim, quando eu perguntava à minha mãe qual dos filhos que ela gostava mais, a mamãe dizia que todos. Aí agora, eu digo assim, das músicas que eu compus, são todas iguais pra mim. Que saiu da minha alma e eu gosto dela. Pode ser até que as pessoas não gostem, mas pode ser até que uma pessoa não goste do filho de uma mulher, ou de um casal, e que goste do outro, então é por aí”, comenta rindo. 

A figura feminina e os nomes das cidades compõem grande parte de seu repertório, Alceu costuma sempre as retratarem. “As coisas que eu projeto, se fosse o caso uma mulher, eu posso me inspirar numa ex-namorada, a minha mulher, na cidade de Goiânia, como eu já me inspirei, como eu me inspiro na cidade de Recife, em São Paulo, tenho música de Belo Horizonte, Lisboa, Paris, por onde eu passo, as cidades me marcam. Só a cidade não, eu costumo andar muito pelas estradas. As estradas me inspiram. Inclusive, ‘Senhor Estrada’ é o nome de uma música minha, que está no meu disco, chamado também ‘Senhora Estrada’, e que ganhou o Grammy”, explica.

Utilizadas como dedicatórias para um grande amor, suas melodias também são passadas de geração em geração, de um filho que escutou através de um pai ou de um momento especial em família. Alceu diz ficar contente em se deparar com crianças acompanhando seu trabalho. 

“Hoje, crianças adoram as músicas que são antigas, mas assim, ao sair nas ruas aqui no Rio de Janeiro, o tempo todo sou parado, as crianças pequenininhas me param com os pais. Entendendo assim que uma obra que vem do coração, ela não tem tempo”, diz.

Último disco 

Com um roteiro cinematográfico, Alceu lançou em janeiro um disco de sucessos carnavalescos, intitulado ‘Bicho, Maluco, Beleza – É Carnaval’, com regravações de repertórios antigos. “Como eu faço o carnaval lá em São Paulo, com o bloco ‘Bicho, Maluco Beleza’, esse disco veio para atender as pessoas que vão para o bloco e também conhecerem as músicas”, finaliza.

Essa faixa-título é uma parceria com a cantora baiana Ivete Sangalo. Em quase cinco décadas de carreira, o artista lançou 44 álbuns, mais de 300 composições, dentre elas dezenas de sucessos. ‘Tropicana’, por exemplo, em menos de um ano, vendeu 1,6 milhão de cópias; o disco ‘Anjo avesso’, que tinha ‘Anunciação, mais de 1,5 milhão; e ‘La belle de jour’, 800 mil unidades.

Alguns desses álbuns lhe renderam prêmios e honrarias, como Amigo da arte (2014), indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Regional. Com o disco ganhou, em 2015, o ‘26º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Cantor Regional’. Por ano, realiza espetáculos de diferentes formatos: para o Carnaval, para o São João, para teatro (‘Valencianas’, realizado junto à Orquestra Ouro Preto, com a qual fez shows em Portugal e na França) e para festivais de rock, como o ‘Psicodália’ e o ‘Rock in Rio’.

Hoje, além do show de Alceu Valença, o Circuito Gastrô vai contar com várias estações gastronômicas, que enaltecem o melhor da culinária regional e cervejas artesanais, com os maiores cervejeiros do Brasil. Os ingressos para o evento podem ser adquiridos pelo site (ingressossa.com). 

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