Apesar dos pesares, gaúcho Humberto Gessinger rouba a cena durante show em Goiânia

Multi-instrumentalista é inegavelmente um gênio da música brasileira, e não à toa reuniu centenas de pessoas para vê-lo, ou revê-lo, no último sábado

Postado em: 13-05-2024 às 14h50
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Apesar dos pesares, gaúcho Humberto Gessinger rouba a cena durante show em Goiânia
Multi-instrumentalista é inegavelmente um gênio da música brasileira, e não à toa reuniu centenas de pessoas para vê-lo, ou revê-lo, no último sábado. Foto: John Luiz

Humberto subiu ao palco da Arena Multiplace, no último final de semana, ligeiramente rouco. Ninguém, porém, se incomodou com o fato. Afinal, era Humberto Gessinger no microfone. Em outras palavras, um dos maiores e mais talentosos nomes da música brasileira. Rouco ou não, pouco importa, até porque Humberto se provou capaz (como poucos seriam) de sustentar quase duas horas de um show marcado, sobretudo, pela qualidade técnica.

A turnê ‘Quatro Cantos de um Mundo Redondo’ reúne nada mais, nada menos que os maiores sucessos da trajetória do músico, e, claro, do Engenheiros do Hawaii – queira ou não, ambos são inseparáveis. Em resumo, um compilado de clássicos capaz de levantar a plateia logo nas primeiras notas.

No auge dos seus 60 anos, sendo quase 40 deles dedicados aos palcos, Humberto descobriu a dose certa entre a interação e a entrega. Ele sabe fazer bonito quando toca o baixo, a gaita, o teclado, ou, às vezes, todos eles juntos. O multi-instrumentalista é inegavelmente um gênio da música brasileira, e não à toa reuniu centenas de pessoas para vê-lo, ou revê-lo, no último sábado (11/6).

Continua após a publicidade

Ele chegou vestido de branco. Inteiramente de branco. O contraste ficou a cargo do verde pujante de um baixo imponente que costuma acompanhá-lo. E garantiu, como sempre, a alegria de todos.

Um trabalho, imagino, que se tornou ainda mais desafiador para o gaúcho que vive dentro de Gessinger. No palco, um artista com a missão de levar felicidade a um país que testemunha, neste momento, cenas de tanta tristeza.

Há exatos sete dias antes do show do último sábado, todos sabem, Porto Alegre, a cidade natal de Humberto, e diversas outras vizinhas, viveram o primeiro dia de um pesadelo aparentemente interminável. Enchentes inundaram os municípios e destruíram tudo. Literalmente tudo. Como se não bastasse, a catástrofe ceifou centenas de vidas e afetou, de alguma forma, a vida de mais de 1,5 milhão de pessoas.

Humberto falou sobre o assunto. Pouco, mas o suficiente. Agradeceu o apoio dos irmãos de Goiás e todo Brasil. Ao citar o Rio Grande do Sul, foi interrompido imediatamente por uma onda de aplausos. Ele estava em Recife quando, nas palavras dele, “tudo aconteceu”. Não pôde retornar ao seu estado e precisou dar continuidade na programação de uma turnê com agenda confirmada em todo país.

A missão do artista Humberto Gessinger se tornou mais árdua diante desse contexto. Afinal, por trás da vestimenta inteiramente branca, como quem busca paz para um coração angustiado, mora um homem que é pai, sogro, marido, cidadão, gaúcho.

Ao falar sobre o assunto, agradeceu (três vezes) os brasileiros pelo apoio. Lamentou a necessidade de momentos como esse para expressarmos a união natural do nosso povo. E terminou afirmando que todo alimento arrecadado pela organização do show será imediatamente enviado às famílias do Sul. Depois, tocou mais umas quatro e deixou o palco com o semblante de missão cumprida. E, claro, de quem mal pode esperar pela hora de voltar para casa.

Veja Também