Dieta Flexível: sem orientação profissional, regime pode ser nocivo

Popular nos EUA e chegando com força ao Brasil, dieta promete mais emagrecimento e menos restrições

Postado em: 15-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Popular nos EUA e chegando com força ao Brasil, dieta promete mais emagrecimento e menos restrições

Já bastante comum nos Estados Unidos e em outros países estrangeiros, a dieta flexível vem ganhando popularidade rapidamente no Brasil. Porém, com a mesma velocidade vem também a desinformação, ao ponto de alguns acreditarem que, nesse tipo de hábito alimentar, comer a famosa junk food – uma comida rica em calorias e de baixa qualidade nutritiva, as ‘besteiras’ – regularmente também é viável “se couber nos seus macros”. Erro que a nutricionista clínica e esportiva Maíra Azevedo desfaz ao explicar o que afinal significa o bordão estrangeiro “if it fits your macros” (IIFYM, na sigla em inglês).

A nutricionista explica que o mote faz referência à quantidade de macronutrientes que cada indivíduo necessita para se manter vivo e é a partir da ingestão acima ou abaixo desse fator que se desenrolam as alterações no organismo. “Toda dieta é baseada no gasto energético total (get). Isso nos dá uma estimativa do número de calorias que vamos estabelecer dependendo do objetivo, seja ele ganho de massa muscular ou perda de peso”, esclarece.

Diante disso, a dieta flexível, como o próprio nome indica, caminha na contramão de regimes alimentares carregados de restrições e pretende permitir que o adepto possa seguir comendo sem sacrifícios extremos dentro de um equilíbrio de nutrientes estabelecido para seu perfil. “Esse tipo de estratégia é justamente para melhorar a relação do indivíduo com a comida. Em um processo de educação nutricional como deve ser é possível comer de tudo, mas sem excesso. Sabemos que restrição gera compulsão, então quando falamos de dieta flexível podemos traduzir simplesmente como ‘tenha uma dieta equilibrada’”, simplifica.

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Mas é preciso ter cuidado

Ainda assim, o surgimento de “calculadoras de nutrientes” e outras ferramentas acompanhadas de vídeos na internet fizeram com que muitos adotassem o novo hábito alimentar acreditando, por exemplo, que alimentar-se apenas de hambúrgueres ou pizzas seria aceitável desde que caiba nos macro nutrientes. O que muitos ignoram é que,além das metas para proteínas, carboidratos e gorduras – que dificilmente serão atendidas de forma proporcional comendo fast food – há também a necessidade de ingerir fibras, o que exige o consumo alimentos integrais e frutas.

Para Maíra,a distorção está ligada à falta de compreensão de que a suposta novidade nada mais é que um “nome bonito para o que é correto”. “Dieta Flexível significa manter uma alimentação equilibrada. O primeiro ponto a se trabalhar é a reeducação e entender que o ‘não-saudável’ pode sim fazer parte da alimentação, mas não com a frequência que alguns acreditam”, frisa.

A jornalista Marina Dutra tinha uma alimentação desregrada e comia muita “besteira” ao longo do dia e, principalmente, à noite. “Na minha alimentação tinha muito carboidrato, poucas frutas e muito doce. Chegou em um ponto que eu precisava fazer alguma coisa a respeito, aí procurei a Maíra para me ajudar. E ela me mostrou que é possível viver de forma mais equilibrada sem precisar comer tudo. O plano alimentar foi muito acessível para meu estilo de vida e para o meu bolso. Aprendi a comer mais frutas, a me acostumar a tomar café sem açúcar, a comer verduras e proteína no jantar, a comer 1 barrinha pequena de chocolate todos os dias sem prejudicar a reeducação. E esses hábitos continuam, mesmo depois do fim do acompanhamento”, afirma.

Mesmo com as ferramentas e vídeos, é preciso buscar acompanhamento profissional por se tratar de um tipo de alimentação desenhada de acordo com o perfil de cada indivíduo. “Existem diversas ferramentas que auxiliam a calcular os macros, mas de nada adianta ter nas mãos um número sem saber como manuseá-lo. Para o leigo, seguir a dieta sem acompanhamento dificilmente trará resultado diante da possibilidade de faltar um nutriente ou vitaminas”, finaliza Maíra. 

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