Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Escritora goiana, Maria de Regino é finalista do Prêmio Kindle de Literatura

Maria de Regino concorre com a obra ‘Três Luas de Verão e uma Figueira Encantada’ nesta 3ª edição do Prêmio

Postado em: 08-02-2019 às 06h59
Por: Sheyla Sousa
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Maria de Regino concorre com a obra ‘Três Luas de Verão e uma Figueira Encantada’ nesta 3ª edição do Prêmio

SABRINA MOURA*

Em sua terceira edição, o Prêmio Kindle de Literatura tem, dentre seus finalistas, a escritora goiana Maria de Regino com a obra Três Luas de Verão e uma Figueira Encantada. Avaliados em critérios como criatividade, originalidade, qualidade de escrita e viabilidade comercial, os finalistas passaram por um júri especial. O prêmio literário é concedido, anualmente, desde 2016, e é atribuído a um autor de qualquer nacionalidade que, de acordo com o Amazon.com, criador da distinção, “tenha produzido, através do campo literário, o mais magnífico trabalho em uma direção ideal”.

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Para Maria, que possui mais de dez livros publicados na plataforma, estar entre os finalistas foi algo muito bom. “Eu queria experimentar a publicação de e-books, que é uma coisa nova para mim, e realmente não esperava chegar à final”, conta ela. 

A obra

Em Três Luas de Verão e uma Figueira Encantada, a autora explica que se trata de uma criança autista lendo uma odisseia. “O livro está dividido em quatro partes, as três luas de verão e uma figueira encantada. A narradora é alguém que o leitor descobre somente no fim da obra; um trabalho que tem muito do que eu faço como professora de literatura”, afirma Maria. 

 

Sinopse

Pela porta aberta, entrou uma lufada de ar, trazendo os cheiros do manguezal. A chama da vela tremeu, ficou baixinha, como se fosse apagar, mas depois recuperou a força e voltou a se erguer. Somente o som do quebrar das ondas, misturado à cantoria dos grilos, concorria com o silêncio da noite. Arthur fechou os olhos, viu o rosto de seu pai se desenhar na memória, e pensou no quanto sentia a sua falta. A mãe o ignorava. Parecia estar sempre ocupada com coisas mais importantes e sem paciência para conversar. Era bem difícil conversar com a mãe. Na verdade, era tão difícil que já nem tentava mais. Trovejou no mar. O vento chegou antes da chuva, levantando as folhas secas do quintal. Os primeiros pingos grossos logo se transformaram em um cortinado de água, e, quando a corrida de um relâmpago acendeu o céu, a árvore gigante se envolveu em brilhos fosforescentes. Uma visão sobrenatural na paisagem borrada. Diante da janela, imóvel, Arthur viu a figueira enfrentar a tempestade como um bicho acuado, se contorcendo, rangendo e estalando os galhos. A solidão daquela criatura singular fez com que Arthur pensasse em sua própria singularidade e solidão.

Diante de mudanças irreversíveis, Arthur, um garoto autista, precisa enfrentar suas angústias mais profundas. Aos poucos, com a leitura da Odisseia de Homero, o apoio do avô e a companhia de um grupo de velhos apaixonados por barcos, Arthur aprenderá a refletir sobre os mistérios da vida. Mas será a descoberta de um espaço labiríntico entre as raízes de uma imensa figueira, de onde resgata objetos antigos, que o levará a compreender melhor suas próprias raízes, seus vínculos familiares, e o colocará diante dos mistérios da morte.

A travessia pelas sombras do labirinto levará Arthur a descobrir, por si, o quanto de medo um homem precisa sentir para aprender a ter coragem. E aprenderá a contar as histórias guardadas na memória das águas do velho mar. Ele saberá que a vida se faz de pequenos e grandes enfrentamentos e que nada no universo é tão simples como pode parecer aos que não têm o dom de se maravilhar.

Autora

Seu interesse pela literatura começou desde o momento em que sua família começou a ler para ela. Sueli Maria de Oliveira Regino conta que seu primeiro livro preferido, aos 4 anos de idade, foi A Bonequinha Preta, sendo por meio dele também em que ela aprendeu a ler. “Foi lendo mesmo. Nós gostamos de literatura lendo. Eu sou uma leitora da vida inteira especialmente da mitologia grega”, conta Regino.

Primeiramente, a autora quis trabalhar com artes, e, por ser apaixonada por Leonardo da Vinci, sua carreira começou nas artes plásticas na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Minha carreira começou desenhando. Depois, veio o desenho de adereços para figurinos, me levando para o teatro, onde comecei a escrever. Foi ali – no teatro – que ganhei os primeiros prêmios. Depois, me mudei para Goiás que, na época, não tinha quase nada. Com dois prêmios na dramaturgia, eu comecei a escrever romance, minhas primeiras novelas juvenis”, relembra Maria Regino.

A escritora, que é professora doutora em Letras e Linguística na Universidade Federal de Goiás (UFG), também realiza um trabalho destinado a crianças e adolescentes surdos e cegos. “A Bibliolibras é uma biblioteca on-line,  o meu grande orgulho, onde adaptamos as obras”, finaliza Maria.

Bibliolibras

O objetivo do projeto é possibilitar o acesso de crianças surdas e deficientes visuais à literatura infantil e juvenil, especialmente aos contos de tradição oral. Os livros audiovisuais reunidos nesta biblioteca podem ser usados por professores e alunos de escolas inclusivas, nas escolas bilíngues, na formação de alunos dos cursos de Letras Libras e por pais de crianças surdas e deficientes visuais.

O contato das crianças ouvintes com os textos bilíngues tem se mostrado útil como ferramenta complementar para a aquisição da Libras, promovendo, assim, mais integração entre surdos e ouvintes no ambiente escolar inclusivo.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

 

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