‘Natureza Morta’: mix de dança contemporânea e arte visual

Inspirada nas obras de Farnese de Andrade, a peça será apresentada nesta sexta (15 e sábado (16), no Teatro Goiânia Ouro

Postado em: 15-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Inspirada nas obras de Farnese de Andrade, a peça será apresentada nesta sexta (15 e sábado (16), no Teatro Goiânia Ouro

GUILHERME MELO * 

Promovendo a união entre a dança contemporânea e a arte visual, o Grupo Ateliê do Gesto apresenta o espetáculo ‘Natureza Morta’, que parte em turnê que irá passar por Goiânia, Campo Grande, Belo Horizonte, além de Piracanjuba e Cidade de Goiás. As primeiras apresentações serão nesta sexta-feira (15) e sábado (16), no Teatro Goiânia Ouro. Os movimentos dos bailarinos Daniel Calvet e João Paulo Gross se encontram, no palco, com a obra do desenhista, escultor e pintor mineiro Farnese de Andrade neste espetáculo que versa sobre o movimento Barroco.

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Nos dias 29 e 30 de março o espetáculo segue para Cine Teatro São Joaquim, na Cidade de Goiás. A entrada para o espetáculo, em todas as cidades, é franca, mas pede-se a doação de livros literários, usados ou não. Os livros arrecadados serão doados para uma biblioteca pública. O projeto tem apoio da Lei Goyazes e patrocínio da Enel Distribuição.

Para o diretor, João Paulo Gross, mesmo com toda a força de sua obra e de ser um artista concorrido e premiado até os anos 1970, Farnese tornou-se pouco lembrado ou conhecido pelo grande público nas últimas décadas.“Sua obra é muito autobiográfica, trabalhando com elementos do barroco, utilizamos das obras de Farnese como uma inspiração para falar do cotidiano”, adianta o diretor do projeto, João Paulo Gross.

Apesar de autobiográfica, sua obra parece reproduzir a biografia da humanidade. É como se ele dissesse e fizesse o que nós, no corre-corre do mundo atual, deixamos às escondidas, guardado no fundo de uma caixa deteriorada pelo tempo. Farense expõe para o mundo de forma singular um inútil relato. “A peça trabalha muito com a ressignificação das coisas, assim como as obras deFarnese, levando as reflexões e memorias de forma cultural”, explica o bailarino Daniel Calvet. 

Outro objetivo da peça, é proporcionar ao público uma experiência intimista e um exercício poético ao trazer o barroco, um movimento artístico que expõe os conflitos humanos que se equilibram entre a emoção e a razão, o prazer e a dor, a vida e a morte.“Como vivemos hoje? Não somos todos uma multidão de solitários? Uma grande aldeia global, numa rede interligada, porém marcada pelo individualismo e a solidão? Mais do que apresentar resposta, ‘Natureza Morta’ chama o espectador para refletir e questionar junto”, revela Gross.

Ainda que pertença ao século XVII, o movimento, para o diretor João Paulo Gross, pode surgir e ressurgir em outras épocas e lugares. “Barroco trabalha muito com a sensação de dualidade, como a luz e a sombra, por exemplo. Utilizamos esses elementos e características na peça, como recortes que o público vai montando o ‘quebra cabeça’”, explica. 

‘Goiânes’ 

‘Natureza Morta’ tem origem há dez anos, quando o diretor ainda morava no Rio de Janeiro. O espetáculo já passou pelo Sesc Copacabana, foi ganhador da Mostra Novíssimas Pesquisas Cênicas participou da Bienal Sesc de Dança/Edição 2009 e contou com a dramaturgia de Verônica Prates. Com residência em Goiás, Gross incorpora o repertório ao goiano Ateliê do Gesto em 2017.

Em Goiás, a peça precisou sofrer algumas adaptações necessárias a região. A primeira mudança foi no elenco de bailarinos, no Rio, Gross trabalhava com uma dança entre gêneros, com um dançarino e uma dançarina. A primeira mudança foi adaptar a dança contemporânea para dois bailarinos do sexo masculino. “Cada corpo responde a estímulos diferentes, com a mudança do bailarino, mudamos a linguagem e a coreografia que completasse a obra, o bailarino e o público”, informa o diretor. A iluminação, também teve suasalterações para encaixar melhor com o novo sentido da obra.   “A iluminação ajuda a construir sentido a peça, como trabalhamos sobre a dualidade, a iluminação também acompanha esse sentido, deixando uma construção de espaço confinado”, adianta João Paulo. A peça trabalha com o corpo, a luz e a imaginação. “Os elementos trabalham em conjunto, mas não vou revelar como, para não quebrar o encanto”, brinca, “espero todos lá para mostrar como funciona”, finaliza João. 

Grupo 

O Ateliê do Gesto nasceu da busca por novas percepções e diálogos com outras linguagens artísticas no corpo em movimento. Através de identificações estéticas e o desejo de trabalharem num projeto autoral, João Paulo Gross e Daniel Calvet, artistas com carreiras consolidadas e passagens por importantes cias de dança no Brasil, se juntaram para pesquisar o corpo, tendo como ponto de partida o movimento e sua construção dramatúrgica na cena. 

Desse encontro nasceu ‘O Crivo’, espetáculo inspirado na obra de Guimarães Rosa, ganhador do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015, do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 2015 circulando pelas cinco regiões do Brasil por diversas cidades e por diversos festivais internacionais. Em 2018 o grupo integrou o Palco Giratório, projeto de circulação das artes cênicas a nível nacional, produzido pelo Sesc.

Neste ano o grupo circula com seus espetáculos de repertório ‘O Crivo’, ‘Natureza Morta’, e prepara para uma temporada de estreia da sua mais recente criação, o espetáculo ‘Dança Boba’, dirigido por Daniel Calvet, em Goiânia no segundo semestre. Além dessas atividades o grupo embarca para uma circulação internacional no Equador e no Peru difundindo a dança contemporânea que produzem no estado de Goiás.

SERVIÇO 

Espetáculo: ‘Natureza Morta’- Ateliê do Gesto

Local: Teatro Goiânia Ouro (Rua 3, Centro)

Quando: Sexta-feira (15) e Sábado (16), às 20h.

Entrada franca ou doação de um livro literário, usado ou não.

 

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