A confusa ‘Loja de Unicórnios’

Filme entra no catálogo da Netflix, nesta sexta (5), sendo a estreia de Brie Larson, a Capitã Marvel, na direção

Postado em: 05-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Filme entra no catálogo da Netflix, nesta sexta (5), sendo a estreia de Brie Larson, a Capitã Marvel, na direção

GUILHERME MELO* 

Aproveitando o sucesso de Capitã Marvel, Brie Larson faz sua estreia na Netflix, nesta sexta-feira (5), com o filme Loja de Unicórnios (Unicorn Store, EUA, 2019). O filme foi originalmente produzido em 2017, sendo exibido em alguns festivais, mas chega ao público somente neste ano. Marcando a estreia de Larson na direção, o filme não criou muita expectativa com o público, tirando como base o trailer, que apresenta as ideias do roteiro confusas e mal distribuídas. 

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Provavelmente, a empresa escolheu adicionar Loja de Unicórnios, em seu catálogo de streaming, por conta do sucesso da atriz. O momento realmente parece oportuno, já que Brie está na crista da onda em sua carreira; o problema é que o filme não ajuda. É quase como se, escondida em algum lugar do filme, houvesse uma boa história que nunca chegou a ver a luz do dia. Esse é mais um exemplo de como a indústria da sétima arte explora os seus ‘pesos pesados’, sem pensar em consequência, como em 2017, quando Scarlett Johansson foi a protagonista do filme A Vigilante do Amanhã, filme que foi inspirado em um anime japonês. Ele marcou a bilheteria mais baixa da carreira da atriz, já que na época foi criticado por trazer uma atriz não oriental para o papel. 

Voltando para Loja de Unicórnios, o filme poderia ser uma história sobre seguir a visão artística, ou uma história sobre a dificuldade de amadurecer, principalmente naquela época, logo depois faculdade, ou até mesmo poderia ser até um conto sobre querer a aceitação de seus interesses. Mas, infelizmente, quem precisa amadurecer é Larson. Primeiro, porque ela encontra problemas em seguir qualquer uma dessas possibilidades narrativas, consequentemente falhando em acertar o tom do roteiro, da também estreante Samantha McIntyre. Mesmo com ideias boas, ao invés de abraçar a fantasia da história com uma observação mais inconsciente, a diretora (Brien) tenta caminhar entre as duas opções apenas para ver seu filme despencar no abismo da mediocridade.

Mas, se a direção é decepcionante, claro que pela falta de experiência, a atuação consegue carregar um equilíbrio. Kit, protagonista interpretada por Larson, é uma cativante estudante de arte,sendo apaixonada por cores vibrantes e unicórnios, o que causou sua reprovação na escola de Artes. Ela vive com seus pais (Bradley Whitford, de Corra!, e Joan Cusack, de Desventuras em Série), até tentar tomar uma decisão mais responsável, ao conseguir um trabalho temporário em uma empresa de relações públicas, onde ela rapidamente chama a atenção do esquisito vice-presidente da companhia, Gary (HamishLinklater, de A Grande Aposta). 

Tudo parece normal, até uma misteriosa carta chega à protagonista, informando que uma nova loja possui o que ela sempre desejou. Quando Kit vai até a loja, uma figura conhecida como ‘o vendedor’ (Samuel L. Jackson) informa que um unicórnio real está a caminho de sua vida, mas Kit em princípio deve mostrar ser capaz de amar e cuidar do ser mágico.

Mesmo sendo uma direção sem um direcionamento, Kit é uma variação da carreira de Larson, que já ganhou o Oscar de melhor atriz-coadjuvante, pelo filme O Quarto de Jack (2017). O filme carrega um tom cômico, levando o papel central para a imaginação de Larson. O grande elenco de apoio também parece estar se divertindo com o filme, especialmente Linklater e Jackson, e, após ver a interpretação de Jackson, aqui, fica fácil entender o ótimo entrosamento entre ele e Larson tanto no filme em Loja de Unicórnios, como em Capitã Marvel.

Por causa desta falta de direção na narrativa, o filme não vai para frente. As cenas são rasas, os relacionamentos entre os personagens parecem forçados e as escolhas pouco convincentes. Tentando separar as diferenças entre seus dois tons, Loja de Unicórnios parece um filme com excelentes ideias, mas mal organizado. Ele falha em seus objetivos mais simples, o que faz pensar no que aconteceria, se Larson tivesse ousado em uma grande produção. 

Claramente, Larson é uma das melhores atrizes em atividade, e, seja em qualquer filme, sua presença merece ser vista. Entretanto, como diretora, fica a impressão de que ela ainda está tentando se encontrar, o que é perfeitamente normal. Com apenas 29 anos de idade, e dirigindo seu primeiro filme, a artista ainda tem tempo para buscar um refinamento na área da direção, talvez aplicando aspectos de seus próprios talentos como atriz ou com uma melhor orientação.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

 

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