O segredo de uma amizade duradoura

No Dia do Amigo, celebrado neste sábado (20), psicóloga enaltece relacionamentos amistosos

Postado em: 20-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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No Dia do Amigo, celebrado neste sábado (20), psicóloga enaltece relacionamentos amistosos

Sabrina Moura

Para muitos, a amizade é um bem precioso do qual é necessário cuidar. A amizade verdadeira é algo inexplicável, que não se tem um valor, mas cabe a cada um expressar sentimentos verdadeiros ao seu melhor amigo – ou à sua melhor amiga.  Neste sábado (20) é celebrado o Dia do Amigo – data informal lembrada no Brasil e em alguns países como os vizinhos Uruguai e Argentina. Já dizia um velho ditado (popular): “Ninguém pode escolher a família, mas é possível selecionar os amigos…”.

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Segundo a psicóloga Márcia Gaioso, a amizade, atualmente, é mais valorizada do que em outras épocas, porque, com a família não tendo a mesma força que já teve, as pessoas se vinculam muito mais fortemente aos amigos como uma espécie de compensação. “A maior importância de se ter um melhor amigo é você exercer a vinculação com a capacidade de administrar as diferenças, porque, quando a gente faz um vínculo afetivo com uma pessoa, um vínculo fraterno de um amigo, precisamos entender que essa pessoa vem de uma outra família, uma outra história, e há muitos pontos de diferença, normalmente maiores do que das pessoas da nossa família”, explica ela sobre a importância dos amigos.

Márcia evidencia que é interessante ter um melhor amigo para exercitar essa capacidade de fazer vínculos fraternos, e, com isso, você se sente ‘pertencente’: “A necessidade de se sentir ‘pertencente’ a algo é fundamental no nosso psiquismo humano. Para você ter uma ideia, em cada célula do nosso corpo existe um registro de pulsão agregária. Nós só existimos, porque um homem e uma mulher se encontraram e se uniram para que nós existíssemos. A nossa condição humana mamífera naturalmente nos pede que nós façamos vínculos, e exercitar esses vínculos por meio de um amigo é extremamente saudável, é algo natural da nossa condição humana”.

Aline Carvalho e Rávylla Crysthinne são amigas desde a infância, e, segundo Aline, o segredo para manter essa amizade é viver sem cobrança. “Morávamos em Redenção, no Pará, e nossas casas eram bem perto;. Nós nos conhecemos brincando na rua; nos falamos, sempre, e nos vemos quando possível. Hoje, somos casadas, com filhos; ela mora em Uruaçu, e, eu, em Goiânia”, conta Aline. 

A psicóloga explica que os segredos para manter uma amizade duradoura é administrar as diferenças. “Para isso, a gente tem que estar com nosso  narcisismo trabalhado. Para trabalhá-lo, a gente consegue fazer isso com boas terapias, meditação, yoga, amadurecimento com bons filmes e boas relações. Conexão com as experiências de vida nos dá uma maturidade e saúde mental para administrar essas diferenças, gerando amigos para a vida toda”, revela.

Para Aline, o fato de serem amigas, há tanto tempo, mesmo morando em cidades diferentes, é um sentimento de acerto. “Eu me sinto realizada por ter cativado alguém para a vida toda”, conta. Para ela, o processo de ir crescendo e dividir os desafios, com a amiga, era sempre uma novidade, e ambas foram lidando cada qual à sua maneira. “Agradeço muito por todos os conselhos nesse processo”, completa.

Aline ainda relembra que, na infância, elas não eram ‘de briga’; existiam aquelas implicâncias de criança, mas, como Rávylla era mais nova, Aline era como a ‘protetora’ do grupo, chegando a brigar com quem implicava com a melhor amiga. “Hoje, somos esposas, mães, e, para mim, ela vai ser sempre a caçula que eu fazia chorar de tanto rir”, afirma ela.

Segundo a psicóloga, o título de ‘melhor amigo’ não representa nenhum problema; na verdade, ela vê como um reconhecimento a algo positivo. “Isso é uma coisa mais comum para pessoas mais jovens indicar um ‘melhor amigo’. Quando se é mais jovem, é comum se falar nesses termos de ‘melhor amigo’, e isso significa simplesmente que é ‘quase um irmão’; tem um peso grande como se fosse um irmão que não é de sangue. Esse título só seria negativo se a pessoa o atribuísse esperando – consciente ou inconscientemente – algo em troca, então, ao nomear alguém de meu melhor amigo, inconscientemente está fadada a ‘me retribuir’ certas coisas, e aceitar ‘certas exigências minhas’. Quando se atribui esse título de melhor amigo com uma expectativa de contrapartida, aí isso acaba sendo maléfico em algum momento para a relação. Quando não existe isso, é positivo, é um reconhecimento, um carinho”, explica Márcia.

Ao ser questionada se o papel de melhor amigo pode ser feito por marido, mulher ou mãe, a psicóloga afirma que a resposta é não: “Mãe, marido ou esposa não podem ser melhor amigo. Eles podem ter uma duplicidade de papéis, exercendo um papel familiar e outro social/fraterno, como o de amigo, mas não é a mesma coisa. Existe uma espécie de hierarquia energética entre esses papéis. O papel de mãe, marido e esposa é o papel mais forte do que o de amigo. Se chocarem os interesses entre o papel de mãe, esposa e marido com o papel de amigo, esse amigo é colocado para escanteio. Pode se ter uma duplicidade de papéis, mas nunca vai ser um amigo sendo mãe marido ou esposa”.

Sobre a questão das redes sociais, onde existem muitos amigos, Márcia explica que precisamos entender que amigo real, presencial, é diferente de amigo virtual. “Se entendermos essa  diferença, não vamos ter nenhum problema. Os amigos virtuais vão ser um ‘plus’ na nossa vida, e vamos saber que o nível de comprometimento que podemos contar com eles é menor, e só isso”, finaliza.

(Sabrina Moura é estagiária do jornal O Hoje sob orientação da editora do Essência, Flávia Popov)

 

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