A história da cerveja na Cidade de Goiás

Festival Cerveja no Mercado une gastronomia, música, oficinas e palestras

Postado em: 25-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Festival Cerveja no Mercado une gastronomia, música, oficinas e palestras

Sabrina Moura*

A terceira edição do Festival Cerveja no Mercado, realizado na Cidade de Goiás, começa nesta quinta-feira (25) com programação até sábado (27).

Em comemoração ao aniversário de 292 anos do município, as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são simbolicamente transferidas para a cidade, que foi capital do Estado até 1933. A transferência ocorre todos os anos, em 25 de julho, quando tem início o Festival Cerveja no Mercado. Afesta conta com inúmeros rótulos de cervejas, oficinas gastronômicas, palestras sobre  o mercado cervejeiro, apresentações musicais, dentre outras atrações, no Mercado Municipal.

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Segundo o idealizador do festival, Vandré Borges, a ideia do evento surgiu após ele começar a se envolver com cerveja artesanal, por volta de 2014. “Eu fiz curso de produção de cerveja caseira e de sommelier de cerveja, porque esse negócio é um caminho sem volta: você vai se apaixonando, saboreando as cervejas, e querendo cada vez mais. Também comecei a visitar eventos de cerveja pelo País afora. Com isso, imaginei que um evento na Cidade de Goiás, com esse cenário natural que temos, se encaixaria muito bem. Em conversas com os amigos que tomam cerveja artesanal, a secretária de Turismo e a prefeita, começamos a discutir a ideia, e, de imediato, todos gostaram da ideia”, relembra ele.

Em julho de 2017, foi realizado o ‘esquenta’ do Cerveja no Mercado, algo surpreendente para Vandré, porque o evento recebeu muito mais pessoas do que o imaginado. “A primeira edição oficial ocorreu em novembro daquele ano. Daí em diante, viemos repetindo a segunda edição (em 2018) e, nesse ano, resolvemos voltar para julho”, explica o organizador e sommelier. “O nome ‘Cerveja no Mercado’ é porque, desde os primeiros encontros, se pensava na ideia de o local ser no mercado municipal. Com isso, seu nome faz alusão ao lugar, mas também ao mercado cervejeiro como um todo”, completa.

Nesse meio tempo, Vandré revela que o festival também resgatou um pouco da história da cerveja na Cidade de Goiás, sendo este outro ponto estimulante: “A primeira fábrica de cerveja do Estado de Goiás foi fundada na cidade, em 4 de setembro de 1887. Hoje, a gastronomia local, os hotéis e pousadas e as pessoas da cidade se envolvem muito com o evento. Muitas pessoas passaram a tomar a cerveja artesanal na Cidade de Goiás”. 

Gastronomia

Aliando a gastronomia e a boa cerveja, a chef Juliana Barroso, coordenadora gastronômica do Senac Goiás, preparou receitas especiais para as oficinas do Cerveja no Mercado. “A utilização de cerveja em receitas já vem sendo usada há muitos anos. A cerveja é quase um ‘pão líquido’; é poss´´ivel fazer muitas marinadas com cerveja em carnes de aves e suínas. Já tivemos pratos feitos com cerveja preta. Com a gastronomia mais desenvolvida, ela caminha com as novidades ou destaques da época. Certamente, a cerveja artesanal vem se destacando, por isso vem sendo incorporada a receitas mais elaboradas e usadas para harmonização”, explica ela.

A chef revela que as cervejas artesanais dão vida aos pratos: “Temos regras para harmonização. Geralmente, escolhemos pratos e cervejas parecidos: uma sobremesa com uma cerveja frutada – ou, por contraste, um prato bem forte com uma cerveja leve. Temos inúmeras formas, mas a mais sagrada é experimentar e testar”.

Vandré acredita que a cerveja artesanal tem que caminhar para harmonização, e, em sua opinião, as pessoas foram condicionadas e levadas a imaginar que a cerveja é uma só. “Temos em torno de 150 estilos de cervejas catalogados – ao analisar guias do mundo. Podemos aproveitar essa variedade de estilos e caminhar para a harmonização. Os pratos podem ter a textura que for; a culinária tem essa característica de se ‘brincar’ com os ingredientes. Se nós passarmos a enxergar que possuímos uma infinidade de cervejas, e que elas podem se propor a combinar com toda essa imensidão de possibilidades que a culinária apresenta, podemos fazer um casamento perfeito”, afirma ele.

Harmonização

Os tipos de harmonização se distinguem por corte, por semelhança e por contraste. Vandré explica suas particularidades: “Na harmonização por semelhança se busca, por exemplo, uma cerveja que tenha notas de chocolate; uma cerveja escura, com uma sobremesa que tenha também notas de chocolate. A harmonização por contraste seria propor uma cerveja bem adocicada e encorpada como uma Barley Wine combinado a um prato que traz um amargor levando uma a contrastar a outra. A harmonização por corte é algo mais complexo, e tem sommelier que diz que nem é harmonização, porque, na verdade se quer cortar o sabor, por exemplo, ao se comer um prato bem gorduroso como uma feijoada combinada a uma cerveja lager bem gelada, sua carbonatação ajuda a limpar o paladar”.

O sommelier explica que a harmonização é buscar notas na cerveja de sabor e aroma que tenham semelhança com as notas que há no prato. “Para mim, a única regra da harmonização é que ela não tem regra. Pode ser feita uma harmonização e achá-la deliciosa, mas outras pessoas acharem horrorosa; isso acontece, e não tem nada de errado”, afirma Vandré.

Mercado 

Ao ser questionado sobre o atual mercado cervejeiro, o organizador revela que existem dados que mostram que de 3% a 5 % dos consumidores de cerveja também consomem cerveja artesanal. “O mercado em Goiás – e no Brasil – está em franco crescimento, porém é um dos que mais crescem, hoje em dia, em termos de fabricação de produtos. Por outro, lado ainda temos muitas dificuldades, especialmente tributárias. É preciso entender que as cervejarias são pequenas, e que elas ainda precisam de apoio” opina.

Vandré revela também que Goiás tem uma expertise em números de fábricas de cerveja como um todo, e ocupa a sétima posição, de acordo com o Ministério da Agricultura. “É importante se valorizar as cervejas artesanais e a produção no Estado por se estar produzindo uma coisa genuinamente nossa. É uma indústria que está surgindo; como consequência, estabelece um parque industrial, a geração de emprego e renda de uma maneira muito significativa”.

Escolas cervejeiras

Existem basicamente quatro escolas cervejeiras no mundo a alemã, a belga, inglesa e a americana.  Para ser uma escola o país ou a região tem que ter muitos estilos de cerveja própria catalogadas nos guias – se tem dois principais guias, o BJCP usado por caseiro e o BA usado por cervejarias. “O Brasil não tinha estilo catalogado no BJCP e recentemente ele inseriu um estilo, ainda em caráter provisório, que depois se torna constante no guia, que é o catharinasour um estilo de cerveja ácida, azedas que levam frutas”, conta Vandré. “Esse é o primeiro estilo brasileiro que entrou para o guia, e isso é muito marcante, a escola brasileira no meu ponto de vista um dia vai passar a existir e uma das características principais dela vai ser justamente o uso de adjuntos bem brasileiros. Nós temos muitas cervejarias estão indo nessa pegada de usar frutas, especiarias e temperos dando uma cara brasileira”, completa.

(*Sabrina Moura é estagiária do jornal O Hoje sob orientação da editora do Essência, Flávia Popov)

SERVIÇO

III Festival Cerveja no Mercado

Quando: 25, 26 e 27 de julho Onde: Mercado Municipal da cidade de Goiás

Horários: quinta (19h), sexta (18h) e sábado (14h)

www.sympla.com.br/cerveja-no-mercado__580376

 

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