“Moda boa que fala de amor”

Sabrina Moura

Há oito anos, a dupla George Henrique & Rodrigo roubava a cena no sertanejo ao ousar com o primeiro DVD gravado em um posto de gasolina. Mais maduros e seguindo uma tendência acústica do mercado sertanejo, os irmãos lançaram, recentemente, um trabalho intimista. Bagunça Minha Vida é o novo EP da dupla que chega às plataformas de áudio pela Universal Music. 

Segundo George Henrique, este é um projeto muito especial para a dupla. “O Bagunça Minha Vida mostra uma nova fase. Ao mesmo tempo em que conseguimos trazer um repertório mais jovem, estamos mais maduros pela experiência que a estrada nos trouxe nesses oito anos de carreira. Esse é um trabalho que tem a nossa essência e bastante moda boa falando de amor”, afirma.

Músicas

O repertório evidência o romantismo dos cantores, explorando a musicalidade, o que os torna ‘porta-vozes’ dos corações apaixonados, sejam aqueles que esperam viver um amor intenso ou aqueles que sofrem pelo fim. Rodrigo relembra que não foi fácil escolher as músicas desse EP; eles chegaram a receber mais de duas mil músicas. “Essa escolha de repertório é sempre a fase mais gostosa e a mais sofrida, ao mesmo tempo, porque a gente tem de deixar muita música boa para outro projeto e focar no momento que estamos agora”, explica ele.

O resultado, que já pode ser visto no canal oficial dos artistas do YouTube e ouvido nos streamings, são seis faixas que têm como temas a superação de um desamor na mesa do bar ou mesmo tentar se desvencilhar da pessoa para superar o fim.

A música carro-chefe do novo EP se chama Bagunça Minha Vida (Um Mês ou Uma Hora), e é a balada do novo álbum. Com arranjo envolvente e grande aposta para ganhar o público, ela fala sobre um início de relacionamento em que o que importa é amar intensamente, sem se importar se vai durar um mês ou uma hora. Aquela bagunça boa de se ter – tanto que ela dá nome ao novo trabalho. “Quando estávamos na fase de selecionar o repertório, essa música se encaixou perfeitamente na proposta que a gente queria trazer para esse trabalho; um arranjo diferente, uma música mais pra cima, com uma letra mais romântica”, revela Rodrigo.

As outras cinco faixas do novo álbum são reflexos de amores que não deram certo. Eu Queria Ser Você é um amor não superado e a dor de cotovelo de ver a outra pessoa seguir a vida como se nada tivesse acontecido. Interiorzim fala de um fim de relacionamento complicado, na cidade pequena, onde, em cada esquina, a pessoa ‘dá de cara’ com o ex-affair. E se é para sofrer por amor, a mesa de bar é o lugar ideal. Mas em A Última Cerveja, composição do próprio George Henrique, a dupla decreta que é a última bebedeira que toma pela doída separação, e avisa: “Se bater saudade, assume meu lugar nos bares da cidade”.

Na faixa Muda, uma mágoa não é capaz de acabar com um amor que, no momento da raiva, não quer o fim, mas suplica por uma mudança para superar a decepção. De Novo Nunca é aquele ‘chega para lá’ em alguém, que é só a pessoa estar bem para voltar e ‘bagunçar’ tudo novamente. 

Ao ser questionado sobre a chamada ‘sofrência’ ser mais aceita pelo público – já que as outras faixas do álbum são marcadas por músicas que falam de desilusões –, George Henrique explica que, quando uma música cai no gosto do público, não tem jeito, e opina que a sofrência vem dominando as paradas mesmo. “Acho que para curtir uma sofrência não precisa necessariamente estar sofrendo. É interessante que, às vezes, as pessoas ouvem, sofrem e nem sabe o porquê de tanto sofrimento; há pessoas que se identificam com a letra por realmente já terem passado por uma situação igual ou parecida”, finaliza o artista.

(Sabrina Moura é estagiária do jornal O Hoje sob orientação da editora do Essência, Flávia Popov)