Espetáculo ‘Panteras 89’ apresenta um bate-papo entre mulheres

Livre e sem amarras, a peça estreia nesta terça-feira (10), e conta com cinco mulheres com idade avançada

Postado em: 10-09-2019 às 07h00
Por: Guilherme Araújo
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Livre e sem amarras, a peça estreia nesta terça-feira (10), e conta com cinco mulheres com idade avançada

Guilherme Melo 

“Uma boa conversa leve e objetiva, que apresente um conteúdo
de qualidade”, essa é a premissa do espetáculo ‘Pantera 89’, que estreia nesta
terça-feira (10), às 20h, no Teatro Centro Cultural da Universidade Federal de
Goiás (UFG). Sob a direção de Marcela Moura, o projeto nasceu de um trabalho
colaborativo de atrizes goianas, cuja trama se desenrola entre intrigantes e
misteriosas histórias do passado das personagens e conversas reais sobre o
universo feminino. A peça tem entrada gratuita.

O cenário do espetáculo Panteras 89 ficou a cargo de
Letycia Rossi, arquiteta goiana que hoje reside na Alemanha. A interpretação
fica por conta das atrizes Adriana Veloso, Fabíola Villela, Liz Eliodoraz,
Maria Cristina e Renata Torres, personalidades do teatro local, que se conhecem
há vários anos, e apresentam uma energia positiva para as atuações. “Como as
personagens são amigas que se reencontram, achei importante desenvolver uma
química singular com as meninas. Como elas já trabalham juntas em peças
anteriores, foi mais tranquilo trabalhar com a energia delas. Meu objetivo não
é apresentar personagens fixos e enrijecidos, mas sim uma performance, com
movimentos e identidades”, ressalta Marcela.

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Segundo Marcela, mesmo a peça se tratando do universo
feminino, ela não tem como objetivo pregar algum dogma ou ideologia política.
“Queremos passar uma mensagem leve e de respeito. O espetáculo é caracterizado
como uma comédia, e leva as histórias de mulheres, com uma idade já avançada,
que se reencontram e relembram o passado. É uma oportunidade de mostrar a
importância de revisitar o passado em alguns momentos da vida”, argumenta a Marcela,
em entrevista ao Essência.

A peça é inspirada no texto de Santiago Moncada, chamado ‘Brujas’,
e apresenta uma releitura das personagens. “A oportunidade de trabalhar com
esse texto surgiu do convite da atriz Adriana Veloso, que traduziu o texto do
espanhol para o português. Como o enredo foi escrito por um homem, percebemos
que faltava uma certa sensibilidade, então fizemos algumas alterações. Primeiro
para ter a nossa própria versão, um texto autoral, e segundo para ter um
projeto vindo de uma mulher”, comenta a diretora.

Para Fabíola Villela, uma das atrizes da peça, é importante
ter uma mulher fazer a releitura do texto para explorar um lado diferente.
Importante ressaltar que o texto é datado da década de 1980, então algumas
piadinhas homofóbicas, misóginas e machistas. Então adaptamos o texto para sair
desse lado e representar nossa realidade, inserindo histórias de mulheres
fortes, por isso o nome pantera, se referindo as mulheres como lutadoras e
sobreviventes de suas trajetórias”, argumenta a atriz.

Marcela comenta, que esse foi o ponto de partida para um
verdadeiro encontro entre mulheres, veteranas do teatro goiano, para uma
criação coletiva. “Eu li o texto original, mas não me contentei, apesar de ser
um autor reconhecido e premiado. Achei que as atrizes poderiam colaborar com a
adaptação, utilizando suas experiências pessoais, e assim nasceu Panteras 89.
Mulheres que falam sobre mulheres, no passado, no presente e no futuro, usando
para o desenrolar da trama os mesmos mistérios, viradas, pontos de vistas
diferentes sobre um mistério, assim como na peça que inspirou este novo
trabalho”, comenta a diretora.

Sobre a ficha técnica ser quase toda composta por mulheres,
Marcela explica que foi uma coincidência. “Não houve nenhuma má intenção com os
homens. Foi algo que se formou naturalmente. Nosso papel nesse espetáculo não é
empunhar bandeiras, mas desenvolver um sistema aberto de comunicação com o
público. É uma conversa sobre intimidades do mundo feminino. Um diálogo livre e
prazeroso, sem amarras”, explica a idealizadora do projeto, que segue em cartaz
até a próxima sexta-feira (13).

Intercâmbio e receitas

Uma das curiosidades do processo proposto por Marcela, que em
2017 concluiu o doutorado em Arts et médias – Théâtre, na Universidade de
Sorbonne (França), em cotutela com a Unirio (RJ), a criação de composições
performáticas por meio de jogos e exercícios nada convencionais, que foram
gravados em vídeo. A diretora conta que este trabalho vem acontecendo desde o
primeiro semestre, mesmo com ela não estando em Goiânia, e que grande parte
dele foi via aplicativo de mensagens. “O público vai assistir ao espetáculo e
conhecer um pouco de sua fabricação. Vai ver as atrizes produzindo as cenas. E
por ter visto o vídeo antes e depois, vai entender como a coisa toda foi feita.
Além de se divertir, o espectador terá a cena e a receita para se chegar à
cena. Como se o chefe de cozinha ensinasse a fazer um prato, que quando você
come, você já sabe como foi feito. Como em uma cozinha aberta aos comensais”,
argumenta.

Ela também relata que este processo, virtual e inusitado, se
tornou parte da obra. Algo que será compartilhado com o público, em um
reconhecimento de que a criação artística é um trabalho processual e dinâmico,
como se a obra estivesse em constante evolução, e a apresentação no palco fosse
também uma etapa. “É importante mesclar o convencional com o tecnológico.
Estamos mostrando os bastidores, um adicional para o público conhecer mais do
nosso trabalho. Isso está cada vez mais comum nas produções artísticas atuais”,
comenta.

(Guilherme Melo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação da editora do Essência, Flávia Popov) 

SERVIÇO

Espetáculo Panteras
89

Quando: terça
(10), quarta (11) e quinta (12), às 20h e sexta-feira (13), às 19 e às 21h

Onde: Teatro
Centro Cultural UFG (Av. Universitária, Nº 1.533, Setor Universitário –
Goiânia)

Entrada Gratuita

Mais informações: (62)
3209-6251

 

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