No Dia Nacional do Surdo, artistas celebram a inclusão social

A escolha do dia é uma homenagem à criação da primeira Escola de Surdos do Brasil, em 1857, na cidade do Rio de Janeiro - Foto: Divulgação

Postado em: 26-09-2019 às 06h30
Por: Leandro de Castro Oliveira
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A escolha do dia é uma homenagem à criação da primeira Escola de Surdos do Brasil, em 1857, na cidade do Rio de Janeiro - Foto: Divulgação

Guilherme Melo 

Há muito tempo se fala sobre a inclusão de pessoas deficiência nas escolas e no cenário cultural.  Com o principal objetivo de desenvolver a reflexão sobre os direitos e inclusão das pessoas com deficiência auditiva na sociedade, hoje (26) é celebrado o Dia Nacional do Surdo. A data foi oficializada por meio do decreto de lei nº 11.796, de 29 de outubro de 2008. A escolha do dia é uma homenagem à criação da primeira Escola de Surdos do Brasil, em 1857, na cidade do Rio de Janeiro.

Pensando nisso, o artista Leo Fressato  lançou um projeto voltado para o público surdo.  “A ideia de fazer o disco em libras veio a partir da minha amiga Thami, que teve duas filhas surdas e a proximidade que tive com eles mudou a minha percepção. Já fiz, com essa minha amiga, um show para uma plateia só de surdos. São pessoas que querem consumir esse conteúdo e quase nunca têm acesso. Temos sempre que pensar o mundo de um modo mais amplo e acessível”, conta o artista em entrevista ao Jornal O Hoje

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Segundo Leo, o projeto só foi  concluído graças a ajuda da professora Talita Sharon Simões, que realizou as interpretações das músicas. “Pedi ajuda para Talita, que conseguiu interpretar muito bem a essência das canções. Com isso, o trabalho ficou mais completo. Além de conseguir realizar um desejo de muitos anos, ajudar na inclusão social de um público específico”, comenta o cantor . 

Leo afirma que a música é uma oportunidade de incluir o deficiente no contexto cultural da cidade. Comentário que o interprete Vinícius Batista concorda: “Essa é uma maneira de incluir as pessoas, o deficiente consegue se incluir em um contexto e sociedade. Desenvolvendo um sentimento de pertencimento em um lugar”, comenta.  Além disso, Vinícius afirma que a música pode ajudar pessoas  a sair de situações de estresse e depressão. 

Uma duvida que se levanta sobre a ‘música para surdos’, seria como que o indivíduo consegue escutar a música. O interprete revela que a emoção e o movimento auxiliam nisso. “Na linguagem de libras, utilizamos muito o movimento, tanto do rosto como do corpo. Isso auxilia para que o surdo tenha uma dimensão do estilo da música e que consiga interpretar. Isso tudo ocorre por conta da empatia do deficiente com o interprete”, revela. 

Além disso, Vinícius comenta que a interpretação permite com que o deficiente tenha acesso a ambientes como teatro. “Participamos de interpretações em peças de teatros e escolas, isso permite com que os surdos consigam cursar uma universidade. Já acompanhei pessoas que cursavam direito, por exemplo”, cita. 

Vinícius revela que já participou de um júri popular. “Sempre fazemos interpretações em dupla, já que a linguagem exige esforço cognitivo e físico. Desta vez ficamos cerca de doze horas em um júri. Foi uma realização tanto para a gente, como para a advogada. Isso possibilitou que a jovem fosse incluída em um meio e realizasse seu sonho”, revela. 

Conheça o artista 

Com mais de 15 anos de carreira, Leo Fressato é um artista prolífico, marcado por canções que tratam de amor ou de sua ausência. Transformando sentimentos íntimos em performance, ele ganhou notoriedade nacional com o hit ‘Oração’, d’A Banda Mais Bonita da Cidade, e com a faixa “Coisa Linda”, uma parceria com Tiago Iorc.

Em 2013, lançou ‘Canções para o Inverno Passar Depressa’, com produção musical de Jérôme Gras, um álbum que trazia melosidade, romantismo e rancor. Esse espírito está presente no novo disco, que se utiliza de leveza para celebrar o amor (como na faixa-título), uma inaptidão ao mundo moderno (‘Eu Toco Violão Porque Não Sei Apertar Botão’) e os términos (‘Adeus’). 

Nascido em Brasília, Leo Fressato passou a maior parte da vida em Curitiba. O costume de escrever desde cedo o levou a compor ainda adolescente. No dia 3 de fevereiro, o cantor sobe ao palco do Auditório Ibirapuera com músicas do primeiro álbum, Canções pro Inverno Passar Depressa, e canções que ainda não foram gravadas em estúdio.

Atualmente, Leo está no processo de criação do próximo disco, o segundo da carreira. Sem data para lançamento, a produção é realizada quatro anos após o último. O cantor e compositor conta: “Está sendo um momento difícil, já que tenho músicas feitas para pelo menos uns cinco álbuns. É sempre um processo devastador ter que fazer esse recorte. Ao mesmo tempo estou cheio de ansiedade, com vontade de ver este filhinho novo por aí entre os ouvidos e corações”.

(Guilherme Melo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor Lucas de Godoi)

 

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