Moderadores do Facebook exigem aumento devido a horrores presenciados diariamente

Os moderadores do Facebook pedem por um aumento, pelos terrores que têm de presenciar todos os dias.

Postado em: 22-05-2023 às 16h08
Por: Julia Kuramoto
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Foto: iStock

No emprego de moderador de conteúdo da plataforma Facebook, Trevin Brownie testemunhou mais de mil decapitações. A sua tarefa era de assistir a um novo vídeo do site a cada 55 segundos, aproximadamente, mas ficou horrorizado. Sendo assim, os moderadores pedem por um aumento, pelos terrores que têm de presenciar todos os dias.

Após assistir ao vídeo, a função de Trevin era removê-lo e categorizá-lo como conteúdo nocivo e explícito. Entretanto, sua primeira experiência o chocou. No primeiro dia, vomitou após assistir a um vídeo onde um homem se suicida na frente de seu filho, de três anos. Infelizmente, as coisas não melhoraram depois disso.

“Você se depara com pornografia infantil, zoofilia, necrofilia, violência contra pessoas, violência contra animais, estrupros. Como usuário, você não vê essas coisas no Facebook. É meu trabalho, como moderador, garantir que você não veja coisas assim.”, disse o ex-funcionário do Facebook.

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Brownie ainda destaca que com o passar do tempo, a exposição a esse tipo de vídeos afeta a quem os assiste.

“Após assistir a 100 decapitações, chega um ponto em que você começa a torcer para que a próxima seja ainda mais horrível. É uma espécie de vício.”, relata.

Desse modo, o antigo funcionário sul-africano é um dos 184 que moveram processos contra a Sama e a Meta, com supostas violações dos direitos humanos e rescisão indevida de contratos. Sendo assim, esse processo é um dos maiores do tipo em nível global, embora apenas o terceiro movida contra a Meta no Quênia.

Ademais, os advogados envolvidos afirmam que essas ações tem implicações globais significativas para condições trabalhistas de dezenas de milhares de moderadores de conteúdo. Contudo, essa não é a primeira vez que problemas do tipo surgem.

Casos

Em 2020, o Facebook concordou em pagar US$ 52 milhões, em um acordo para encerrar um processo e fornecer tratamento de saúde mental aos moderadores dos EUA. Além disso, moderadores irlandeses também vêm buscando indenizações por transtorno de estresse pós-traumático.

Os casos no Quênia são os primeiros fora dos Estados Unidos que buscam alterar a maneira como são tratados os moderadores de conteúdo. Dessa forma, caso tenham sucesso, as ações podem levar a outras iniciativas de responsabilização da Meta e outras redes. Portanto, o superobjetivo é a melhora das condições de trabalho para milhares de funcionários que, atualmente, recebem salários inadequados para um serviço extenuante e degradante.

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