Relembre os casos Fabiane e Geovane que serão retratados no Linha Direta

'Fake News Mata' conta dois casos de linchamento coletivo na tentativa de fazer justiça com as próprias mãos

Postado em: 21-06-2023 às 17h28
Por: Ana Beatriz Santiago
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'Fake News Mata' conta dois casos de linchamento coletivo na tentativa de fazer justiça com as próprias mãos. | Foto: Reprodução

O episódio desta quinta-feira (22/6) do Linha Direta intitulado ‘Fake News Mata’ retrata dois violentos casos de linchamento coletivo que resultaram em morte motivados por noticias falsas, os casos Fabiane Maria de Jesus e Geovane Gregório dos Santos.

No dia sete de abril de 2014, foi feito um post no Facebook dizendo que existia uma mulher sequestrando crianças na cidade do Guarujá, litoral de São Paulo, para fazer rituais de magia negra. Utilizaram uma imagem de um retrato falado e alegaram ter encontrado uma criança morta nos supostos rituais no bairro de Maré Mansa, próximo à praia do Pernambuco.

Logo, a suposta denúncia foi repassada por diversas páginas da cidade, gerando forte engajamento e comentários maldosos. Foi então que os responsáveis pela página “Guarujá Alerta”, uma das páginas que havia repercutido o suposto retrato, decidiram procurar a polícia devido à quantidade de mensagens que receberam. Foi descoberto que não haviam denúncias de sequestro, crianças desaparecidas e nenhum corpo foi encontrado no bairro Maré Mansa. No entanto, a postagem em questão não recebeu atenção.

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O pânico continuava entre os moradores de Guarujá. Até o fim do mês, ainda existiam rumores de que a mulher tinha o apelido de “A Bruxa do Guarujá”. A postagem mais popular incluía, além do retrato falado, uma foto de uma mulher de cabelos loiros, dizendo que a sequestradora havia feito um ataque no bairro Morrinhos 4. A mulher em questão sequer morava na cidade e não possuía nenhuma ficha criminal.

No dia 3 de maio, Fabiane Maria de Jesus, moradora do bairro Morrinhos, voltava para casa de bicicleta. Ela tinha visitado o marido no trabalho e passado pelo mercado para comprar frutas. Também levava uma bíblia que tinha buscado na igreja que frequentava. Fabiane tinha descolorido o cabelo no dia anterior. Ao oferecer uma banana para uma criança que brincava na rua, foi apontada por moradores como a sequestradora.

A dona de casa, mãe de duas filhas, foi linchada no local. Foi agredida com socos, chutes e sofreu diversos golpes na cabeça. Foi atingida com objetos, amarrada e arrastada pelo bairro até ser jogada em uma vala. A polícia foi impedida pelos moradores de chegar até o centro da confusão. Havia centenas de pessoas.

Fabiane foi levada ao hospital ainda viva, mas em estado grave, e faleceu dois dias depois. Os vídeos do linchamento foram divulgados e as pessoas apontavam a bíblia como uma comprovação do envolvimento em magia negra.

O retrato falado usado para a notícia falsa foi feito em 2012, no estado do Rio de Janeiro, e tratava-se de uma mulher que havia tentado roubar uma criança dos braços da mãe na porta de uma maternidade. Apenas 5 pessoas foram presas, nenhuma delas era responsável pelas postagens. A família também perdeu o processo contra o Facebook. O caso é citado como um dos motivos para a aprovação da PL das fake news.

O segundo caso aconteceu em 2016 na capital Maceió, Alagoas. Geovane Gregório dos Santos, de 26 anos e pai de dois filhos, então com 26 anos, foi espancado até a morte sob a suspeita de ter praticado um assalto contra Fellipe Mendel. Testemunhas relataram à polícia que Geovane estava em uma motocicleta e teria tentado roubar um homem, porém foi contido por pessoas presentes no local, uma praça no bairro Salvador Lyra. Logo em seguida, ele passou a ser agredido com socos, chutes e pedradas.

Segundo informações da polícia, mesmo após Geovane ter perdido a consciência, três homens continuaram a espancá-lo. Além disso, eles colocaram um capacete em chamas na cabeça do rapaz, que estava caído no meio da rua. O crime foi registrado em vídeos feitos por pessoas que estavam presentes no local. Um dos acusados é Hewerton Petrilli dos Santos, que em 2018 foi condenado a 10 anos de prisão em regime fechado pelo linchamento de Geovane.

Entretanto, até hoje, Hewerton encontra-se com paradeiro desconhecido. O programa pede a ajuda do público para fornecer informações que levem à localização do foragido pelo 181.

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