Conheça a origem da principal tradição do 7 de setembro

Como uma tradição que remete à ditadura militar continua existindo?

Postado em: 07-09-2023 às 20h18
Por: Maria Gabriela Pimenta
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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O dia 7 de setembro é uma data especial para o povo brasileiro por se tratar da memória coletiva de quando o Brasil deixou de ser colônia de Portugal para se tornar um império. É o dia do orgulho nacional, da unidade e dos eventos que reúnem os cidadãos e espalham sentimentos patriotas.

Desde a proclamação, em 1822, militares, fardas, equipamentos de guerra e aviões bem coreografados sobrevoando as capitais compõem o desfile cívico, principal tradição do 7 de setembro. Entretanto, o formato conforme conhecemos hoje é atual e o que o desfile representa também passou por alterações conforme disputas políticas se desenrolaram.

Foi em 1930, durante a Era Vargas, que os desfiles passaram a se constituir como ato de construção cívica, com grande participação militar, mas também com grande participação civil. Quem explicou detalhes foi o professor emérito do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF) Eurico de Lima Figueiredo, à Agência Brasil.

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Segundo ele, a inspiração de Vargas foi o estadista e líder militar francês Napoleão Bonaparte. “Ele estava muito atento à necessidade de mantermos a integridade nacional, estava ligado à ideia de que tínhamos que cultivar nossa nação, nosso nacionalismo, até porque passa a cultivar, em relação aos EUA e Europa, a ideia de que o Brasil poderia ter sua própria vontade”, diz.

Como os desfiles são recebidos atualmente?

O professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), João Paulo Pimenta, por se tratarem de comemorações oficiais, os desfiles, atualmente, não têm um apelo popular grande, principalmente por estarem associados às Forças Armadas e pela ligação com o regime autoritário durante a ditadura militar de 1964 a 1985.

O professor explica que, mesmo sem um forte apoio popular, os desfiles continuam por representar a coletividade e o sentimento de pertencimento. Ele observa que, nos últimos anos, o dia 7 de Setembro vem sendo disputado por diferentes grupos políticos e setores da sociedade. Ele cita como exemplo o ano passado, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro manipulou as comemorações de forma incomum para benefício próprio, utilizando o momento para fazer propaganda política e pedir votos para sua reeleição. Vale ressaltar também que o ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) aconteceu na véspera do feriado de Independência, em 2022.

O formato do desfile pode mudar?

Para o professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), João Paulo Pimenta, há outras formas de comemorar a independência. Para ele, seria necessário, primeiramente, diminuir progressivamente o papel das Forças Armadas no evento, podendo até mesmo eliminá-las do desfile.

Depois, ele acredita que a promoção de ações nos estados, valorizando as datas locais da Independência, poderia gerar articulações que resultassem em uma agenda de comemorações. Por último, ele defende a ideia de chamar diversos setores da sociedade com o maior número possível de representação popular.

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