Rins de recém-nascidos que morreram durante o parto podem ser transplantados

O procedimento já é realizado no Reino Unido e Estados Unidos

Postado em: 26-09-2023 às 17h45
Por: Cecília Epifânio
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Rins de recém-nascidos que morreram durante o parto podem ser transplantados | Foto: iStock

Na semana passada a Grécia recebeu o Congresso da Sociedade Europeira de Transplantes de Órgãos. Médicos e pesquisadores discutiram a escassez de órgãos e o alto número de pessoas aguardando por um transplante. Uma das soluções para amenizar esse problema é a possibilidade de poder transplantar os rins de bebês que morreram durante o parto, mas que possuíam órgãos saudáveis.

Tais procedimentos acontecem de vez em quando em países como o Reino Unido e Estados Unidos. Obviamente os órgãos de um recém-nascido são menores em comparação com os de um adulto ou uma criança, porém, os rins possuem a capacidade de aumentar o tamanho quando transplantados.

Por serem pequenos, dois rins infantis podem servir como um. Ambos são retirados do doador e colocados lado a lado no lugar de um dos rins do paciente que recebera o transplante. (Em doadores adultos, um rim já é suficiente para suprir outro). Após três meses do transplante, o par de rins recém-nascidos já cresceu e estará funcionando como um órgão adulto.

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O transplante de rim é o de maior demanda no mundo. Apenas no Brasil, mais de 36 mil pessoas estão na lista de espera do SUS. Isso porque o órgão só está apto para transplante caso o doador tenha morrido de algumas formas específicas, como derrame cerebral.

Bebês que morrem por asfixia durante o parto se enquadram no rol de doadores, assim como fetos diagnosticados com malformação severa, e que não sobreviverão após o nascimento. Apesar da tragédia prematura, a pequena vida perdida pode ser capaz de salvar uma nova.

Mas, acontece que esse é um tema bastante delicado de se abordar. Geralmente as equipes de hospitais não apresentam essa opção para os pais que acabaram de perder um filho. De acordo com Dai Nighiem, do Allegheny General Hospital de Pittsburgh (EUA), decidir pela doação pode ser muito difícil para uma pessoa enlutada.

Outra preocupação é que os rins de recém-nascidos sejam mais frágeis para o transplante em comparação a doadores adultos. E, de fato, eles estão mais vulneráveis a coágulos sanguíneos, o que pode levar à remoção do rim.

Um estudo publicado em 2018 avaliou o transplante de rins de recém-nascidos e bebês, comparando-os aos de doadores adultos. A longo prazo, os transplantes tiveram taxas de sucesso semelhantes, independente da idade do doador. Enquanto rins de doadores adultos tiveram 95% de sucesso após um ano do transplante, o de bebês e recém-nascidos fica em 90%.

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