Estudo mostra que toque físico pode ser benéfico para a saúde

Herbert Vianna, compositor e vocalista do grupo Paralamas do Sucesso, dizia que quando está escuro e ninguém te ouve, ou quando a noite chega e só queremos chorar, nada melhor que um abraço quente e apertado para nos reconfortar!

E ele não estava errado, não! Um estudo publicado na revista Nature Human Behaviour é, na verdade, uma revisão de vários outros estudos sobre o assunto. A equipe revisou artigos relacionados ao toque, carícias e massagens feitas ao longo dos anos.

A síntese dos estudos confirma o que se suspeitava há muito tempo: o contato físico não apenas auxilia, mas pode ser fundamental para nossa saúde. Os pesquisadores fizeram um levantamento em 212 artigos publicados, e realizaram uma análise estatística com os dados de 85 estudos envolvendo adultos e outros 52 envolvendo recém-nascidos.

Os resultados indicaram que o contato físico traz benefícios para a saúde física e mental, independentemente da faixa etária da pessoa.

Os pesquisadores também concluíram que o toque pode ser uma ferramenta terapêutica útil na redução de dores, depressão e ansiedade em adultos e crianças, e para promover o ganho de peso em recém-nascidos.

“Mais eventos de toque consentido ao longo do nosso dia podem ajudar a aliviar ou potencialmente amortecer queixas mentais e físicas”, disse Helena Hartmann, pesquisadora do Hospital Universitário de Essen e coautora da pesquisa, em entrevista ao The Guardian.

Dentre os estudos analisados, um mostrou que a agressividade e o estresse em idosos com demência diminuíram após receberem massagens diárias de 20 minutos durante um periodo de seis semanas. Em outro, as massagens melhoraram o humor de pacientes com câncer de mama.

A pesquisa mostrou que o toque físico também pode ser benéfico tanto para pessoas saudáveis quanto para as que tem alguma enfermidade, principalmente as pessoas com doenças mentais.

O mais curioso é que o toque pode ser tão benéfico que não precisa necessariamente ser um toque humano. Objetos, como uma coberta pesada, ou até mesmo um robô social, também causam efeitos semelhantes.

“Isso significa que precisamos realizar mais pesquisas sobre o potencial de cobertores pesados ou robôs sociais para melhorar o bem-estar das pessoas, especialmente durante situações de limitação de contato como a recente pandemia de Covid-19”, comenta Hartmann.

A pesquisa mostrou também que as mulheres se beneficiam mais do contato físico do que os homens, e pessoas na América do Sul apresentaram uma tendência maior de se beneficiar do toque do que pessoas na América do Norte e Europa.

Para os pesquisadores, entretanto, as diferenças entre os países não eram grandes o suficiente para serem definitivas, de forma que pode ser explicada por algum fator biológico, enquanto que a diferença entre homens e mulheres pode vir de uma fonte mais cultural.