Sinal de rádio misterioso vindo do espaço intriga astrônomos

Sinal de rádio apresentou flashes longos e brilhantes e as vezes nenhuma emissão que deixou astrônomos confusos

Postado em: 10-06-2024 às 17h44
Por: Otavio Augusto Ribeiro dos Santos
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Sinal é uma descoberta. Foto: Reprodução/ Ilustração NASA

Recentemente, astrônomos detectaram um sinal de rádio que desafia as observações anteriores. Esse sinal, com um ciclo de quase uma hora, é o mais longo já registrado. Durante várias observações, ele apresentou comportamentos distintos: flashes longos e brilhantes, pulsos rápidos e fracos, e, em alguns momentos, nenhuma emissão, o que intrigou os astrônomos.

Cientistas acreditam que a maioria dos sinais transientes de rádio vem de estrelas de nêutrons em rotação, conhecidas como pulsares, que emitem flashes regulares de ondas de rádio.

Normalmente, essas estrelas giram em velocidades incríveis, completando uma rotação em apenas alguns segundos ou frações de segundo.

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Recentemente, astrônomos detectaram um sinal de rádio transiente que desafia as observações anteriores. Esse sinal, com um ciclo de quase uma hora, é o mais longo já registrado. Durante várias observações, ele apresentou comportamentos distintos: flashes longos e brilhantes, pulsos rápidos e fracos, e, em alguns momentos, nenhuma emissão.

Os pesquisadores sugerem que o sinal pode ser de uma estrela de nêutrons muito incomum, embora outras possibilidades não possam ser descartadas. A pesquisa foi publicada na revista Nature Astronomy.

Descoberta e Análise

O breve sinal de rádio, chamado ASKAP J1935+2148, foi identificado usando o radiotelescópio, localizado na Austrália Ocidental. Este radiotelescópio, com seu amplo campo de visão, é ideal para detectar fenômenos novos e exóticos rapidamente.

Enquanto monitoravam uma fonte de raios gama e procuravam pulsos de uma explosão rápida de rádio, os astrônomos detectaram o ASKAP J1935+2148 piscando lentamente nos dados. O sinal era composto de ondas de rádio “circularmente polarizadas”, o que significa que a direção das ondas gira como um saca-rolhas à medida que viajam pelo espaço.

Observações e Descobertas

Após a detecção inicial, os cientistas realizaram observações adicionais com o ASKAP e o radiotelescópio MeerKAT, mais sensível, na África do Sul. O ASKAP J1935+2148 pertence a uma nova classe de transientes de rádio de longo período, sendo o terceiro identificado e apresentando o período mais longo, de 53,8 minutos.

O sinal apresentou três estados distintos: pulsos brilhantes e polarizados linearmente com duração de 10 a 50 segundos, pulsos mais fracos e polarizados circularmente com duração de 370 milissegundos, e um estado silencioso sem emissão de pulsos. Esses diferentes modos e a alternância entre eles podem ser resultado da interação de campos magnéticos complexos e fluxos de plasma da fonte com campos magnéticos no espaço ao redor.

Mistério e Possibilidades

A origem do sinal com um período tão longo permanece um mistério. Uma estrela de nêutrons de rotação lenta é a principal suspeita, mas não se pode descartar a possibilidade de ser uma anã branca. As anãs brancas geralmente têm períodos de rotação lentos, mas a produção dos sinais de rádio observados é ainda inexplicável.

Outra hipótese é que o objeto faça parte de um sistema binário, onde uma estrela de nêutrons ou uma anã branca orbita outra estrela invisível.

Esta descoberta pode levar a uma reconsideração da compreensão atual sobre as estrelas de nêutrons e anãs brancas, especialmente em relação à emissão de ondas de rádio e à sua distribuição na galáxia.

A Busca Continua

Não se sabe há quanto tempo o ASKAP J1935+2148 está emitindo sinais de rádio, já que as pesquisas de radioastronomia raramente procuram objetos com períodos tão longos. As emissões de rádio dessa fonte são detectadas durante apenas 0,01% a 1,5% de seu período de rotação.

A sorte teve um papel crucial na detecção do ASKAP J1935+2148. É provável que existam muitos outros objetos similares na galáxia, aguardando para serem descobertos.

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