Fechamento de unidades ameaça frigoríficos

Crise antecipa fechamentos já esperados pelo setor. O pior ainda está por vir

Postado em: 21-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Crise antecipa fechamentos já esperados pelo setor. O pior ainda está por vir

Rhudy Crysthian 

Depois que a JBS, empresa líder mundial em processamento de carne bovina, ovina e de aves, anunciou essa semana o encerramento de suas atividades de uma unidade em Presidente Epitácio (SP) e desligou 500 funcionários o setor ascendeu um sinal de alerta. Especialistas avaliam que a crise no setor já era esperada, dada a três fatores: queda no consumo de carne, alta do dólar e crise generalizada, mas a expectativa é que o ‘baque’ demorasse um pouco mais a ser sentido.

No total, a JBS tinha 795 empregados na fábrica, onde era realizado o processo de desossa de carne. Parte dos funcionários será transferida para outras unidades. De acordo com o sindicato da categoria, a empresa gerava cerca de 2,4 mil emprego indiretos. A empresa gerava cerca de 2,4 mil emprego indiretos.

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Surgindo antes da hora, o fechamento de unidades frigoríficas e o desemprego preocupam a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). O presidente da associação, Péricles Salazar, acredita que uma crise “sem precedentes” ameaça atingir a indústria brasileira em razão disso. “A crise conjuga três fatores que não costumam andar juntos: retração do consumo interno de carne bovina, ‘difícil crescimento’ das exportações e apreciação do real”, pontua. 

O “difícil crescimento” das exportações de carne bovina, em razão da queda dos preços do petróleo afetou a demanda de clientes relevantes como Rússia e Venezuela pela carne bovina do Brasil, segue na contramão dos dados que apontam crescimento das exportações de carne bovina. Informações compiladas pela Abrafrigo dão conta de que os embarques do produto somaram 712 mil toneladas no primeiro semestre, aumento de 12,1% na comparação com igual período do ano passado. Na mesma base de comparação, a receita com as vendas ficou estável, em US$ 2,7 bilhões.

O problema é que a valorização do real perante o dólar também vem reduzindo a rentabilidade das exportações. “As exportações, que compensavam a dificuldade de gerar resultado financeiro com o mercado interno, perderam rendimento com a desvalorização cambial e alta da arroba. O dólar abaixo de R$ 3,50 como está atualmente não ajuda em nada o setor”, acrescenta Salazar.

Dezenas de frigoríficos já foram paralisados no País em 2015, esforço da indústria para adequar a capacidade de abate à oferta de gado disponível. De acordo com a Abrafrigo, a queda do consumo de carne bovina no Brasil é o principal fator da crise que pode atingir o segmento. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo per capita de carne bovina no Brasil já foi de cerca de 40 quilos por ano, mas agora está em 32 quilos por ano. Além disso, a tendência é que o consumo se reduza ainda mais devido à queda da renda no País. 

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