Dívidas das empresas crescem 400% nos 7 primeiros meses de 2022

6 milhões de empresas estão inadimplentes em contas

Postado em: 31-08-2022 às 07h57
Por: Raphael Bezerra
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Os juros mais altos tornam os financiamentos mais caros, além de aumentar as taxas do cheque especial e do crédito rotativo do cartão | Foto: Reprodução

A taxa básica de juros, a Selic, em patamares tão altos como os praticados desde o começo do ano coloca a corda no pescoço de empresários, especialmente os que possuem financiamentos e empréstimos. Segundo levantamento da Serasa, 6.2 milhões de empresas do País estão inadimplentes com contas, fornecedores ou folha salarial. 

O pagamento das parcelas de empréstimos e financiamentos fica prejudicado pelo aumento de 391% no custo das dívidas, acompanhando o índice recorde da Selic, a taxa que serve para nortear os demais juros do mercado brasileiro. A taxa básica de juros cresceu 12 vezes consecutivas e atingiu 13,75%. Em março de 2021, por exemplo, a Selic era de 2% ao ano. Ou seja, praticamente foi multiplicada por sete, atingindo o patamar de 2016. 

Os juros mais altos tornam os financiamentos mais caros, além de aumentar as taxas do cheque especial e do crédito rotativo do cartão. Até os empréstimos obtidos no Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) têm um impacto direto, porque tem saldo devedor corrigido pela taxa Selic, além de outros 6% ao ano.

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O administrador e especialista em reestruturação de empresas, Arthur Bueno, exemplificou como esse aumento nas taxas de juros afetam o custo de uma dívida. “Digamos que em 2021, uma empresa pegou um financiamento de 500 mil reais para ser pago em 60 vezes, ela pagaria R$ 7.650,00 reais de juros de janeiro a julho de 2021. Se agora essa mesma empresa pagasse os 500 mil reais, para pagamento também em 60 vezes, os juros já seriam de R$ 29.940,00 de janeiro a julho de 2022, um aumento de 391%. 

Hora de tomar uma atitude  

Em momentos como este, de grandes dificuldades financeiras, o empresário deve procurar ajuda profissional, para traçar uma estratégia. Diminuir o custo das dívidas e encontrar melhores condições de pagamento são ações fundamentais. 

O administrador Arthur Bueno explica que, se o empresário encontrar uma instituição financeira que ofereça condições mais vantajosas, como taxas de juros menores, ele pode pedir a portabilidade da sua dívida. “Uma das vantagens desse processo é que não há o pagamento de impostos, desde que o novo empréstimo não supere o valor da dívida no banco de origem. No início da pandemia e a situação de incertezas, o volume de portabilidade de crédito para empresas caiu cerca de 96%, mas agora, com um maior controle, os bancos voltaram a oferecer a modalidade”, explica Bueno. 

Gestão Profissional 

Se os donos de pequenos negócios estão se vendo em uma “armadilha” dos juros altos, amplie esse cenário para uma empresa com cerca de 700 colaboradores, em um grupo hoteleiro que recebe meio milhão de visitantes, em apenas um de seus empreendimentos. As adversidades são imensamente mais complexas, que requerem precisão de decisões. 

Com 20 anos de história, o Grupo Lagoa Quente, de Caldas Novas, viu na crise do setor hoteleiro trazida pela pandemia, a necessidade de reformular a forma de administrar os negócios. Sair da gestão intuitiva para a intervenção profissional. E assim encontrar melhores formas de pagar fornecedores e, principalmente, lidar com os altos e baixos da economia brasileira, como a elevação da taxa de juros. “Mudar a cultura da empresa foi complicado no início. Foi preciso muita disciplina e confiança. Mas hoje fico em dúvida se a pandemia foi boa ou ruim para os nossos negócios. Não sei como seria nossa recuperação, sem uma estratégia muito bem definida e certeira”, avalia o Ari Schmitz, fundador do Grupo.

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