Moradias populares são as mais afetadas no mercado imobiliário

O levantamento mostra que no mês anterior houve uma queda de 0,31%.

Postado em: 09-09-2022 às 09h04
Por: Victória Vieira
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Esses resultados estão atrelados com a questão de diminuição do poder de consumo da população | Foto: Reprodução

Atualmente, conquistar um lugar só seu virou um sonho idealizado por muitos, visto que as condições atuais da realidade brasileira não estão favoráveis para quem quer perseguir essa meta. O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) é responsável por medir a evolução mensal referentes a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais no Brasil. Eles analisam os dados anônimos com contratos oferecidos e fornecidos por um grupo de agentes no mercado imobiliário. Com isso, a pesquisa divulgada em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FVG), mostrou que a inflação no mercado de aluguéis residenciais subiu para 1,05% somente no mês de julho.

Esses resultados estão atrelados com a questão de diminuição do poder de consumo da população, principalmente nas classes mais baixas, impactando na diminuição de vendas nos imóveis populares.

“Com aumento dos preços dos imóveis e com aumento da taxa de juros, naturalmente você teve que buscar clientes com renda mais alta para comprar aquele mesmo apartamento que antes pessoas de uma renda um pouco mais baixa conseguiam comprar. Isso faz com que haja uma redução na demanda por imóveis”, informou Eduardo Quintela, diretor comercial de incorporadora.

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O levantamento mostra que no mês anterior houve uma queda de 0,31%. Agora, existe uma acumulação de 12 meses, alegando uma alta no indicador em aproximadamente 8,05% em junho para 8,65% de julho. Entre as categorias, os setores mais afetados foram as moradias populares.

“Empresários ficaram preocupados e botaram o pé no freio, puxaram o freio de mão. Só que as vendas voltaram a crescer a partir de medidas que foram tomadas, principalmente na baixa renda, com subsídio, taxa de juros, algumas coisas desse tipo, que reaqueceram o mercado. Para você ter uma ideia, nós chegamos no mês de julho de 2022 vendendo 20% a mais do Casa Verde e Amarela do que se vendeu em 2021”, explicou José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

Goiânia no mercado imobiliário

Foto: Reprodução

A capital conseguiu a maior valorização no histórico da pesquisa, iniciada em 2014. Na média nacional, o índice bateu 6,29% nos últimos 12 meses. De acordo com Ricardo Teixeira, especialista na área e sócio proprietário do Grupo URBS, a população economicamente ativa é maior que idosos e crianças, isso faz com que o déficit imobiliário no Brasil se tornem fortes e precisos aos resultados no cenário do mercado imobiliário nacional. 

O baixo preço do metro quadrado foi um dos fatores essenciais para o alcance desse resultado, juntamente com a busca de melhor qualidade de vida.

“Além de termos milhares de pessoas que ainda não tem casa própria, temos aquelas que já tem o imóvel, mas querem ou precisam melhorar suas condições de habitação em razão de mudanças em sua vida. No mundo, as famílias mudam de casa cerca de oito vezes na vida, enquanto no Brasil, não chegamos a duas”, disse. 

O levantamento da Fipezap destaca que o valor médio do metro quadrado em Goiânia, em abril foi de R$ 5.550, o quarto mais barato entre as capitais analisadas, ficando atrás apenas de Campo Grande, João Pessoa e Salvador. Segundo a Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Estado de Goiás (Ademi-GO), foram 46 lançamentos imobiliários nos últimos três anos na capital e em Aparecida de Goiânia, o ritmo das vendas em uma faixa média também é alto.

“Como uma capital jovem, com bom índice de qualidade de vida, uma economia crescente de oportunidades, principalmente, em razão do agronegócio, estamos ganhando relevância em diferentes áreas como a saúde. A cidade tem atraído pacientes de vários estados brasileiros, fortalecendo com isso o turismo hospitalar. Tudo isso movimenta a demanda por imóveis”, justificou.

No entanto, o especialista alerta o consumidor que está aguardando a queda de preços para comprar um móvel imobiliário. A eficácia de vendas depende dos resultados de emprego e renda, tendo em vista que a crise pode impactar em relação ao preço estipulado no mercado, isso não gera a queda de valores tão pedida.

Avaliação do público

Apesar do que dizem os números, as realidades de algumas pessoas diferem do resultado. Esse é o caso de Maria Luísa Mendes, estudante de biologia. A jovem de 20 anos mora sozinha e relata que não foi fácil achar um aluguel com preço acessível, principalmente nas condições atuais em que vive.

“Decidi sair da casa dos meus pais para ter uma independência tanto financeira quanto social. Precisava me liberar do meu comodismo. Sempre foi um desejo meu assim que eu passasse na faculdade, me mudar e morar sozinha. Porém, hoje eu vejo que não é fácil”, afirmou.

Mendes conta que quando iniciou sua pesquisa achou preços absurdos em torno de 2.500 reais. O mais barato que encontrou foi no preço de R$ 800 em bairros onde a segurança é falha. Como se não fosse o bastante, ainda há as despesas de energia e alimentos, que não estão baratos diante a inflação.

“É muito difícil de achar algo que equilibre com o meu salário. Você não consegue ir no supermercado com menos de 300 reais para comprar coisas básicas. Agora imagine esse preço e ainda por cima ter que arcar com aluguéis e contas adicionais. É impossível! Trabalho em dois empregos e mesmo assim enfrento muitas dificuldades para pagar o que eu devo”, relatou.

A estudante afirma que frequentou aulas sobre educação financeira para entender como conseguir um aluguel dentro do orçamento apresentado por ela. Para os jovens, aprender a economiza pode ser considerado um obstáculo, afinal, essa é a fase em que o dinheiro é destinado a festas, saídas com os amigos, roupas e objetos referentes aos gostos, que não são prioridade.

Um levantamento realizado pela Intenção de Consumo das Famílias (ICF) no Brasil mostrou que a intensão de gastos é mais presente entre jovens menores de 35 anos. Eles apresentam 110,8 pontos, caracterizando como números satisfatórios. Com a Perspectiva de Consumo, é esperado que o cenário permaneça em evolução até o fim do ano gerando um crescimento de 19,7%.

Ao conseguir um emprego, as contas de energia, água e as despesas relacionadas à alimentação são o principal foco. Obviamente, para as famílias os objetivos são diferentes dos jovens. A pesquisa alega um nível satisfatório de 110,8 pontos.

“O primeiro passo é entender sua relação com o dinheiro, começar a organizar as dívidas, a entendê-las e a negociar. Busque colocar essa organização financeira no papel. Tenha metas não só na mente, escreva e coloque em prática como um hábito. Coloque uma meta e vá dividindo as tarefas durante o ano”, aconselha Nathalia Rodrigues, administradora de finanças pessoais, empresária e youtuber.

“Não falta só educação financeira, mas interpretação de texto, matemática. Educação financeira é importante nas escolas e em casa, para normalizar a conversa sobre dinheiro”, alertou.

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