Alta no saldo comercial da indústria foi puxada por produtos da agropecuária

Goiás apresentou superávit na indústria de transformação, mas agropecuária continua sendo destaque - Foto: Reprodução

Postado em: 18-11-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Alta no saldo comercial da indústria foi puxada por produtos da agropecuária
Goiás apresentou superávit na indústria de transformação, mas agropecuária continua sendo destaque - Foto: Reprodução

Lauro Veiga Filho  

Detalhados
por setor, os dados da balança comercial de Goiás mostram um forte crescimento
do superávit (exportações menos importações) da indústria de transformação,
relacionado à retração das importações e ao avanço das vendas externas, puxadas
pelos embarques crescentes de mercadorias e bens de origem agropecuária, com
destaque para a carne bovina congelada. Houve um incremento na contribuição do
setor para a formação do saldo comercial total do Estado, mas essa participação
manteve-se em níveis modestos, se comparada com a fatia ocupada pela
agropecuária (considerando aqui apenas produtos primários de origem vegetal e
animal, não submetidos a qualquer tipo de processamento).

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As
exportações da indústria goiana de transformação, mostram as séries estatísticas
do Ministério da Economia, tiveram desempenho positivo, mas muito aquém do
avanço experimentado pelo total das vendas externas do Estado. Entre janeiro e
outubro deste ano, a indústria goiana exportou US$ 3,535 bilhões, em valores
aproximados. Comparada aos 10 meses iniciais de 2019, quando o setor de
transformação havia exportado em torno de US$ 3,305 bilhões, os números
oficiais apontam uma variação de 6,96% (as vendas externas totais do Estado
cresceram 17,53% no mesmo período). O resultado foi uma redução na participação
da indústria no total das exportações, de 55,69% para 50,68%.

No
outro prato da balança, a indústria de transformação respondeu por toda a
redução experimentada pelas importações nos primeiros 10 meses deste ano ao
reduzir suas compras de US$ 2,953 bilhões para US$ 2,660 bilhões, ou seja, uma
retração de 9,91% (menos US$ 292,726 milhões). O saldo comercial do setor com o
restante do mundo saltou 48,64% frente aos mesmos 10 meses de 2019, avançando
de US$ 351,658 milhões para US$ 874,371 milhões. Proporcionalmente, a indústria
passou a respondeu por 20,5% do saldo comercial do Estado, diante de 11,98% em
2019, sempre no acumulado entre janeiro e outubro. Adicionalmente, o setor de
transformação foi responsável por 39,3% do aumento experimentado pelo superávit
goiano.

Base
agrícola

Considerando
os 30 produtos mais significativos na pauta de exportações da indústria,
responsáveis por 98,65% das vendas do setor, os produtos de base agropecuária
elevaram sua participação de 68,7% para 70,9% entre os primeiros 10 meses do
ano passado e igual intervalo deste ano, com as vendas externas saindo de US$
2,241 bilhões para quase US$ 2,471 bilhões. Registrou-se, portanto, uma
variação de 10,23% nessa comparação, correspondendo a um acréscimo de US$ 229,324
milhões – o que explica quase todo o incremento registrado pelas exportações da
indústria neste ano (mais precisamente, a contribuição foi de 99,7%). Pouco
mais de dois terços do aumento geral das vendas externas da indústria vieram das
exportações de carne bovina congelada, que subiram de US$ 700,834 milhões para
US$ 850,083 milhões (mais US$ 149,249 milhões, numa elevação de 21,3%).

Balanço

·  
A
segunda maior contribuição veio dos embarques de açúcar, favorecidos pela maior
demanda global. As usinas goianas exportaram US$ 276,799 milhões ao longo dos
primeiros 10 meses deste ano, o que representou um avanço de quase 60,0% em
relação aos US$ 173,059 milhões exportados no mesmo período do ano passado.

·  
Mas
as exportações de farelo de soja sofreram baixa de 8,89% entre os dois períodos
analisados, caindo de US$ 644,267 milhões para US$ 587,015 milhões.

·  
As
exportações goianas de produtos primários da agropecuária, liderados pela soja
em grão, experimentaram alta de 38,06% em relação aos primeiros 10 meses do ano
passado, subindo de US$ 2,237 bilhões para US$ 3,089 bilhões, ou seja, um
acréscimo de US$ 851,441 milhões (o que explicou 81,88% do crescimento
registrado pelo total das exportações goianas).

·  
Como
o setor agropecuário importa muito pouco, algo em torno de US$ 11,947 milhões
nos primeiros 10 meses deste ano (em baixa de 6,50% em relação ao mesmo período
de 2019), o saldo comercial do setor atingiu expressivos US$ 3,077 bilhões
neste ano, próximo de 72,1% de todo o superávit estadual. Em relação ao ano
passado, o saldo da agropecuária aumentou 38,3%.

·  
A
contribuição do agronegócio continua sendo decisiva para o bom desempenho da
balança comercial do Estado. Neste caso, na classificação do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o agronegócio envolve todos os
produtos e bens de origem animal e vegetal, processados e não processados, o
que termina incluindo segmentos também da indústria de transformação (as usinas
de açúcar e frigoríficos, por exemplo, além das indústrias de papel e celulose,
óleo e farelo de soja).

·  
Entre
janeiro e outubro deste ano, as exportações do setor somaram US$ 5,579 bilhões,
ou seja, 80,0% de toda a venda externa goiana, o que se compara com US$ 4,492
bilhões no mesmo intervalo de 2019 (75,7% do total na época). Registrou-se alta
de 24,2%. As importações do agronegócio saltaram 57,2%, de US$ 63,986 milhões
para US$ 100,604 milhões. Assim, o saldo comercial do setor aumentou 23,73% na
mesma comparação, avançando de US$ 4,428 bilhões para praticamente US$ 5,479 bilhões,
mais do que compensando o déficit registrado pelo restante da economia.

·  
Os
demais setores da economia goiana reduziram suas exportações em 3,29% naquela
mesma comparação, de US$ 1,442 bilhão para US$ 1,395 bilhão. Mas reduziram
ainda mais as importações, que baixaram de US$ 2,935 bilhões para US$ 2,608
bilhões, num tombo de 11,12%. O saldo negativo, nesta área, apontou redução de
18,7%, baixando de US$ 1,493 bilhão para US$ 1,214 bilhão, em valores
aproximados.

 

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