Elysia Cardoso 

Notável e escura, a lágrima ácida é uma mancha localizada ao redor dos olhos dos animais. Ela se assemelha a uma remela que parece nunca sair, incomodando o animal. Conhecida cientificamente como cromodacriorréia, a doença é considerada mais complexa do que se imagina. O problema costuma ser sintoma de que algo está errado no organismo do animal.

Segundo profissionais, a acidez geralmente é associada a algo prejudicial e corrosivo. Devido a isso, é compreensível que muitos tutores se questionem se a lágrima de fato é ácida e pode ferir o pet. De acordo com o médico veterinário e especialista em oftalmologia Dr. Gilvan Rodrigues: “É um nome incorreto para a condição, pois existe uma substância na lágrima chamada lactoferrina. E quando essa substância entra em contato com o oxigênio ela se oxida e cria essa coloração marrom nos pelos. A cromodacriorreia não tem nenhuma relação com o ph da lágrima, que é neutro”.

Sendo assim, a lágrima de fato não é ácida, o termo é apenas um modo popular de se referir à doença. O que não significa que ela não seja prejudicial ao animal. Para Gilvan, são diversos os fatores que levam o animal a apresentar o lacrimejamento. “Normalmente os animais que possuem o nariz achatado apresentam esse tipo de condição. Além disso, alterações no sistema lacrimal, também causam a cromodacriorreia”, comenta o veterinário ao Essência.

Da mesma forma que a doença se desenvolve por vários motivos, o seu tratamento também é feito por diversos métodos. O médico conta que o primeiro passo para a cura é procurar uma ajuda profissional. “O ideal é que o animal faça uma avaliação com um veterinário, de preferência com um olftamologista. Para detectar a causa de lacrimejamento, pois isso pode se desenvolver por inúmeros fatores, como infecção e a própria genética do animal. E o tratamento em alguns casos necessita de intervenção cirúrgica, não existe um procedimento padrão. Sendo assim deve respeitar a singularidade de cada pet”, informa.

Alimentação

Uma alimentação saudável também pode ajudar o animal. O veterinário Jorge Morais, fundador da rede Animal Place, informa que: “Infelizmente não temos nenhum estudo científico sobre o assunto, mas existem alguns suplementos e rações específicas que têm a proposta de dificultar a proliferação das bactérias da lactoferrina. Observamos que, quando aliada às questões de higiene, esse tipo de alimento atua como coadjuvante no processo de redução das manchas”, finaliza Morais.

O mais aconselhável pelo especialista é mudar a alimentação do seu cachorro imediatamente. Quanto menos processamento, suplementos sintéticos, corantes e conservantes melhor. Neste caso é preferível uma alimentação natural de verdade, evitando petiscos como os compostos por milho, trigo e conservantes. Isso faz com que o organismo do seu pet não exerça um trabalho dobrado para processar os alimentos, facilitando a desintoxicação, expelindo as toxinas que causam problemas de saúde.

Raças mais afetadas

Um dos principais fatores que causam a cromodacriorreia, está diretamente relacionado com a raça do animal. Alguns cães produzem mais porfirina do que outros e assim têm mais coloração nas lágrimas. Esse fator é considerado como uma pré-disposição genética ou os níveis bacterianos inatos estão envolvidos, porque certas raças e linhagens podem ser mais propensas a manchas.

Segundo o veterinário Jorge Morais, os animais braquicefálicos como os gatos persas e os cães de raças como buldogues, pugs, poodles e shitzus, possuem tendência a desenvolver o problema, por conta da própria anatomia. “Eles possuem olhos mais protuberantes e, algumas vezes,têm inversões nas pálpebras”, salienta Morais.

Outra causa são os chamados cílios ectópicos, que são fora da forma ideal, estimulando a produção excessiva de lágrimas e, consequentemente, o seu extravasamento.