Música inédita de João Gilberto será lançada em projeto musical nesta quarta-feira

O álbum duplo João Gilberto ao Vivo no Sesc 1998 reúne 36 músicas e será disponibilizado com exclusividade e gratuitamente

Postado em: 05-04-2023 às 11h00
Por: Agência Brasil
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O álbum duplo João Gilberto ao Vivo no Sesc 1998 reúne 36 músicas e será disponibilizado com exclusividade e gratuitamente | Foto: Acervo Sesc Audiovisual

O projeto musical Relicário, de resgate dos áudios de shows históricos realizados em unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc) nas décadas de 1970, 1980 e 1990, estreia nesta quarta-feira (5), com gravação inédita de João Gilberto, de 1998, no Sesc Vila Mariana. O musical foi remasterizado e formatado como álbum digital. O álbum duplo João Gilberto ao Vivo no Sesc 1998 reúne 36 músicas e será disponibilizado com exclusividade e gratuitamente, a partir desta quarta-feira (5), na plataforma Sesc Digital. A capa do álbum é reprodução do grafite feito pelo artista visual Speto, em 2020, em homenagem a João Gilberto.

“A gente lança o single em todas as plataformas, já entra no Sesc Digital para ser ouvido na íntegra e, no dia 27, faz o lançamento em todas as outras plataformas e lança ele fisicamente também, em CD duplo”, informou à Agência Brasil o gerente do Centro de Produção Audiovisual do Serviço Social do Comércio (Sesc), Wagner Palazzi.

A novidade é que nessa gravação foi encontrada uma canção inédita, Rei sem Coroa, que João Gilberto cantava nos shows, mas nunca havia gravado, e que chega ao público agora, 25 anos depois da apresentação histórica na unidade do Sesc, em São Paulo. A faixa inédita também estará a partir de hoje nas principais plataformas de streaming (transmissão de conteúdos pela internet). A ideia da instituição, com o projeto Relicário, é tornar a riqueza desse acervo cada vez mais acessível ao público.

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A canção Rei sem Coroa é uma parceria dos compositores Herivelto Martins e Waldemar Ressurreição, inspirada na história do rei Carlos II, da Romênia, que foi morar no Copacabana Palace Hotel, no Rio de Janeiro, após ser forçado a abdicar de seu trono durante a Segunda Guerra Mundial.

Segundo Wagner Palazzi, há alguns anos, o Centro de Produção Audiovisual do Sesc tinha a ideia de criar um acervo audiovisual para reunir todos os registros guardados na instituição, de forma catalogada e de modo que pudessem ser consultados.

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Seleção

Rio de Janeiro (RJ) - Projeto Relicário - A capa do álbum reproduz grafite feito pelo artista visual Speto, em 2020, em homenagem a João Gilberto.  Foto: Divulgação/Acervo Sesc Audiovisual
Álbum duplo de João Gilberto abre projeto Relicário – Divulgação/Sesc Audiovisual

Uma primeira seleção envolveu 300 shows realizados nas unidades regionais do Sesc. O trabalho verificou a qualidade dos áudios, uma vez que o material é muito antigo, reunindo desde fita de rolo, cassete, fita DAT (digital audio tape). “A gente digitalizou todo esse material e começou o trabalho de ouvir isso”. Foi quando as pessoas lembraram do show de João Gilberto no Sesc Vila Mariana, em 1998. Para surpresa dos envolvidos, a fita tinha uma “qualidade incrível”, destacou Palazzi.

A decisão, então, foi abrir o projeto Relicário com o álbum duplo de João Gilberto, considerado “um dos grandes nomes da música popular brasileira, como Pixinguinha, Tom Jobim e outros”, afirmou o gerente do Centro de Produção Audiovisual. “A gente achou que seria importante começar com esse tesouro.” A faixa instrumental Um Abraço no Bonfá, homenagem ao violonista Luiz Bonfá (1922-2001), é a única música de autoria de João Gilberto interpretada na apresentação no Sesc Vila Mariana.

O lançamento do álbum duplo do cantor celebra os 25 anos da apresentação no local. 

Memória

Para preservar também a memória da instituição, o projeto Relicário incluiu, além das canções, textos, vídeos, fotografias e material iconográfico com folhetos, cartazes e notícias veiculadas na imprensa, à época, que o público poderá acessar também de forma gratuita no site sescsp.org.br/relicario.

“É uma pesquisa que a gente está fazendo, porque eu acho importante contextualizar. Com esse lançamento, a gente espera estar contribuindo, de alguma maneira, para a preservação da memória da música brasileira. E isso faz parte, não só ouvir, mas tudo que está envolvido ali no meio. Poder entender o que foi falado na época, poder ver. Por isso, são encomendados textos para situar a pessoa que ouvir o show.

Atualmente, o Sesc realiza cerca de 5 mil shows por ano em suas 44 unidades regionais. “Tem muita coisa gravada, que o artista autorizou”. O que dá mais trabalho é correr atrás dos direitos autorais, informou Wagner Palazzi. No caso do álbum de João Gilberto, disse que os três filhos do cantor (Bebel Gilberto, João Marcelo e Luísa) foram muito parceiros. “A Bebel acabou fazendo a supervisão artística de tudo.”

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