Como começar a ler os livros de Machado de Assis?
Comece pelos romances mais populares, pelos contos ou, simplesmente, pela ordem cronológica
Por: Maria Gabriela Pimenta

Parabéns a você que tomou a decisão de começar a ler os livros de Machado de Assis (1839 – 1908), um dos mais importantes escritores brasileiros. Por seu conteúdo complexo, prosa sofisticada, críticas sociais e análises psicológicas, ler Machado pode ser um desafio e tanto, mas é recompensador.
Aproveite as dicas desse post e comece a leitura como quiser! Caso você seja um leitor iniciante, comece pelos romances. Mas também é válido se aventurar pelos contos ou simplesmente ler Machado de Assis pela ordem cronológica, acompanhando a evolução do escritor!
Romances
1 – Dom Casmurro

Em Dom Casmurro, o narrador Bento Santiago retoma a infância que passou na Rua de Matacavalos e conta a história do amor e das desventuras que viveu com Capitu, uma das personagens mais enigmáticas e intrigantes da literatura brasileira. Nas páginas deste romance, encontra-se a versão de um homem perturbado pelo ciúme, que revela aos poucos sua psicologia complexa e enreda o leitor em sua narrativa ambígua acerca do acontecimento ou não do adultério da mulher com olhos de ressaca, uma das maiores polêmicas da literatura brasileira.
2 – Memórias Póstumas de Brás Cubas

Em 1881, Machado de Assis lançou aquele que seria um divisor de águas não só em sua obra, mas na literatura brasileira: Memórias póstumas de Brás Cubas. Ao mesmo tempo em que marca a fase mais madura do autor, o livro é considerado a transição do romantismo para o realismo.
Num primeiro momento, a prosa fragmentária e livre de Memórias Póstumas, misturando elegância e abuso, refinamento e humor negro, causou estranheza, inclusive entre a crítica. Com o tempo, no entanto, o defunto autor que dedica sua obra ao verme que primeiro roeu as frias carnes de seu cadáver tornou-se um dos personagens mais populares da nossa literatura. Sua história, uma celebração do nada que foi sua vida, foi transformada em filmes, peças e HQs, e teve incontáveis edições no Brasil e no mundo, conquistando admiradores que vão de Susan Sontag a Woody Allen.
3 – Quincas Borba

O romance retrata a ascensão social de Rubião que, após receber toda a herança do filósofo louco Quincas Borba, muda-se para a Corte no final do século XlX. Na viagem de trem rumo à capital, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, que percebe estar diante de um ingênuo – e agora rico – provinciano: impressão que também é compartilhada por todos os que estão ao seu redor. As desventuras de Rubião e sua relação com os amigos parasitários dão a tônica da obra, que critica o convívio social e os valores morais e éticos vigentes na época.
4 – Helena

O conselheiro Vale morreu às sete horas da noite de 25 de abril de 1859. Morreu de apoplexia fulminante, pouco depois de cochilar a sesta segundo costumava dizer , e quando se preparava a ir jogar a usual partida de voltarete. Este poderia ser mais um anúncio comum de obituário, mas para a jovem Helena foi um terremoto que assolou sua vida e mudou seu mundo. Narrado em terceira pessoa, este romance machadiano ambientado durante o século XIX traduz as surpresas e desgraças de um amor proibido.
Contos
5 – O Alienista

Um livro divertido, que traz o melhor da ironia machadiana.
O conto apresenta Simão Bacamarte, estudioso ilustrado, que, para aprender mais sobre a psiquiatria, convence a cidade de Itaguaí a fundar um hospício. Logo a instituição fica repleta de lunáticos locais e das vilas vizinhas. O cientista passa, então, a identificar a demência recôndita em cada cidadão de Itaguaí, encarcerando-os um a um no manicômio e levando o terror à cidade. O barbeiro Canjica arregimenta os insatisfeitos para derrubar o hospício da Casa Verde e se instauram a paranoia e a revolta no povoado, antes pacato.
6 – Missa do Galo

“Missa do Galo” é uma conto curto escrito por Machado de Assis e publicado originalmente em 1872. O enredo do conto gira em torno de um homem que vai à missa de Natal na igreja para ouvir a tradicional “Missa do Galo”. No entanto, ele não presta atenção à cerimônia e em vez disso, começa a pensar em sua vida e em suas preocupações.
O homem começa a imaginar a si mesmo como um galo que está sendo sacrificado e a igreja como um matadouro. Essa metáfora é usada para refletir sobre a ideia da morte e da vida eterna. No final, o homem é trazido de volta à realidade da missa e, com um sentimento renovado de esperança, sai da igreja com a intenção de mudar sua vida.
Em geral, “Missa do Galo” é vista como uma reflexão sobre a vida, a morte e a espiritualidade, e é uma obra clássica da literatura brasileira.
7 – Uns Braços

É considerado um dos contos mais populares de Machado de Assis. Inácio é um jovem de quinze anos que guarda paixão profunda por D. Severina, esposa do patrão, o solicitador Borges. Um misto de sensualidade, mistério e insinuação.
8 – Frei Simão

A história contada gira em torno de Simão, um homem de 38 anos, mas que aparentava 50, frade da ordem dos Beneditinos e que havia ingressado no convento ainda muito jovem. A razão de seu ingresso é a notícia da morte de Helena, sua prima órfã que havia sido criada com ele e por quem nutria um forte amor.
Ordem Cronológica
9 – Ressurreição (1872)

No Rio de Janeiro do século XIX, o Doutor Félix troca de amantes a cada seis meses (“os meus amores são todos semestrais; duram mais que as rosas, duram duas estações”) e rompe com a última delas, Cecília. Viana, seu amigo, apresenta-lhe a irmã Lívia, uma bela mulher, viúva há dois anos, mãe de um menino de cinco anos. Começam a se relacionar como amigos, mas ao fim de alguns encontros e de algumas valsas os dois se apaixonam.
De início vivem um amor discreto, oculto da sociedade. Porém, vários conflitos passam a ocorrer devido ao ciúme e desconfiança do protagonista. Depois de muitas idas e vindas, Felix acaba pedindo a viúva em casamento, mas volta atrás na véspera do matrimônio por causa de uma carta anônima com acusações falsas contra Lívia. Graças à intervenção do amigo Meneses, Félix se arrepende de seu gesto impensado e tenta se reconciliar, mas agora é Lívia quem não quer mais se casar com o médico desconfiado e instável.
10 – A Mão e a Luva (1874)

A trama se concentra em três personagens principais: Guiomar, Estêvão e Luís Alves. Guiomar é uma jovem bela, inteligente e ambiciosa, que busca ascender socialmente. Estêvão é um rapaz idealista, dedicado aos estudos e com ambições de carreira. Luís Alves, por sua vez, é um homem rico, de meia-idade, que busca um relacionamento sério.
Guiomar é cortejada por ambos os homens, mas está em busca de um casamento que lhe proporcione estabilidade financeira e uma posição social mais elevada. Ela tem que tomar decisões difíceis entre o amor verdadeiro representado por Estêvão e a segurança material representada por Luís Alves.
Machado de Assis utiliza a narrativa para explorar as motivações, desejos e dilemas enfrentados pelos personagens. O autor mergulha nas sutilezas dos relacionamentos amorosos e nas pressões sociais que influenciam as escolhas individuais. Ele examina a tensão entre o amor romântico e a ambição social, questionando a importância de cada uma dessas facetas da vida.
Helena (1876)
Está na primeira parte: “Romances”.
11 – Iaiá Garcia (1878)

“Iaiá Garcia” é um romance escrito por Machado de Assis e publicado pela primeira vez em 1878. A obra retrata a sociedade carioca do século XIX, explorando temas como amor, ambição, traição e ascensão social.
A história gira em torno de Iaiá Garcia, uma jovem órfã criada por seu pai, o viúvo Luís Garcia. Iaiá é uma personagem marcada pela sua personalidade forte e pela sua beleza, o que a torna alvo do interesse de diversos homens, incluindo Estevão, amigo de seu pai, e Jorge, um ambicioso advogado.
Enquanto Iaiá lida com as atenções indesejadas desses homens, ela também enfrenta conflitos internos e se vê dividida entre suas próprias ambições e a influência das pessoas ao seu redor. Além disso, o romance aborda questões sociais e raciais, mostrando as diferenças entre classes e as tensões presentes na sociedade da época.
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
Está na primeira parte: “Romances”.
12 – Casa Velha (1885)

A história de Casa Velha começa com um padre que pretende escrever uma obra sobre a formação do Primeiro Reinado no Brasil e, para isso, investiga a casa de um ex-ministro buscando documentos que seriam úteis para a sua pesquisa.
Durante esta investigação, o padre acaba se tornando íntimo da família e conhece Dona Antônia, proprietária da casa, e seu filho Félix. O padre também torna-se próximo de uma agregada da casa chamada Lalau, que seria sua possível paixão. Apesar disso, pela sua posição de religioso, ele reprime o que sente pela garota e tenta despertar o amor dela para Félix. Desta forma, os dois jovens acabam se apaixonando.
Quincas Borba (1891)
Está na primeira parte: “Romances”.
Dom Casmurro (1899)
Está na primeira parte: “Romances”.
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