Cientistas dos Estados Unidos e do Brasil se unem para combater avanço do Zika

Um dos objetivos dessa agenda, que envolve também cientistas de outros países, é desenvolver uma vacina destinada a evitar a infecção pelo Zika

Postado em: 10-02-2016 às 08h44
Por: Redação
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Um dos objetivos dessa agenda, que envolve também cientistas de outros países, é desenvolver uma vacina destinada a evitar a infecção pelo Zika

Os Estados Unidos estão ampliando uma agenda positiva de
colaboração com entidades científicas brasileiras com o objetivo de combater o
avanço do vírus Zika em todo o mundo, informou à Agência Brasil o Instituto
Norte-Americano de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid) – organização que
coordena pesquisas para combater doenças infecciosas, imunológicas e alérgicas.

O embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Luiz Alberto
Figueiredo Machado, informou que a cooperação entre instituições
norte-americanas e brasileiras de pesquisa já vinha ocorrendo para combater a
dengue. Segundo ele, a ampliação dessa cooperação, com o objetivo de incluir o
combate ao Zika, foi o assunto mencionado no telefonema da presidenta Dilma
Rousseff ao presidente Barack Obama, em 29 de janeiro último.  “O vírus Zika gerou uma crise [de saúde]
global e tem de ser atacado por todos os meios possíveis”, disse o embaixador.

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O governo norte-americano pediu autorização do Congresso
para a liberação de US$ 1,8 bilhão para combater o vírus Zika, Parte desse
dinheiro (US$ 41 milhões) será alocada pelo Departamento de Estado dos Estados
Unidos em outros países. Sobre o repasse ao Brasil, os recursos serão
transferidos para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que vai
aplicar o dinheiro na melhoria do diagnóstico do vírus, na implementação de
equipamentos de controle da doença e no treinamento dos profissionais que lidam
com as pessoas afetadas.

O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)
dos Estados Unidos, Tom Frieden, considera importante a aprovação desses
recursos emergenciais. No entanto, ele alerta para a necessidade de que sejam
adotados procedimentos práticos e imediatos: “Reduzir a ameaça do Zika não
vai ser rápido ou fácil”, disse Frieden. E acrescentou: “É muito
difícil para um país se livrar dos mosquitos que transmitem o vírus, e a
aparente conexão com microcefalia é sem precedentes”.

Segundo Frieden, “a prioridade agora é reduzir o risco para
as mulheres grávidas, para que possam proteger a sua saúde e a de seus
bebês”.

O Zika atualmente está circulando em cerca de 30 países,
especialmente na América Latina e no Caribe. A necessidade do desenvolvimento
da vacina contra o vírus foi mencionada também em uma declaração conjunta,
assinada por representantes do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Brasil, em Manaus, em dezembro de 2015.

Desde então, técnicos dos dois institutos vêm se reunindo
frequentemente com o objetivo de aprofundar as pesquisas sobre o tema, informou
o Niaid. As discussões entre as duas entidades ganharam relevância à medida
que, coincidentemente, a epidemia se espalhou no Brasil e em outros países – no
início deste ano.

A colaboração entre autoridades norte-americanas e
cientistas brasileiros não se resume ao Instituto Fiocruz. Segundo o Niaid, o
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o CNPq, o Instituto Butantã e
várias universidades brasileiras vêm mantendo colaboração, em diversos níveis,
com entidades de saúde norte-americanas visando a combater a doença.

Na etapa atual, anterior à aprovação dos recursos
emergenciais para combater a epidemia da doença, solicitada pelo presidente
Barack Obama, o orçamento para as pesquisas sobre o Zika e outros vírus
similares corresponde a US$ 100 milhões. De acordo com o Niaid, trata-se de um
orçamento “limitado” devido ao fato de o Zika ser um fenômeno emergente, que
ganhou contornos de preocupação mundial nos últimos meses.

Em 2015, o Niaid disponibilizou US$ 17 milhões para apoiar
os cientistas brasileiros em projetos colaborativos de pesquisas na área de
doenças infecciosas. Com o alastramento do vírus Zika, porém, os cientistas
brasileiros podem tentar se associar a outros projetos. O Instituto Nacional de
Saúde dos Estados Unidos (NIH), por exemplo, acaba de anunciar que vai incluir,
entre suas prioridades, o financiamento para investigar como a infecção pelo
vírus Zika pode afetar a reprodução, a gestação e o desenvolvimento do feto.

O NIH é uma agência de pesquisa médica que engloba 27
institutos e centros de saúde em território norte-americano.

Uma das prioridades do programa é estabelecer de forma
conclusiva o papel que o vírus Zika desempenha no aumento dos casos de
microcefalia. No Brasil, mais de 4 mil casos de microcefalia foram registrados
desde outubro de 2015. Em 2014, houve apenas 147 casos conhecidos da doença.
Além disso, os cientistas querem saber se há outros fatores que provocam a
microcefalia.

O programa vai analisar também se o Zika pode ser
sexualmente transmissível. A investigação permitirá saber se os governos devem
adotar políticas para evitar a propagação do vírus por meio do sexo. Além
disso, os estudos podem indicar se o Zika representa perigo para a fertilização
in vitro e outras técnicas de reprodução assistida.

Vacina

Ainda serão necessários “vários anos” de pesquisa até que
seja possível aplicar a vacina contra o vírus, inormou o Niaid. Antes de a
vacina ser disponibilizada no mercado, os cientistas precisam superar várias
barreiras regulamentares, inclusive os testes para avaliar se a dose é segura e
eficaz.

No
entanto, o que anima os cientistas é que já existe uma plataforma de vacina
para uma família de vírus, que inclui o Zika. Essa plataforma está sendo usada
pelas pesquisas americanas como ponto de partida para desenvolver a vacina
contra o Zika. 

(Agência Brasil) (Cristine Rochol/ PMPA Fotos Públicas)

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