Presidente mexicano cancela visita aos EUA

Enrique Peña Nieto anuncia que não vai mais se encontrar com Donald Trump

Postado em: 27-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Enrique Peña Nieto anuncia que não vai mais se encontrar com Donald Trump

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, anunciou ontem (26) que cancelou sua viagem a Washington para se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Anteontem (25), Trump assinou ordem executiva determinando a construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México. “Esta manhã informamos à Casa Branca que eu não vou assistir à reunião marcada para a próxima terça-feira [31 de janeiro] com o presidente dos Estados Unidos”, escreveu Peña Nieto no Twitter. O presidente mexicano, no entanto, manifestou interesse na cooperação com os Estados Unidos “O México reitera sua vontade de trabalhar com os Estados Unidos para alcançar acordos em favor de ambas nações”.

A decisão ocorre pouco mais de um dia depois que Peña Nieto criticou, em uma entrevista, a ordem executiva de Donald Trump autorizando a construção do muro. O mexicano lamentou a decisão de Trump de construir o muro da fronteira e insistiu mais uma vez que o México não pagará por isso. “Eu disse uma e outra vez, o México não vai pagar por nenhum muro”, disse.

Antes do anúncio de Peña Nieto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também ameaçou cancelar a reunião, em duas mensagens no Twitter. Na primeira, ele escreveu: “Se o México não está disposto a pagar pelo muro tão necessário, então seria melhor cancelar a próxima reunião”. Na segunda mensagem, Trump criticou o Tratado de Livre Comércio do Atlântico Norte (Nafta, na sigla em ingês), do qual o México e o Canadá fazem parte, como um “acordo comercial unilateral”, ou seja, para ele, os Estados Unidos não têm benefícios com esse acordo.

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Crítica

Em mensagem divulgada em rede nacional logo após Trump assinar o decreto que autoriza a construção do muro – uma das promessas de campanha mais controversas do magnata republicano –, Peña Nieto exigiu “respeito” dos Estados Unidos (EUA) com o México, “uma nação soberana”.

“Lamento a decisão dos Estados Unidos de continuar a construção de um muro que, em vez de nos unir, divide”, afirmou o mexicano, criticando o presidente norte-americano. “O México não acredita em muros, disse isso mais de uma vez. O México não pagará por nenhum muro”, rebateu Peña Nieto. O presidente mexicano também anunciou que “analisará os próximos passos que tomará”, baseando-se no resultado de reuniões de alto nível que devem ocorrer nos próximos dias em Washington com representantes dos dois governos.

O presidente tomou posse no último dia 20 de janeiro, após vencer as eleições de novembro contra a candidata democrata, Hillary Clinton. Durante toda a campanha eleitoral, ele prometeu construir um muro na fronteira com o México e endurecer as leis imigratórias nos EUA. Segundo analistas, o muro tem custo estimado em US$ 12 bilhões.

Trump já ameaçou confiscar remessas de mexicanos que vivem nos EUA, caso o país vizinho se nege a pagar pela obra. O muro teria 3.200 quilômetros (km) de extensão, sendo que 1.046 km seriam cobertos por cercas. A barreira passaria por Matamoros, Ciudad Juarez, El Paso e Tijuana. 

Congresso

O presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, e o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, disseram ontem que o Congresso dos Estados Unidos vai levar à frente os planos para levantar recursos para construir o muro na  fronteira entre o México e os Estados Unidos. Ele acredita que o projeto ficará entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões. “Pretendemos, nós mesmos, discutir a questão do muro e deixar o presidente [Trump livre] para lidar com as relações com outros países sobre esta questão”, disse McConnell. (Agência Brasil) 

Cerca de 11 mi vivem ilegalmente no país 

A ordem de execução, assinada na última quarta-feira (25) pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para a conclusão de um muro que separe completamente a fronteira dos Estados Unidos (EUA) e do México repercutiu no mundo inteiro. A Agência Brasil apurou números sobre os imigrantes que vivem nos Estados Unidos sem documentação. Aproximadamente 11 milhões de pessoas de diferentes nacionalidades moram no país sem permissão legal.

Apesar da emblemática e famosa travessia terrestre pela fronteira entre os Estados Unidos e o México, mais da metade dos imigrantes sem documentação que vivem nos Estados Unidos entram por via aérea, geralmente com visto de turista. Depois de vencer o prazo de permanência no país, eles não retornam ao país de origem.

A estimativa do governo norte-americano é de que dos 11 milhões de pessoas sem documentação, pelo menos 6 milhões cheguem com visto pelos aeroportos. Nessa categoria se enquadra a maioria dos brasileiros que vivem nos EUA sem visto de permanência. Entram com visto de turista e não regressam dentro do prazo estipulado (em geral, seis meses).

Corredor perigoso

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), cerca de 6% dos imigrantes no mundo passam pela fronteira dos Estados Unidos com o México.

O governo mexicano estima que cerca de 160 mil pessoas atravessem a fronteira terrestre entre os dois países a cada ano. Mas a maioria dos que cruzam a fronteira não são de nacionalidade mexicana.

O corredor México-Estados Unidos é usado por pessoas que tentam imigrar de vários países, da América Central e também de pessoas de outros continentes que chegam legalmente ao México.

Depois dos atentados nas torres gêmeas em Nova York, em 2001, a fiscalização aumentou muito na região, mas ainda há pessoas que conseguem atravessar. A travessia é extremamente perigosa e cara. Os coiotes trabalham em conjunto com os cartéis do tráfico de drogas.

A Agência Brasil apurou, com a comunidade de imigrantes sem documentação que vivem em Atlanta, que o custo médio cobrado pela travessia varia, mas um imigrante pode pagar entre US$ 6 mil e US$ 10 mil para ser “guiado” entre a fronteira pelos coiotes. (Abr) 

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