Relatório revela aumento da pobreza na Alemanha

O coordenador do projeto, Christian Woltering, disse que mudanças na política tributária levaram ao crescimento da desigualdade

Postado em: 07-03-2017 às 08h00
Por: Renato
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O coordenador do projeto, Christian Woltering, disse que mudanças na política tributária levaram ao crescimento da desigualdade

A taxa de pobreza na Alemanha foi recorde, de 15,7%, após a
reunificação em 1990, contra 14,7% há uma década, mostra o relatório Evolução
da Pobreza na Alemanha de 2017, coordenado pela organização não governamental
(ONG) Associação para a Igualdade. O relatório define a pobreza, em termos
relativos, como famílias com menos de 60% da renda média de todas as famílias.

Christian Woltering, que coordenou o projeto, disse que as causas são várias, mas que mudanças na política
tributária nos últimos 20 anos levaram à crescente desigualdade.

“Os salários são tributados mais pesadamente do que o
capital,” disse Woltering. “Há menos impostos sobre a riqueza, por
exemplo; o imposto sobre herança é muito baixo e a segurança social tem sido
reduzida.”

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O relatório diz que o crescimento econômico na Alemanha não
reduziu a pobreza que, na verdade, aumentou, enquanto o Produto Interno Bruto
(PIB) aumentou de 2,3 trilhões de euros (US$ 2,4 trilhões) em 2005 para 3
trilhões de euros (US$ 3,1 trilhões) em 2016.

A Alemanha teve reformas significativas no mercado de
trabalho, começando com as reformas Harz da Agenda 2010, na época doo chanceler
Gerhard Schroeder, e continuando na mesma direção com a chanceler Angela
Merkel.

As reformas foram destinadas a enfrentar a falta de
competitividade do país e tiveram sucesso, já que a produtividade tem superado
o crescimento dos salários reais há mais de 20 anos.

No entanto, o relatório mostra que apenas os 10% mais ricos
estão se beneficiando dessas mudanças. Os 30% a 40% mais pobres não recebem
quase nada do crescimento econômico gerado.

Além disso, as mudanças na política de emprego têm resultado
em mais pessoas trabalhando em tempo parcial ou em empregos com salários
baixos, criando lacunas e reduzindo os direitos de aposentadoria, disse
Woltering. “Devido a mudanças como essas, o risco de pobreza dos
aposentados aumentou 50% ao longo de 10 anos.”

A melhoria da competitividade da Alemanha também tem um
preço social, lembrou Woltering. “Observamos um claro aumento da pobreza
na Alemanha em dez anos, o que deve preocupar a todos nós, incluindo o
governo.”

Em resposta a críticas de que a pobreza absoluta, e não a
pobreza relativa, é a questão-chave a ser considerada, Woltering explicou que
“em uma sociedade rica como a Alemanha, a pobreza deve ser definida em
termos relativos. A pobreza não começa com os sem-teto, começa quando obriga a
pessoa a se retirar da sociedade e a ser incapaz de participar dela de forma
significativa.

Foto: (Reprodução)

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