ONU alerta sobre risco de escalada após ataque

Secretário-geral diz que acompanha as informações sobre o bombardeio executado pelos EUA contra a Síria com “grave preocupação”

Postado em: 08-04-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Secretário-geral diz que acompanha as informações sobre o bombardeio executado pelos EUA contra a Síria com “grave preocupação”

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou na última sexta-feira (7) sobre o risco de uma “escalada” após o ataque lançado pelos Estados Unidos contra uma base aérea síria e pediu que se contenham os ânimos para evitar uma piora da situação. As informações são da Agência EFE. “Consciente do risco de uma escalada, peço contenção para evitar qualquer ato que possa aprofundar o sofrimento dos sírios”, disse Guterres em um comunicado.

Ele informou que acompanhou as informações sobre o bombardeio executado pelos Estados Unidos (EUA) contra a Base Aérea de Shayrat e manifestou “grave preocupação” pela situação na Síria.

Guterres reiterou que condena o ataque químico desta semana na cidade de Khan Sheikhoun e ressaltou que deve haver prestação de contas por esses crimes. Ao mesmo tempo, insistiu que a guerra na Síria só pode ser resolvida pela via política. “Estes fatos reforçam minha crença de que não há outra forma de resolver o conflito a não ser através de uma solução política. Convoco as partes a renovarem urgentemente seu compromisso para avançar nas negociações de Genebra”, disse ele, em referência ao diálogo mediado pela ONU entre o governo e a oposição síria.

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O secretário-geral das Nações Unidas pediu que o Conselho de Segurança exerça sua responsabilidade de manter a paz e a segurança internacional. “Durante muito tempo a legislação internacional foi ignorada no conflito sírio, e é nossa responsabilidade comum defender os padrões internacionais de humanidade. Este é um requisito prévio para acabar com o sofrimento constante do povo da Síria”, disse. O Conselho de Segurança da ONU se reuniu na sexta-feira (07) para analisar a ação americana na Síria, que a Rússia considerou uma “agressão” a um Estado soberano.

84 mortos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou, na última sexta-feira (7), que 84 pessoas morreram e 546 ficaram feridas, após o suposto ataque químico na terça-feira (4), na cidade síria de Khan Sheikhoun, na província de Idlib. A informação é da Agência EFE.

O porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Christophe Boulierac, informou há pelo menos 27 crianças entre os mortos.

Dos feridos, 74 foram transferidos para a Turquia, entre os quais 34 mostraram “sintomas compatíveis com os da exposição a componentes químicos tóxicos, foram tratados de ferimentos e outras doenças”,  disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.

Uma pessoa morreu e outra encontra-se em estado grave, mas a maioria dos pacientes está bem e pode receber alta, acrescentou.

Jasarevic disse que a OMS trabalha com seus parceiros na província de Idlib para fornecer os remédios necessários, revisar as necessidades sanitárias e assegurar que a equipe médica tenha os conhecimentos e os equipamentos para responder a um ataque desse tipo.

Tanto a OMS quanto o Unicef trabalham para levar medicamentos à região, especificamente atropina, um agente anticolinérgico que pode combater efeitos de intoxicação química. 

A OMS esclareceu que não desempenhou “absolutamente nenhum papel nas autópsias feitas por legistas turcos, nem recolheu amostras ou participou de análises”. Havia, sim, um membro da OMS presente durante esses trabalhos porque estava na região para visitar hospitais, avaliar as necessidades e verificar o número de pacientes e o número de mortos e feridos.

Por isso, a OMS não pode confirmar se foi usado gás sarin no ataque, como acusam vários países que responsabilizam o Exército sírio, acrescentou o porta-voz.

Pentágono investiga a participação russa 

O Pentágono investiga a possibilidade de a Rússia saber ou ter sido cúmplice do ataque químico na cidade de Khan Sheikhun (Síria), que acabou com a vida de mais de 80 civis, indicou na última sexta-feira um porta-voz à CNN. As informações são da agência de notícias EFE.

Segundo o porta-voz do Pentágono, os Estados Unidos tentam determinar se um caça russo bombardeou um hospital para onde foram levadas vítimas do ataque químico cinco horas depois desse fato com a intenção de eliminar provas.

Os EUA querem saber se a Rússia sabia do ataque químico antes de ocorrer, devido à coincidência desse ataque no centro hospitalar da província de Idlib.

O Pentágono apresentou na última sexta-feira uma análise que, na sua opinião, mostra a rota seguida por um avião sírio responsável pelo ataque químico sobre a cidade de Khan Sheikhun que decolou da base aérea de Shayrat, bombardeada na quinta-feira (6) durante a noite por mísseis americanos. 

Além disso, assegura que o avião estava na zona onde aconteceu o ataque químico na hora do fato.

Tropas russas de uma unidade de helicópteros operavam desde o aeroporto de Shayrat, por isso poderiam saber que a aviação síria do líder Bashar Al Assad tinha planejado este ataque químico.

O Pentágono também quer conhecer a capacidade do programa químico da Síria, que em 2013 se comprometeu a entregar todo seu arsenal químico à Rússia, para que este país o transferisse aos americanos para sua destruição, terminada supostamente em 2014. (Agência Brasil) 

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