Cientistas conseguem definir fatores genéticos que aumentam risco da Covid-19

Segundo o estudo, os pacientes mais afetados foram do sexo masculino, acima do peso e mais velhos.

Postado em: 08-07-2021 às 16h03
Por: Alice Orth
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Segundo o estudo, os pacientes mais afetados foram do sexo masculino, acima do peso e mais velhos. | Foto: Reprodução

Pela primeira vez desde o início da pandemia, cientistas conseguiram montar uma colaboração entre estudos realizados sobre a Covid-19 e definir principais fatores genéticos que podem aumentar o risco de contrair o vírus e de desenvolver um quadro grave da doença. O resultado da pesquisa foi publicado na revista científica Nature nesta quinta-feira (08/07).

Foram analisados os dados de 46 estudos de 19 países, feitos por 3.300 pesquisadores e informações de 49 mil pessoas. Mapeando o genoma dos casos de infecção, foi possível encontrar 13 regiões do DNA humano, em oito cromossomos, que influenciam a chance contrair ou morrer de coronavírus.

Entre os fatores detectáveis, estão doenças cardiovasculares e hipertensão. Os pacientes mais afetados foram do sexo masculino, acima do peso e mais velhos. No caso de pessoas sem comorbidades ou causas mais evidentes, o problema está em mutações específicas na área dos cromossomos 3, 6, 8, 9, 12, 17, 19 e 21.

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Mark Daly, do Instituto Broad, um dos cientistas que realizou a pesquisa, afirmou que “a maior importância da pesquisa é mostrar que existe um mecanismo genético e que ele fará diferença no curso da doença”. Segundo ele, “não sabemos quais são os genes envolvidos, mas já podemos afirmar que existem pessoas geneticamente mais suscetíveis. E essa suscetibilidade pode não ser evidente, a não ser que a pessoa seja exposta ao coronavírus”.

Daly lembrou que, mais do que a biologia, o que determina o contágio ou não são os cuidados tomados pelo indivíduo. “Se você não se expor, não vai contrair o coronavírus, mesmo que seja geneticamente mais suscetível. Você não ficará doente ao se proteger. Mais do que a genética, o comportamento é determinante. E existe uma forma universal de prevenção, a vacina”, disse.

O pesquisador Hamdi Mbarek, gerente de pesquisa do Programa Genoma do Qatar (QGP, na sigla em inglês), explica que a identificação desses genes podem levar ao desenvolvimento de medicamentos mais específicos, somando-se à vacina. “Quanto mais entendemos o Covid-19, melhor ficamos em tratar e lidar com a doença. Baseados nesses resultados, os testes genéticos estão sendo produzidos para prever o caminho da doença, potenciais tratamentos direcionados, e uso de medicamentos para candidatos estão sendo avaliados.

O Brasil participou com o estudo Determinantes Genéticos de Complicações da Covid-19 na População Brasileira, desenvolvido no Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (USP).

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