Conheça a empresa lançada por Trump com parceria de investidora de deputado brasileiro

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (republicano), anunciou um acordo para lançar uma companhia midiática e sua própria rede social, a nomeada Truth Social (na tradução para o português, Verdade Social). O anúncio foi feito na noite da última quarta-feira (20/10) e o objetivo é reinserir o republicano na esfera virtual, uma vez que tem planos de retornar à vida política, mas está praticamente ausente do mundo digital.

A ausência do ex-presidente se deu após a suspensão do Twitter e do Facebook devido à incitação do Capitólio, no dia 6 de janeiro de 2021.

Trump disse em comunicado que reuniu investidores suficientes para lançar o Trump Media & Technology Group (em português, Grupo Trump de Mídia e Tecnologia). A parceira do ex-presidente na empreitada, a empresa Digital World Acquisition, tem como diretor financeiro o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP). O deputado é aliado do atual presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo nota do estadunidense, o objetivo é “criar um rival para o consórcio da imprensa de esquerda e lutar contra as companhias Big Tech do Vale do Silício, que usam seu poder unilateral para silenciar vozes opositoras nos Estados Unidos”. Entretanto, o acordo ainda precisa ser aprovado por autoridades regulatórias.

Após uma fracassada cruzada para reverter o voto popular, Trump deixou a Casa Branca, mas se mantém ativo na mídia conservadora. Afastado das redes sociais que o elegeram à presidência em 2016, servindo como megafone e o permitindo dominar o ciclo de notícias, ele tem tido dificuldades para conseguir audiência mais ampla. No início do mês, ele abriu um processo contra o Twitter para reativar a conta.

A expectativa do republicano é que a Truth Social esteja no ar logo no primeiro trimestre de 2022, para ter tempo de fazer sua campanha para as eleições legislativas de novembro. Nas eleições, no Partido Republicano, o ex-presidente permanece com grande influência e o partido pretende retomar o controle da Câmara e do Senado.

Entretanto, o anúncio foi vago, sendo insuficiente em detalhes. Foi apontado para um novo aplicativo em pré-venda para aparelhos da Apple, ilustrações que remetem ao Twitter e os valores de veracidade não podem ser confirmados.

Digital World Acquisition

A Digital World Acquisition é uma empresa de aquisição de propósito específico criada em Miami, um mês após Trump perder as eleições de 2020. Companhias desse tipo são utilizadas para levantar capital por meio de oferta pública inicial, com objetivo de comprar outras empresas e é popularmente conhecida como empresas “cheque em branco”, regulamentadas nos Estados Unidos.

No meio do ano, a empresa entrou com pedido de oferta pública e vendeu as primeiras ações em setembro, levantando aproximadamente US$ 238 milhões. Além disso, US$ 11 milhões foram arrecadados com a venda de ações para investidores por meio de oferta privada.

Ao colocar as ações à venda, a companhia não revelou quantas e quais empresas planejava comprar. Segundo o The New York Times, ao menos um dos investidores não sabia que Trump seria parceiro de negócios, sendo esta a Saba Capital Management. O site da empresa diz apenas que o objetivo era se juntar a uma companhia de tecnologia de ponta.

O nome do deputado brasileiro, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, aparece em vários documentos e listagem da empresa. O deputado disse à coluna Broadcast do jornal Estado de São Paulo, em julho, que seu envolvimento não impactará o seu mandato, afastando risco de potenciais conflitos de interesse.

Antes de ingressar na vida política, o deputado teve carreira no mercado financeiro. Luiz Philippe afirmou ainda ser um investidor tendo suas próprias atividades. “muitos deputados têm suas próprias atividades. Eu sou investidor”.

Problemas com a mídia

Mesmo após meses de ser banido das redes sociais, Trump insiste no argumento de ter sido vítima de fraudes nunca provadas no pleito do ano passado, além de acusar a imprensa tradicional de publicar notícias falsas para prejudicá-lo. “Nós vivemos em um mundo no qual o Talibã tem uma forte presença no Twitter, mas o seu presidente americano favorito foi silenciado”, disse no comunicado divulgado ao anunciar o acordo.

Além disso, o ex-presidente criticou uma pesquisa divulgada recentemente pelo YouGov. Nesta ele aparece em vigésimo lugar na lista de ex-presidentes americanos mais populares e, segundo Trump, isso é “inaceitável”.

Um levantamento do jornal Washington Post aponta que as menções à Trump caíram 95% entre janeiro e o início de junho deste ano no Facebook, no Twitter, Reddit e no Pinterest. O republicano lançou um blog no início de março, porém foi encerrado semanas depois por baixa popularidade.