Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Estudo aponta que Ômicron se multiplica 70 vezes mais rápido em tecidos de vias aéreas que a Delta

Estudo formal das descobertas segue sob revisão por pares para publicação e não foi divulgado pela equipe de pesquisa

Postado em: 16-12-2021 às 15h56
Por: Maria Paula Borges
Imagem Ilustrando a Notícia: Estudo aponta que Ômicron se multiplica 70 vezes mais rápido em tecidos de vias aéreas que a Delta
Estudo formal das descobertas segue sob revisão por pares para publicação e não foi divulgado pela equipe de pesquisa | Foto: Universidade de Hong Kong

Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong, na última quarta-feira (15/12), aponta que grandes diferenças na eficiência com que a variante Ômicron e outras variantes da Covid-19 se multiplicam podem ajudar a prever os efeitos da nova variante. Foi analisada a capacidade de multiplicação do vírus em diferentes tecidos do corpo humano.

Segundo os pesquisadores, em relação a variante Delta, a Ômicron se multiplica nos tecidos das vias aéreas 70 vezes mais rapidamente, podendo assim facilitar a propagação de pessoa para pessoa. Já ao analisar a versão original do coronavírus, nos tecidos pulmonares, a Ômicron se reproduz 10 vezes mais lentamente, podendo contribuir para doenças menos graves.

Entretanto, de acordo com Michael Chan Chi-wai, principal autor do estudo, a gravidade da doença não é determinada apenas pela replicação. “É importante notar que a gravidade da doença em humanos não é determinada apenas pela replicação do vírus, mas também pela resposta imune do hospedeiro à infecção, que pode levar à desregulação do sistema imunológico inato, ou seja, à tempestade de citocina”, disse.

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Além disso, Chan afirmou que, ao infectar mais pessoas, o vírus pode causar doenças mais graves. “Ao infectar muito mais pessoas, um vírus muito infeccioso pode causar doenças mais graves e morte, mesmo que o próprio vírus possa ser menos patogênico. Portanto, levando em consideração nossos estudos recentes que mostram que a variante Ômicron pode escapar parcialmente da imunidade de vacinas e infecções passadas, a ameaça geral da variante Ômicron provavelmente será muito significativa”.

Um estudo formal das descobertas segue sob revisão por pares para publicação e não foi divulgado pela equipe de pesquisa.

Ligação da variante às células

De acordo com os pesquisadores do estudo, um modelo estrutural de como a variante Ômicron se liga às células e anticorpos lança luz sobre seu comportamento e ajudará a projetar anticorpos neutralizantes. Ao utilizarem modelos computadorizados da proteína spike na superfície da variante, analisaram as interações moleculares que ocorrem quando a proteína se agarra a ACE2, proteína que serve como “porta de entrada” do vírus na célula.

Segundo Joseph Lubin, da Universidade Rutgers, em Nova Jersey, o enlace entre o vírus original e a ACE2 “parece um casal de mãos dadas com os dedos entrelaçados”. A anatomia da junção ajuda a explicar como as mutações da Ômicron cooperam para infectar as células.

“Embora nossas previsões de estrutura molecular não sejam de forma alguma uma palavra final sobre a Ômicron, (esperamos) que elas permitam uma resposta mais rápida e eficaz da comunidade global”, afirma Lubin.

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